Vitinha, o português ligado ao Marseille: «Não acredito que valha os 32 milhões pagos»

Vitinha, o português ligado ao Marseille: «Não acredito que valha os 32 milhões pagos»

França. País há muito escolhido pelos portugueses como destino na procura de uma vida melhor. O fenómeno da emigração das gentes lusas para território gaulês teve o seu pico nas décadas de 60 e 70, mas tal facto não invalida que, mesmo nos dias de hoje, poucos sejam os portugueses que não têm um amigo ou um familiar em França.

Ora, sendo o futebol parte integrante da sociedade, exemplos não faltam de jogadores lusos que tentaram a sua sorte em solo francês. Sendo certo que o Marseille, adversário do Benfica nos quartos-de-final da Liga Europa, não tem nenhum português no plantel, a verdade é que Vitinha, avançado que se destacou ao serviço do SC Braga, está contratualmente ligado aos les olympiens.

Recrutado aos minhotos em janeiro do ano passado, o atacante, de 24 anos, está agora emprestado ao Genoa, isto depois de ter tido um primeiro ano bastante difícil em Marselha.

Aproveitado a deslocação do Benfica à cidade do sul de França, o zerozero procurou perceber o que correu menos bem ao internacional jovem por Portugal e se este tem capacidade para regressar e triunfar no clube que pagou 32 milhões de euros pelos seus préstimos.

Aquele jogo contra o Monaco…

Jornalista do La Provence, órgão de comunicação social da região de Marselha, Ludovic Ferro acompanha o clube da cidade numa base diária.

«A expectativa em relação ao Vitinha era elevada, até olhando pelo valor que o clube pagou por ele. Ele chegou numa altura em que a equipa estava bem, portanto não foi fácil encontrar o seu espaço. Para além disso, o Marseille jogava em 3-4-3, sistema que penso que não o favorece- o Vitinha rende mais com alguém ao lado. O início não foi brilhante, mas como ele é jovem, os adeptos deram o benefício da dúvida. No início desta época, o Marseille contratou o Marcelino Toral, que por norma joga com dois avançados, e o Aubameyang. Toda a gente pensou que o Vitinha teria oportunidade para mostrar o seu valor, mas tal não se verificou. Depois chegou o Gattuso e ele passou a jogar cada vez menos», começou por contar Ludovic, que nos deu a conhecer um momento marcante na estadia de Vitnha no clube:

«Houve um jogo contra o Monaco em que ele desperdiçou mesmo muitas ocasiões e o Marseille acabou por empatar. Penso que essa foi a gota de água e, no dia a seguir, ele estava a ser apresentado como reforço do Genoa. Os adeptos até foram pacientes com ele numa primeira fase, mas essa paciência terminou após esse jogo. Penso que houve muita gente que ficou satisfeita com a saída dele.»

Olhando para o registo de Vitinha no Marseille- seis golos em 43 partidas disputadas-, poderá dizer-se que o avançado luso sentiu o peso dos 32 milhões desembolsados pelo clube na sua contratação? «Acredito que sim. Não sou diretor desportivo nem treinador, mas acredito que esse não é o seu valor. Olhando para o mercado, não acredito que vale os 32 milhões de euros que pagaram por ele, talvez 10/15, no máximo», vincou o jornalista gaulês.

Regresso? Possível, mas muito difícil

O empréstimo ao Genoa também não tem sido propriamente proveitoso- um golo em seis jogos-, num cenário que ganha maior relevância se se tiver em conta que Vitinha, a maior venda da história do SC Braga, tem contrato com o Marseille até 2027.

Perante este cenário, fica a dúvida se o jovem de Cabeceiras de Basto ainda terá capacidade de mostrar o seu valor no Marseille: «No futebol é impossível ter certezas. Apesar de acreditar que ele poderia ter sucesso na próxima época, penso também que não voltará. Talvez o presidente tente arranjar uma solução para ele, isto de forma a que ele possa dar outro rumo à sua carreira. Ainda é um jogador jovem e pode conseguir ter sucesso, mas mesmo em Itália não tem sido muito bem sucedido…»

Apesar de tudo isto, Ludovic terminou fazendo uma ressalva. «Apesar de o Vitinha não ser um avançado que me encha as medidas- é muito físico e pressiona bem, mas apresenta lacunas na hora de atirar à baliza-, o Marseille também vive um período de muita instabilidade, o que não foi bom para ele. De resto, há vários jogadores em sub-rendimento», rematou o nosso colega de profissão.

A bola está agora do lado do internacional jovem por Portugal. Conseguirá Vitinha dar a volta por cima e exibir-se a bom nível nos grandes palcos europeus?