Passos Coelho deixa aviso: “Quando se perde a memória, somos todos iguais e isso na política é uma coisa terrível"

Pedro Passos Coelho (Armando Franca/AP)

O antigo primeiro-ministro Passos Coelho avisou esta quinta-feira que “em política é fatal” quando se perde a memória e todos parecem iguais, e, questionado sobre atualidade, repetiu que este não é o seu tempo no PSD, mas de Luís Montenegro.

No lançamento do livro “Lendas e Contos Populares Transmontanos – Tesouros da Memória (Vol. I: Bragança e Vinhais)”, de Alexandre Parafita, que conheceu na infância em Vila Real, Passos Coelho nunca falou de partidos, mas deixou vários alertas sobre a realidade política atual.

“Quando se perde a memória, somos todos iguais e isso na política é uma coisa terrível – na economia também – porque se tudo é igual não há diferença. Não se apura nada, não há razão para a competição, para apurar mais eficiência, mais bem-estar”, considerou.

E acrescentou: “Na política é fatal se formos todos iguais, tanto faz lá estarem uns como outros, é tudo igual”.

“A memória, o passado é muito importante para nos definir e a maneira como o vemos ainda mais. É muito importante que cada um saiba interpretar esse passado e essa herança de maneira a renovar a sua identidade e comunicar com os outros”, defendeu o antigo primeiro-ministro entre 2011 e 2015.

À saída da sessão, Passos Coelho escusou-se a fazer declarações aos jornalistas, dizendo que “acompanha tudo”, mas não deseja intervir.

“Este não é o meu tempo, o PSD tem um líder, o dr. Luís Montenegro, e é ele que está a dirigir a estratégia do PSD e a preparar a campanha eleitoral, ele tem de ser a voz autorizada que deverá conduzir o PSD nesta fase”, afirmou.

Dizendo que não fez “voto de silêncio”, admitiu, contudo, que dadas as anteriores funções de líder do PSD e primeiro-ministro tudo o que diga pode ter “uma leitura diferente”.

Questionado se irá participar na campanha para as legislativas de 10 de março, respondeu apenas: “É uma matéria que tem que ver com o PSD”.

Passos alerta para “ameaça do extremismo”, quer da direita quer da esquerda

Na intervenção de meia hora que fez no lançamento do livro, Passos Coelho avisou que “quando as sociedades colapsam, algo se lhes segue, não é o fim do mundo”.

“Mas seria estranho que as pessoas assistissem passivamente a isso como se não fossem agentes da história, como se não tivessem vontade, e se entregassem ao que tem de ser”, afirmou.

Neste ponto, o agora professor universitário deixou um apelo para que se contrarie o ditado de que “o que tem de ser, tem muita força”.

“Tem muita força, mas se não for do meu agrado, a gente tem de fazer qualquer coisa e nem sempre essa reação é atempada. Quando não é atempada, assume outras formas que depois nos apressamos a condenar. Quando é muito tarde, no fundo, estamos a condenar-nos por não termos agido quando devíamos”, disse, num aparente recado sobre o crescimento do partido Chega.

Perante uma pequena plateia, o antigo primeiro-ministro referiu-se “à ameaça que paira do nacionalismo e do extremismo, venha ele da direita ou da esquerda” na Europa.

“Há momentos que são quase definidores do perfil de União que se vem construindo, a dúvida está em saber onde se põe a fronteira e o limite. Aguentamos levar essa fronteira, esse limite um pouco além, sem perder a unidade, ou damos uns passos um pouco mais largos e as pessoas começarão a eleger governos que querem acabar com isso e que se querem descoser dessa urdidura europeia que vem fazendo há quase dezenas de anos”, questionou-se.

No final, deixou uma garantia: “É sempre o futuro que nos define mais do que o passado, mas sem passado não somos nada”.

O presidente da Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro, onde decorreu a iniciativa, aproveitou para lhe deixar um convite: “Se em 2026 quiser apresentar a sua candidatura presidencial na nossa sede, estaremos de braços abertos”, afirmou, num repto que ficou sem resposta.

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