Tornar o design acessível: “Quero ajudar mais pessoas a viver bem a casa”
O design de interiores é um mundo sem fim. E transformar a casa pode ser uma tarefa verdadeiramente assustadora. Ou porque falta inspiração e ideias, ou porque o orçamento é apertado e não se sabe por onde começar. E foi a pensar nisso que Joana Laranjeira, arquiteta, designer de interiores e cofundadora da empresa ÓdaJoana, decidiu criar um serviço de design acessível para chegar a mais famílias, além de vários conteúdos educativos, que partilha nas redes sociais, para quem deseja dar os primeiros passos na decoração ou remodelação da casa. “O meu objetivo sempre foi a partilha para facilitar o processo de tornar um espaço numa casa”, conta em entrevista ao idealista/news.
Joana gosta de “desenhar interiores para pessoas sem modelos que servem a todos” e o seu atelier é uma espécie de condomínio. Dele faz parte uma comunidade que apelida carinhosamente de “vizinhos e vizinhas” que partilham uma vontade comum: a de aprender a cuidar (mais) e melhor dos espaços. E é por isso que continua a investir na partilha de guias e dicas simples, mas que podem fazer a diferença.
A arquiteta do ÓdaJoana considera que a era do ‘mainstream’ e das “casas catálogo” acabou. Há cada vez mais uma tendência para a mistura de estilos. “Somos distintos e complexos, porque razão as nossas casas devem ser idênticas?”, argumenta. Joana acredita que “todos temos direito a ter uma casa que nos seja especial”, e é para isso que trabalha todos os dias, garante.
E é também por isso que o atelier disponibiliza workshops, cursos e a agora serviços rápidos que permitem chegar a mais pessoas que, por diferentes razões, “podem não ter capacidade para chegar a um projeto de interiores”. Nesta entrevista, realizada por escrito, Joana explica como surgiu a ideia de criar o atelier e como procura ensinar os outros a dar os primeiros passos na decoração da casa.
design de interiores
Joana Laranjeira, cofundadora da empresa ÓdaJoana
Estudou arquitetura e fez especialização em reabilitação e design de interiores. O que é que a apaixona neste mundo?
O poder detalhar os espaços em que vivemos à medida da nossa necessidade, viver num espaço que foi pensado para nós, para as nossas rotinas, transforma a forma como vivemos e isso deveria ser algo que todos deveríamos sentir.
Como e quando surgiu a ideia de criar o Atelier do Ó?
Sempre existiu uma vontade de ter o meu próprio negócio, não sabia como se ia formalizar, mas sabia que era importante poder ter este poder criativo e decisivo da forma em que entrego o meu trabalho. E foi surgindo naturalmente.
decoração de interiores
Créditos: ÓdaJoana
Está focada em desenhar “interiores para pessoas e não um modelo que serve a todos”. O que é que isso quer dizer?
Somos todos tão distintos e complexos, por que razão as nossas casas devem ser idênticas? Standard? Não faz sentido. Temos rotinas, necessidades, vontades e interesses completamente diferentes, as nossas casas devem acompanhar tudo isso.
Vivemos na era do ‘mainstream’ e das “casas de catálago”? Ou pelo contrário, cada vez mais de uma mistura de estilos?
Cada vez mais uma mistura de estilos. Espero eu. Só aí encontramos o nosso próprio estilo.
Que tipo de projetos de decoração e design de interiores são mais requisitados atualmente?
Os serviços rápidos começam a ganhar mais palco, por serem uma solução mais imediata, mas o projeto completo acaba por ter um acompanhamento entre nós e o cliente muito especial e é sem dúvida o nosso serviço mais requisitado. Recebemos muitos pedidos de pessoas que vivem na mesma casa há muitos anos, ou casas ainda em desenvolvimento onde querem desde início deixar tudo a seu gosto.
decoração de interiores
Créditos: ÓdaJoana
Acredita que o design de interiores pode ter um impacto emocionalmente positivo na vida das pessoas? Se sim, em que medida?
Está provado que a forma como nos sentimos em casa afeta diretamente várias áreas da vida, a forma como descansamos, como nos preparamos para enfrentar tudo o resto “lá fora”. É decisivo para a pessoa que somos, como nos relacionamos, como trabalhamos. Se nos sentirmos bem em casa, se conseguirmos descansar, ser criativos, sentir inspiração para trabalhar de casa, tudo isso só nos melhora como pessoas. Afeta diretamente a rotina familiar e a forma como nos relacionamos em família também.
A Joana acredita que “todos temos direito a ter uma casa que seja especial”. Foi (também) por isso que decidiu criar serviços mais acessíveis? Para chegar a mais gente? Que feedback tem recebido desde então?
Exato, o esforço para chegar a todos os níveis de investimento tem sido enorme. Não é fácil, somos uma pequena empresa com todos os desafios que isso nos traz, mas começámos com partilhas gratuitas, e não queríamos de todo deixar de as fazer. Os projetos foram evoluindo, os serviços foram ficando cada vez melhores e mais completos, a equipa cresceu, as ferramentas também, tudo isso aumenta a qualidade e o valor do serviço entregue.
E daí surgiu uma necessidade grande de desenvolver os nossos serviços rápidos. O feedback tem sido incrível. De uma forma pessoal, rápida e económica conseguimos ajudar várias famílias que não teriam capacidade para chegar a um projeto de interiores. São serviços que entregamos com a mesma dedicação e profissionalismo.
decoração de interiores
Créditos: ÓdaJoana
Que tipo de serviços são estes? Como funcionam, na prática?
São serviços rápidos de interiores, 100% online, pedidos através do nosso website, em que o cliente recebe automaticamente um questionário que nos vai ajudar a perceber qual é o desafio, e em três níveis diferentes de ajuda/investimento ter do nosso lado as respostas para esse desafio.
Ensina os outros a dar os primeiros passos na decoração da casa. Como surgiu a ideia de criar o curso de decoração “Decora tu mesmo”?
Com o intuito de entrar ainda em mais casas e transformar a vida de mais famílias. Começámos numa ótica do faça você mesmo a ensinar e partilhar ferramentas com todos os que quisessem aprender, crescemos bastante e acabamos por não conseguir chegar a todos os lados. O curso veio ajudar a concentrar essa informação e difundir de uma forma muito gira para um grupo de pessoas interessadas em aprender. Vamos para a terceira turma e temos duas turmas bastante satisfeitas com um sentimento de que são capazes de mudar a forma como vivem as suas casas.
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Créditos: ÓdaJoana
Criou uma comunidade de “vizinhos e vizinhas” no instagram, por exemplo. Qual a importância das redes sociais como ferramenta de trabalho?
Para mim, hoje em dia, e na forma como me vejo a trabalhar, as redes são indispensáveis. Haver uma ligação entre a comunidade, uma transparência, uma conexão rápida, que me dá a conhecer como pessoa, a forma como trabalho... Os resultados acabam por facilitar muito o nosso trabalho. Sendo também algo que gosto genuinamente de fazer, conectar-me com pessoas, ensinar de uma forma gratuita simples e prática.