A plataforma que agrega estruturas sindicais da PSP e da GNR anunciou, na última noite, ter adiado para depois das legislativas o encontro nacional de polícias de 2 de março. Mantém-se, ainda assim, a reivindicação do suplemento de missão e, após as eleições, os elementos das forças de segurança contam regressar às ações de protesto.
Os efetivos das forças de segurança pretendem ser recebidos pelo vencedor das legislativas logo após o ato eleitoral. No comunicado, a plataforma assinala a intenção de obter uma audiência com o futuro primeiro-ministro, tendo em vista obter respostas às suas reivindicações.
“Que possa constituir o pontapé de saída para a resolução consequente do miserabilismo que se tem instalado em torno das nossas carreiras e que tem afastado as novas gerações de carreiras tão nobres quanto a nossa”.A plataforma sindical promete “manter acesa a chama da legítima, justa e incontornável reivindicação”.
“A plataforma manterá a reivindicação do suplemento de missão, através de ações de luta a outros níveis, sendo ela que marcará a diferença no futuro de todos vós e destas instituições seculares”, indica-se no comunicado da última noite.
“Sobriedade e elevação”
A plataforma sindical das forças de segurança afiança também que a manifestação realizada junto ao cineteatro Capitólio, palco do debate entre o líder do PS, Pedro Nuno Santos, e o número um da AD, Luís Montenegro, decorreu de forma espontânea.
Depois de uma concentração na Praça do Comércio, que juntou perto de três mil efetivos da Polícia de Segurança Pública e da Guarda Nacional Republicana, parte dos agentes encaminhou-se para o Capitólio, em manifestação não autorizada.
O diretor nacional da PSP determinou entretanto a abertura de um de inquérito. O objetivo é “apurar as circunstâncias em que decorreu o desfile e a concentração” – em causa está a eventual responsabilidade disciplinar.
A plataforma considera que deve ser assinalada “a forma pacífica como decorreu a deslocação, sem qualquer registo de episódios que possam manchar a imagem e profissionalismo dos seus participantes, que, mais uma vez, fizeram-se ouvir com sobriedade e elevação”.Os operacionais da PSP e da GNR reivindicam um suplemento idêntico àquele que foi atribuído à Polícia Judiciária.
Na ótica da plataforma sindical, os profissionais das forças de segurança devem ser “reconhecidos pela forma exemplar como têm conseguido reivindicar os seus legítimos direitos, sem lesarem, em nenhuma circunstância, o Estado de Direito Democrático”.
“Ninguém pode ficar indiferente à correção e dimensão das grandes manifestações de Lisboa e Porto, que espelham bem a unidade histórica destes profissionais, das Nossas Pessoas e Camaradas”, remata o movimento.
Mensagem interna do comandante da GNR
O comandante geral da GNR exortou, em boletim interno a que a RTP teve acesso, todos os militares a manterem uma “consciência esclarecida dos valores e da responsabilidade”.
Rui Ribeiro Veloso afirma-se empenhado na defesa das expectativas dos militares e afirma que luta também por um “tratamento equitativo entre os elementos das diferentes forças e serviços de segurança”, de “forma responsável e junto das instâncias próprias”.
O comandante geral da Guarda recorda a lei para lembrar aos militares a exigência de uma comunicação prévia a autoridades administrativas para a realização de manifestações.
O tenente-general acrescenta que “é fulcral, em todas as circunstâncias”, manter “o discernimento, atuando de acordo com os ditames da lei”, “garantindo, como sempre, a liberdade e a segurança dos concidadãos”.
“A firmeza na afirmação dos vossos justos interesses não diminui, antes pelo contrário, torna ainda mais imperativa a exigência de respeito pelos princípios e valores que nos distinguem como militares e agentes da autoridade, inteiramente comprometidos com a defesa e realização do Estado de Direito Democrático”, sublinha ainda Rui Ribeiro Veloso.
“Nenhuma razão, nenhuma aspiração, por mais justa e premente que seja, poderá sobrepor-se ao interesse da sociedade, sendo absolutamente inadmissível qualquer comportamento individual ou coletivo que possa afetar a liberdade de ação e expressão política das pessoas e partidos, agora, envolvidos na campanha eleitoral”, vinca.
c/ Lusa
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