Zelensky despede comandante acusado de incompetência, UE aprova entrega de bens russos congelados: guerra, dia 851
Serão cerca de 1.400 mil milhões de euros em ativos financeiros russos, congelados pela União Europeia, a serem disponiblizados para a Ucrânia, que serão usados para fornecer armamento para as forças ucranianas
Zelensky despede comandante acusado de incompetência, UE aprova entrega de bens russos congelados: guerra, dia 851
O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky demitiu hoje um alto oficial do Exército que foi acusado por outro comandante de incompetência e abuso de poder, num momento em que o país continua a lutar contra a invasão russa.
“Decidi substituir o comandante das forças conjuntas das Forças Armadas da Ucrânia, o tenente-general Yuri Sodol, pelo brigadeiro-general Andriy Gnatov”, adiantou Zelensky, na rede social Telegram.
O chefe de Estado ucraniano não especificou os motivos desta demissão, mas a decisão surge após críticas de um comandante da brigada Azov, conhecida pelas suas ligações com círculos ultranacionalistas. Este comandante, Bogdan Krotevych, revelou hoje de manhã que tinha apresentado uma queixa aos serviços de segurança ucranianos (SBU), para exigir a abertura de uma investigação a Sodol.
De acordo com os meios de comunicação ucranianos, Krotevych acusa Sodol de incompetência, levando à morte de soldados ucranianos e a retrocessos na frente de combate, noticiou a agência France-Presse (AFP).
O Exército ucraniano tem estado em dificuldades desde o fracasso da sua contraofensiva no verão de 2023, com as tropas russas a conquistarem novas aldeias no leste e no sul do país todas as semanas, mas sem conseguirem um verdadeiro avanço.
O Exército russo também lançou uma ofensiva terrestre na região de Kharkiv (nordeste) no início de maio, conquistando várias localidades antes de ser retardado por reforços enviados por Kiev.
As forças ucranianas, por seu lado, sofrem de falta de recrutas devido à lentidão da mobilização e de armamentos devido a atrasos nas entregas de ajuda ocidental.
Entrega de 1.400 mil milhões de lucros de bens russos congelados aceite por ministros da UE
Os países da União Europeia (UE) chegaram hoje a acordo sobre a disponibilização à Ucrânia de 1.400 milhões de euros, no próximo mês, provenientes dos rendimentos de ativos financeiros russos congelados, anunciou o chefe da diplomacia europeia.
“Os ministros [dos Negócios Estrangeiros] chegaram hoje a um acordo sobre um quadro para a utilização dos lucros inesperados de bens russos imobilizados [em território europeu] e a sua alocação ao Mecanismo Europeu de Apoio à Paz [MEAP]”, disse Josep Borrell, em conferência de imprensa no final de uma reunião no Luxemburgo.
Os primeiros 1.400 milhões de euros vão estar disponíveis já em julho e estão previstos “mais mil milhões de euros até ao final do ano”, acrescentou.
Este dinheiro vai ser utilizado para o fornecimento de munições e armamento para ajudar a Ucrânia a debelar a invasão russa, que dura há quase dois anos e meio.
O alto-representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança revelou que estes lucros inesperados são para utilização “o mais rápido possível” e “para benefício da Ucrânia”.
Mas “ainda há um país que está a bloquear a utilização de 6.000 milhões de euros”, referiu, aludindo à oposição da Hungria: “Como não quis participar [...], também não participa na decisão de como utilizar o dinheiro”.
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