Da Costa vence 4ª em Portland e comprova: deveria estar na briga do título na Fórmula E
Pela terceira vez seguida na Fórmula E, António Félix da Costa venceu uma corrida na categoria neste domingo (30). Diferentemente da véspera, quando aproveitou a punição de Mitch Evans para cruzar em segundo e levar o triunfo, o português comandou a reta final do eP de Portland 2 para garantir a varrida no fim de semana e deixar uma questão inevitável no ar: e se não fosse a desclassificação em Misano?
Vencedor da corrida 1 da etapa italiana, Da Costa foi desclassificado horas depois porque uma mola do amortecedor do acelerador, usada até o ano passado, não estava dentro do regulamento. Um erro que não deu vantagem ao piloto na pista, mas ceifou o que seria a primeira vitória na temporada.
Pois bem, Da Costa não se abateu. Nas últimas cinco corridas, o português venceu nada menos do que quatro, se tornando o maior vencedor da temporada — tem o dobro de Nick Cassidy, Mitch Evans e Pascal Wehrlein, que brigam pela taça. Além de afastar de vez o fantasma que o assombrou no início do campeonato, o piloto da Porsche segue com chances matemáticas — pequenas, é verdade — de título.
33 pontos separam António, quarto colocado do campeonato, e Cassidy, ainda líder após zerar em Portland. Mas é inevitável imaginar: o que aconteceria sem a bizarra punição de Misano, horas depois do fim da prova? É claro que pensar o que poderia ter acontecido é um exercício inútil em termos esportivos, mas, entre tantas punições ao longo da temporada, nenhuma foi tão fora do normal quanto a de Da Costa.
O 'e se' não entra na pista, mas é inevitável pensar no que poderia ter acontecido (Foto: Fórmula E/Sam Bagnall/ LAT Images)
Vamos à matemática: o triunfo na Itália daria 25 pontos a mais ao português e dois a menos para Evans, que cairia de quinto para sexto. Wehrlein e Cassidy manteriam suas pontuações, já que também zeraram em Misano 1. Assim, Da Costa teria 159 tentos, na segunda colocação e apenas oito atrás do atual líder do campeonato. Pascal seria o terceiro, com os mesmos 155, enquanto Mitch completaria o top-4 com 153.
A briga, então, seria completamente diferente, com os dois carros da Jaguar e os dois carros da Porsche diretamente envolvidos. O fato, entretanto, é que não vai acontecer, e não por algum erro de pilotagem ou fator de corrida — mas sim porque a FIA decidiu que Da Costa também tinha culpa sobre a colocação irregular de uma mola no acelerador. Um julgamento que poderia ter envolvido apenas o trabalho da equipe, mas foi estendido ao piloto e o tirou uma vitória conquistada na pista.
Ainda na Porsche, mas do outro lado da garagem, Wehrlein se despede do fim de semana de Portland com a sensação de que poderia muito mais. No calvário de Cassidy, que zerou as duas corridas, o alemão saiu com 13 pontos e não conseguiu cortar a vantagem do líder tanto quanto poderia. Evans tem situação parecida, mas venceu a primeira prova na pista e, de novo, teve o triunfo ceifado em decisão controversa.
Da Costa brilha na segunda metade da temporada na Fórmula E (Foto: Fórmula E/Sam Bagnall/LAT Images)
A briga segue totalmente aberta para a rodada dupla que vai decidir tudo, em Londres. Cassidy tem 167 pontos, 12 a mais que Evans e Wehrlein. Da Costa, que observa já de longe, somou 134 e ainda está no bolo em uma etapa que reúne 58 tentos. Oliver Rowland, Jean-Éric Vergne e Jake Dennis também poderiam ser campeões, matematicamente falando, mas precisariam de uma hecatombe para que isso acontecesse. O fato é que o campeonato chega na última rodada embolado mais uma vez e só comprova o equilíbrio da categoria.
Para o fim da temporada, em Londres, a expectativa é de que o certame se resolva na pista, de uma vez por todas, sem novas interferências que possam mexer com o resultado final. Emotivo após a segunda vitória em Portland, Da Costa deixou transparecer que a punição de Misano ainda incomoda. Para o bem da Fórmula E, que a decisão do campeonato seja decidida no braço, e não na sala dos comissários.
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