Dez forças políticas sem assento parlamentar estiveram em debate na RTP

dez forças políticas sem assento parlamentar estiveram em debate na rtp

Estiveram em debate os rostos e as ideias dos homens e mulheres que procuram, nestas eleições legislativas, conquistar um lugar na Assembleia da República. A partir da Nova SBE, em Carcavelos, os dez candidatos discutiram em direto na RTP temas diversos como a habitação, a saúde, a justiça ou a imigração. Da esquerda à direita, passando pelos mais centristas, houve críticas ao Governo e propostas alternativas às que os portugueses já encontram no Parlamento.

Neste debate de quase duas horas, os candidatos começaram por se apresentar, elencando as ideias que são pedra ângular dos respetivos programas.

Márcia Henriques, do RIR, realçou que o partido é o mesmo apesar da mudança de liderança e os “objetivos são os mesmos”. Disse esperar que sejam superados os resultados obtidos nas últimas eleições com a mudança de líder.

João Pinto, do PCTP/MRPP, lembrou a elevada abstenção. “Metade dos portugueses não vota”, frisou, assinalando a situação na saúde e na educação. Considerou que a queda do Governo acabou por beneficiar o PS.

Filipe Sousa, do JPP, admitiu que o principal objetivo do partido é eleger uma representação na Assembleia da República pelo círculo da Madeira com o objetivo de resolver os problemas da Região Autónoma.

Bruno Fialho, do ADN, focou-se no problema da “desinformação jornalística” e criticou a ajuda de Portugal a países estrangeiros. Defendeu que o país deveria apostar em primeiro lugar na resolução dos problemas internos.

Nuno Afonso, da Alternativa 21, rejeitou que haja uma “confusão ideológica” na coligação que junta o MPT – Partido da Terra e Aliança. Com o objetivo de “limpar a direita”, pretende ser alternativa para ser a direita “com quem se pode falar”, lançando críticas ao Chega.

Do Volt Portugal, Inês Bravo Figueiredo destacou a vertente europeia do partido. “Somos o mesmo partido em todos os países”, vincou. “Estamos no centro moderado”, respondeu, quando questionada sobre o posicionamento do partido em relação ao PS e PSD.

José Pinto Coelho, do Ergue-te, disse acreditar que “muitos” portugueses “pensam como nós” mas não votam no partido. Culpou a “agonia” do “voto útil” e assumiu a vontade de mudança de regime. Nos 50 anos do 25 de Abril, vincou que “não há nada para celebrar”.

Do partido Nós, Cidadãos, Joaquim Rocha Afonso lamentou a realização de novas eleições ainda antes do fim da legislatura. “Este governo era suposto governar quatro anos”, considerou.

José Manuel Coelho, do Partido Trabalhista Português, falou dos momentos que protagonizou no passado como “sátiras” que permitiam chamar a atenção para os problemas na Madeira. Sobre o momento atual na Região Autónoma, diz que “caiu o ditador” mas “o sucessor caiu na corrupção”.

Da Nova Direita, partido que se candidata pela primeira vez às eleições legislativas, Ossanda Líber enfatizou que já tentou mediar um acordo entre Luís Montenegro e André Ventura. Apelou a uma “frente de direita” para a governação do país e diz que pode ser uma “ponte” entre os “egos” dos líderes do PSD e do Chega.

Política e justiça

A segunda parte do debate, mais longa e com mais discussão entre candidatos, ficou marcada pela discussão de temas que têm dominado a atualidade, desde logo a justiça, a saúde ou a habitação.

Questionado sobre o “contrato eleitoral” que propõe, Bruno Fialho, do ADN defendeu a perda de subvenções ou até mesmo demissão de partidos e de candidatos que não cumpram o que prometeram no programa eleitoral.

Argumentou que os deputados não estão acima da lei e que a política já está sob a avaliação da justiça. A própria justiça terá de ser mais escrutinada porque “ninguém está acima da lei”.

Ainda na Justiça, Márcia Henriques do RIR defendeu que se aumente o “cúmulo jurídico”, que só vai até 25 anos de pena. Advogada de profissão, a líder do RIR reiterou que a morosidade da justiça é um dos principais problemas em Portugal. 

Realçou que faltam funcionários judiciais, procuradores e juízes. “Os tribunais não têm mão de obra suficiente para tramitar os processos”, defendeu.

Joaquim Rocha Afonso, do Nós Cidadãos, denunciou a “promiscuidade no SNS” e defendeu que várias profissões, incluindo médicos e enfermeiros, deveriam oferecer melhores salários.

Do Ergue-te, José Pinto Coelho defendeu que haja retorno no investimento que é feito na formação de médicos. “Tem de haver algum retorno”, argumentou.

Ossanda Líber, da Nova Direita, enfatizou a necessidade de dar mais apoio às empresas e que os vários apoios se pagam com a dinamização e diversificação da economia, bem como com o aumento da produtividade.

Defendeu ainda que é preciso reduzir o número de funcionários públicos na Administração Pública.

João Pinto, do PCTP/MRPP, lembrou o “agravamento constante das condições de vida da maioria da população”. Criticou ainda o posicionamento de Portugal nas duas guerras em curso, na Ucrânia e no Médio Oriente.

Considerou que a guerra na Ucrânia é “uma guerra civil até ao momento” e censurou o boicote ocidental à Rússia, que diz ser a causa principal do aumento da inflação.

