Costa desvaloriza voto contra de Itália na sua nomeação: "Compreendo perfeitamente. O Conselho Europeu não é uma agremiação de tecnocratas"
António Costa (Lusa)
António Costa disse, nesta sexta-feira, compreender o voto contra de Itália à sua nomeação como novo presidente do Conselho Europeu e insistiu na necessidade de “consensos” para levar a cabo as suas novas funções em Bruxelas.
“Compreendo perfeitamente o voto da primeira-ministra de Itália, com quem colaborarei com uma enorme proximidade”, afirmou, quando questionado sobre o voto contra de Itália à sua nomeação, nas suas primeiras declarações aos jornalistas em Bruxelas como novo presidente do Conselho Europeu.
O ex-primeiro-ministro português vincou que “o Conselho não é propriamente uma agremiação de tecnocratas”, considerando “normal” que tenha existido oposição à sua escolha para o cargo.
“O presidente do Conselho tem de respeitar todos”, insistiu. Para Costa, “o grande esforço” daqui em diante é, “apesar das diferenças políticas”, “sermos capazes de, em conjunto tomar decisões”.
Confrontado sobre as declarações do Presidente da República, com Marcelo Rebelo de Sousa a argumentar que o nome de Costa tinha a vantagem de agradar a uma direita mais conservadora, o ex-primeiro-ministro referiu que “toda a gente sabe” qual é a sua família política.
Contudo, continuou, “o presidente do Conselho tem de saber colocar-se acima das famílias políticas”. Citando Mário Soares, reforçou: “O presidente do Conselho tem de ser de todos aqueles que se sentam no Conselho Europeu.”
Costa irá iniciar funções até 1 de dezembro. Teve já uma reunião com o secretariado-geral do Conselho Europeu e irá também reunir-se com o presidente em funções, Charles Michel, para uma transição de pastas. Até lá, vai fazer algo que já não faz desde a faculdade: tirar umas semanas “largas, consecutivas” de férias.
No início da declaração aos jornalistas, Costa considerou a nomeação um “voto de confiança” que o honra, destacou a rapidez da decisão e disse querer também “contribuir para o prestígio do nosso país”.