Vinícolas argentinas recebem US$ 44 milhões para certificação sustentável
Em um contexto no qual a sustentabilidade se torna um requisito inevitável para a competitividade global, a Corporação Vitivinícola Argentina (Coviar) está promovendo um programa de certificação de sustentabilidade para pequenas e médias vinícolas do país.
Com um investimento de US$ 44 milhões (R$ 242 milhões, na cotação atua), financiado com a contribuição dos governos provinciais por meio do Conselho Federal de Investimentos (CFI), o projeto visa não somente melhorar as práticas de produção das adegas, mas também abrir novas oportunidades em mercados internacionais cada vez mais exigentes (incluindo. os países nórdicos e o Canadá) em termos de impacto ambiental e social.
Adolfo Brennan, diretor da Coviar e chefe da unidade executora de PME (pequenas e médias empresas) exportadoras, destaca a relevância e os desafios do ambicioso projeto. “Estamos trabalhando com 23 vinícolas em 14 províncias para certificar suas práticas sustentáveis. Isso não só agrega valor aos seus produtos, mas também responde a uma demanda crescente dos consumidores globais que buscam produtos com menores impactos sociais e ambientais”, diz Brennan.
Além dos benefícios diretos para as vinícolas, o programa tem uma visão de longo prazo de transformar essa indústria local. “Estamos em uma posição interessante para crescer nos mercados internacionais, mas precisamos ser mais competitivos. Isso não é alcançado apenas com um câmbio favorável, mas também com a melhoria dos nossos custos internos e a otimização dos insumos”, afirma Brenan.
O desafio não é menor. A implementação de práticas sustentáveis exige um investimento de tempo e recursos, algo que pode ser particularmente difícil para as pequenas e médias empresas. “Estamos constantemente buscando financiamento para apoiar as vinícolas nesse processo. O objetivo é que todos possam participar e se beneficiar desta transformação para uma viticultura mais sustentável”, diz Brennan.
Como destaca o executivo, com a certificação de sustentabilidade, as vinícolas argentinas estarão melhor posicionadas para aumentar suas exportações, acessar novos mercados e melhorar sua competitividade global. “Há uma oportunidade no mundo e hoje estamos em uma posição interessante para poder crescer, mas obviamente precisamos ser mais competitivos, e a competitividade não vem só do lado cambial, mas também temos que trabalhar mais com custos internos”, diz Brennan.
No ano passado, o mercado nacional de vinhos caiu 6%, enquanto o mercado externo caiu quase 26%, em função de diversos fatores, incluindo a recessão global, a perda de competitividade devido ao câmbio e as dificuldades na importação de insumos.
As vinícolas que já trabalham na certificação do Guia de Sustentabilidade: RJ Viñedos, Cuarto Dominio, Cechin, El Amansado, Terrazas Andinas Bourras, Clement e La Abeja, Bodega Lejanía. Bodega Trina,Bodega Los Aromitos, Vinícola Gamboa de Buenos Aires. As vinícolas Nanni e Tacuil participam em Salta. Em La Rioja existe a Cooperativa La Riojana. Em Tucumán, a Vinícola Río de Arena faz parte do projeto. Em Chubut a vinícola Nant y Fall. Malma está em Neuquén. Em San Juan participam as vinícolas Sierras Azules, Merced del Estero e Los Dragones. Na Vinícola Córdoba La Matilde. Em Catamarca existe a Bodega Michango. E em Jujuy Bodega Amanecer.
O programa começou em março e trabalha com o objetivo de certificar a sustentabilidade em cada uma das vinícolas participantes durante o ciclo produtivo de 2024. (*Reportagem publicada originalmente na Forbes Argentina)