Habitação e jovens

Sobre a problemática da habitação, Nuno Afonso, da Alternativa 21, considera que é necessária a intervenção do Estado na reestruturação e requalificação de edifícios.

Defende que o Estado deve atuar em três áreas principais (Segurança, Educação e Saúde) e que todas elas enfrentam dificuldades.

Inês Bravo Figueiredo, do Volt Portugal, destacou o problema da habitação e propôs um modelo de rendas acessíveis de parque habitacional público, aplicando “medidas da direita e da esquerda”.

A candidata defendeu a utilização dos fundos do PRR para evitar que os jovens abandonem Portugal à procura de melhores rendimentos.

Sobre a questão da Madeira nas últimas semanas, Filipe Sousa, do JPP, assumiu “tristeza” com a “corrupção” na Região Autónoma e a “promiscuidade” entre o poder económico e político.

José Manuel Coelho, do Partido Trabalhista Português, considerou que a justiça “transitou incólume” da ditadura para a democracia há 50 anos, tendo trazido consigo os vícios do passado. A única exceção foi Lucília Gago, que “decidiu prender os corruptos”, argumentou.

Com críticas aos sindicatos e à “injustiça” do direito à greve, José Pinto Coelho, do Ergue-te, lembrou os problemas provocados pelas paralisações dos transportes e insistiu em chamar “Ponte Salazar” à ponte 25 de Abril.

Márcia Henriques, do RIR, defendeu que o programa que representa também fala dos jovens e não se foca apenas nos pensionistas. “Todos os problemas estão interligados”, assinalou. Lamentou que a emigração de jovens e os problemas no ensino, como a alimentação na escola pública.

Joaquim Rocha Afonso, do Nós Cidadãos, criticou o facto do voto emigrante valer apenas “um décimo” do voto em território nacional. “Que igualdade é esta?”, questionou.

Do Alternativa 21, Nuno Afonso critica o “coletivismo muito grande na política” e a importância de ter “um cartão partidário”.

Ideologias e imigração

Bruno Fialho, do ADN, defendeu que a interrupção voluntária da gravidez não deve ser paga pelo Serviço Nacional de Saúde quando é feita por “opção”. Criticou a “doutrinação” das crianças por parte de “extremistas” em temas como a ideologia de género ou a “fraude climática”.

Também Ossanda Líber defendeu que a escola serve para a aprender o “bê-a-bá” e não se deve substituir a autoridade dos pais. “Há partidos de esquerda infiltrados nas escolas”, afirmou.

A candidata destacou o incentivo à natalidade como uma das principais medidas do partido e considerou que o país não pode depender excessivamente da imigração.

Filipe Sousa, do JPP, destacou a importância de apoiar os imigrantes mas também os emigrantes e comunidades portuguesas. Ossanda Líber ripostou que esta é uma “visão romântica” da imigração e que é preciso acolher “com decência” e com regras concretas.

Sobre a habitação, José Manuel Coelho, do Partido Trabalhista Português, considerou que o direito à habitação “deve ser gratuito” e que o IMI deve ser abolido.

Inês Bravo Figueiredo, do Volt, enfatizou a necessidade de valorizar os professores e reduzir o horário escolar. Criticou um “mercado de trabalho a dois ritmos”, com críticas à precariedade e aos falsos recibos verdes.

Por outro lado, defende que deve haver maior flexibilidade nas empresas, nomeadamente nos despedimentos, ainda que sem reduzir os apoios sociais.

Medidas prioritárias dos partidos

Na reta final do debate, os vários partidos foram convidados a apresentar medidas e a destacar, em concreto, quais seriam as suas prioridades caso conseguissem garantir a eleição de deputados nestas eleições legislativas.

José Pinto Coelho, do Ergue-te, considerou prioritária a revogação da lei do aborto, da eutanásia e do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Defendeu ainda restrições à imigração e à atribuição da nacionalidade portuguesa.

“A nacionalidade herda-se” e “nem mais um imigrante” foram algumas das expressões utilizadas.

João Pinto, do PCTP/MRPP, adiantou que acabaria com todos os impostos, excepto um imposto fortemente progressivo sobre a riqueza, criticando “25% de economia paralela”.

No RIR, a prioridade na Assembleia da República, seria a redução da carga fiscal, destacou Márcia Henriques. 

Já o Nós Cidadãos, com Joaquim Rocha Afonso, levaria ao Parlamento o fim de institutos e dos “boys do PS e do PSD”.

Ossanda Líber voltou ao tema da imigração, enfatizando que a Nova Direita escolheria como prioridade instituir regras para receber imigrantes e dar mais incentivos à natalidade.

Filipe Sousa, do JPP, considerou que as autonomias regionais devem ser reforçadas, bem como a aposta no transporte em ferry ou mobilidade aérea para Açores e Madeira. 

Nuno Afonso, da Alternativa 21, exprimiu preocupação com a democracia e defendeu como prioridade a restruturação do Serviço Nacional de Saúde.

Bruno Fialho, da ADN, defendeu a redução dos impostos e o incentivo à natalidade.

O Volt apostaria, por sua vez, na chegada ao Parlamento, em melhorar a administração pública. Enfatizou a necessidade de “pagar salários europeus” aos vários trabalhadores.

José Manuel Coelho, do PTP, defendeu que a primeira medida a adotar seria aumentar salários e pensões para dinamizar e revitalizar a economia do país.

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