País precisou de sete anos para deixar de ter ‘ratings’ “lixo”, e agora, ao fim de 13 anos, a trajetória de redução do endividamento é a principal justificação para as agências colocarem o risco do país no patamar dos níveis ‘A’. Standard and Poor’s é a próxima a fazer a sua avaliação e deverá ir pelo mesmo caminho
Fernando Medina na apresentação do Orçamento do Estado para 2024 com a secretária de Estado do Orçamento, Sofia Batalha, e o secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes
Portugal deverá voltar, ao fim de 13 anos, a estar classificado nos níveis ‘A’ por todas as agências de notação financeira, com a subida de ‘rating’ pela Standard and Poor’s esperada pelos analistas consultados pela Lusa.
A Standard&Poor’s (S&P) tem prevista, na sexta-feira, uma avaliação à dívida soberana portuguesa, depois de na última avaliação, em setembro do ano passado, ter mantido o ‘rating’ do país em ‘BBB+’, mas melhorado a perspetiva de ‘estável’ para ‘positiva’.
Os analistas consultados pela Lusa acreditam numa subida do ‘rating’ de Portugal, considerando que as eleições legislativas de 10 de março não deverá prejudicar a avaliação.
A concretizar-se a melhoria, a S&P alinhará a avaliação com as outras três principais agências internacionais de notação financeira, que no ano passado tiraram o país dos níveis ‘B’, colocando-o novamente nos níveis ‘A’ (dentro do nível ‘A’ as escalas variam entre A-/A/A+ ou A1/A2/A3).
Antes da intervenção da ‘Troika’ em Portugal, em 2011, as quatro agências ainda classificavam a dívida soberana portuguesa nos níveis ‘A’, cortando drasticamente a avaliação depois do pedido de ajuda financeira.
O país precisou de sete anos para deixar de ter ‘ratings’ “lixo”, e agora, ao fim de 13 anos, a trajetória de redução do endividamento do país é a principal justificação para as agências colocarem o risco do país no patamar dos níveis ‘A’, permitindo um financiamento com custos mais baixos pela República.
“Portugal tem conseguido reduzir a sua carga de endividamento, ao mesmo tempo em que mantém uma trajetória de crescimento económico, fatores que podem influenciar positivamente uma possível revisão de rating”da S&P, na sexta-feira, antevê o diretor de Investimentos do Banco Carregosa, Filipe Silva.
Para o presidente da IMF – Informação de Mercados Financeiros, Filipe Garcia, “a agência deverá salientar a muito boa evolução das contas públicas, com redução significativa do peso da dívida/Produto Interno Bruto (PIB) e a melhor atividade económica face à média da zona euro, conducente a uma melhoria da posição fiscal”.
O analista destaca que “além disso, o risco país tem vindo a diminuir de forma consistente”, exemplificando que tendo “como referência o ‘spread’ face à Alemanha para a maturidade de 10 anos, Portugal “paga” mais 65 pontos base do que a Alemanha, o nível mais baixo em mais de dois anos”.
“É também um ‘spread’ que compara de forma muito positiva com outros emitentes da zona euro”, refere.
Os analistas desvalorizam ainda o impacto de a avaliação prevista pela S&P ser em plena campanha eleitoral.
“A aproximação das eleições legislativas não tem tido impacto na dívida portuguesa”, defende Filipe Garcia, argumentando que “a perceção do mercado é que todas as possíveis soluções governativas continuarão a pretender seguir o caminho de ter orçamentos no mínimo equilibrados e tentar reduzir o peso da dívida/pib”.
“Poderá ser um fator citado, mas que não deverá impedir a subida do ‘rating'”, prevê.
Uma opinião partilhada por Filipe Silva, que realça que “as eleições, como tem sido o caso no passado, não têm impacto significativo no prémio de risco nacional”.
“Para se tornarem relevantes, seria necessário que um partido vencedor questionasse o projeto europeu e se opusesse ao compromisso que Portugal mantém com a União Europeia”, justifica.
A DBRS avalia, atualmente, a dívida portuguesa em ‘A’, com perspetiva estável; a Fitch em ‘A-‘, com perspetiva estável; e a Moody’s em ‘A3’, com perspetiva estável.
O ‘rating’ é uma avaliação atribuída pelas agências de notação financeira, com grande impacto para o financiamento dos países e das empresas, uma vez que avalia o risco de crédito.
Os calendários das agências de ‘rating’ são meramente indicativos, podendo estas optar por não se pronunciarem nas datas previstas ou avançarem com uma avaliação não calendarizada.
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