Macron duvida que escudo anti-míssil europeu afaste ameaça russa e sugere "dissuasão nuclear"

A Europa é “o continente que pode ser atingido amanhã por mísseis” da Rússia, que “está a tornar-se novamente uma potência desinibida”, disse Macron aos jornalistas à margem de uma visita a Estrasburgo

Encontro entre os presidentes ucraniano, Volodymyr Zelensky, e francês, Emmanuel Macron, há ano e meio em Kiev

O Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou esta sexta-feira ter dúvidas de que um “escudo anti-míssil” europeu ofereça “proteção total” contra a Rússia, apelando a reflexão estratégica na Europa que inclua “dissuasão nuclear”. A Europa é “o continente que pode ser atingido amanhã por mísseis” da Rússia, que “está a tornar-se novamente uma potência desinibida”, disse Macron aos jornalistas à margem de uma visita a Estrasburgo.

“O debate levantado pelos alemães, especialmente porque não têm um sistema de dissuasão nuclear, é legítimo”, afirmou Macron, acrescentando que não tem “a certeza de que exista qualquer tipo de escudo anti-míssil que proteja totalmente contra os mísseis russos ou que os dissuada”. De acordo com o Presidente francês, a solução poderá ser “um pacote”: “termos nós próprios lançamentos de [mísseis de] longo alcance para dissuadir”, “ter escudos, cúpulas”, como propõe a Alemanha, “e integrar a questão da dissuasão [nuclear] nesta reflexão”.

Para Macron, é necessário fazer uma “reflexão estratégica” e “clarificar o conceito” antes de analisar as “capacidades” de armamento e, neste aspeto, existe “uma ligeira diferença” em relação à abordagem alemã.

No seu longo discurso sobre a Europa, proferido na quinta-feira na Universidade de Sorbonne, em Paris, o chefe de Estado francês anunciou a sua intenção de iniciar discussões com os seus parceiros europeus para construir um “conceito estratégico” para uma “defesa europeia credível”, em que levantou a hipótese da Europa precisar de um escudo europeu de defesa antimíssil. “Será isso (escudo de defesa antimíssil) suficiente para fazer face aos mísseis russos?”, afirmou Emmanuel Macron.

A Rússia, adiantou, revela ser cada vez mais agressiva e dispõe de “capacidades balísticas (…) cujo alcance e tecnologia se transformaram, de armas nucleares e capacidades crescentes” pelo que devem ser tomadas medidas: “é evidente que temos de construir este conceito estratégico de uma defesa europeia credível para nós próprios”.

O objetivo é que a Europa, que o chefe de Estado francês acredita ser “mortal”, seja capaz de se defender, “com os seus aliados quando estes estiverem prontos para o fazer, e sozinho se necessário”. A dissuasão nuclear da França é “um elemento essencial na defesa do continente europeu”, adiantou.

A Alemanha lançou a iniciativa de escudo anti-míssil europeu “Euro Sky Shield” em outubro de 2022, ao qual Paris se opôs, juntamente com a Itália e a Polónia. Até ao momento, Berlim já reuniu uma vintena de outros países europeus em torno desta iniciativa, que beneficiará de tecnologias norte-americanas, israelitas e alemãs, mas não terá qualquer equipamento de fabrico francês.

No discurso da Sorbonne, o Presidente francês afirmou ainda que os europeus não podem contar apenas com o apoio dos Estados Unidos para a sua defesa, porque para Washington “não esta é a prioridade”. Sem chegar ao ponto de pedir a criação de um exército europeu, apelou a uma “intimidade estratégica” no domínio militar entre os Estados-membros da UE.

Além disso, Macron explicou que é necessário “aumentar as despesas com a defesa”, sugerindo um empréstimo europeu para financiar o esforço de defesa, para além de aplicar “a preferência europeia na compra de equipamento militar”, bem como acelerar a integração dos exércitos face a ameaças como a Rússia, com a qual tem havido um recente aumento de tensões pelo apoio prestado pela França à Ucrânia.

A França é o único país da União Europeia que possui armas nucleares. Em janeiro, durante uma visita à Suécia, Emmanuel Macron reafirmou que o seu país tem “uma responsabilidade especial” a este respeito, especialmente porque os “interesses vitais” franceses que podem ser defendidos por esta dissuasão nuclear “são, em parte, essencialmente europeus”.

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