Centenas de agricultores rumaram esta segunda-feira, com tratores, até ao coração de Bruxelas, onde bloquearam os acessos à rotunda Schuman, nas imediações dos edifícios da Comissão Europeia e do Conselho Europeu. As forças de segurança recorreram a gás pimenta e canhões de água para dispersar os manifestantes, que romperam mesmo uma barreira de segurança.
Os agricultores em protesto reivindicam apoios imediatos face às dificuldades vividas pelo sector, na sequência de uma vaga de contestação que tem percorrido diferentes países da União Europeia. Em causa estão os impactos das metas ambientais traçadas pelos diretórios do bloco.
Pelas 8h15, o correspondente da RTP em Bruxelas, Duarte Valente, descrevia o ambiente de tensão na capital belga. Era já visível a repressão exercida pelo dispositivo policial, que recorria a canhões de água###1553118###”Os agricultores, de manhã, muito cedo, por volta das 6h00, ocuparam esta que é uma das principais avenidas de Bruxelas, que atravessa o bairro europeu, onde estão as sedes das principais instituições europeias – a sede do Conselho Europeu e também a sede da Comissão Europeia -, ocuparam a estrada, cortaram-na com pneus, a que já tentaram pôr fogo, e por isso os canhões de água foram usados para extinguir esse fogo”, relatou o repórter.
Já perto das 10h00, foi rompida uma das barreiras de segurança instaladas entre o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia.###1553156###A polícia lançou então mão de gás pimenta contra os agricultores.
Além dos acessos à rotunda Schuman, foi igualmente bloqueada a Rue de La Loi, uma das principais artérias de Bruxelas. A 1 de fevereiro, uma outra manifestação tivera já lugar perto do Parlamento Europeu.
É precisamente esta segunda-feira que os ministros da Agricultura dos 27 países-membros se reúnem em Bruxelas, debruçando-se sobre medidas de apoio para o sector agrícola – em concreto sobre propostas para simplificar, a breve trecho, a Política Agrícola Comum, flexibilizando, por exemplo, as obrigações de rotação de culturas.
“A discussão desta segunda-feira vai focar-se em medidas de curto prazo aplicáveis muito rapidamente”, adiantou fonte diplomática europeia, citada pela agência France Presse. Isto na antecâmra de eventuais revisões legislativas mais aprofundadas da PAC, que terão de envolver o Parlamento Europeu.
As organizações representativas dos agricultores já fizeram saber que consideram insuficientes as respostas das instituições, exigindo desde já “a paragem definitiva” das negociações comerciais com o Mercosul e, como reivindicação estrutural, uma “melhor partilha do valor” da produção com os industriais e a grande distribuição.
c/ Lusa e AFP
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