“É de longe o maior buraco negro estelar encontrado na Via Láctea”, com o “tipo de massa envolvida na produção de ondas gravitacionais que começaram a ser recentemente detetadas em outras galáxias”, explica André Moitinho, um dos investigadores que participou no trabalho
Identificado buraco negro estelar mais denso da Via Láctea
Uma equipa internacional de cientistas, incluindo investigadores de Portugal, identificou o buraco negro estelar mais denso da Via Láctea, com uma massa 33 vezes superior à do Sol, anunciou nesta terça-feira o Observatório Europeu do Sul (OES).
O buraco negro – corpo denso de cuja gravidade nada escapa, nem mesmo a luz – foi detetado em dados da missão Gaia da Agência Espacial Europeia (ESA) através de um movimento de ‘oscilação’ estranho que impõe à estrela que o orbita, refere o OES em comunicado, acrescentando que a massa do buraco negro BH3 foi calculada com base em informação registada pelo telescópio VLT do OES, no Chile, e outros telescópios em terra.
André Moitinho e Márcia Barros, investigadores e professores da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (UL), assinam o trabalho, publicado na revista da especialidade Astronomy & Astrophysics.
À Lusa, André Moitinho, investigador do Centra – Centro de Astrofísica e Gravitação da UL, disse que “é de longe o maior buraco negro estelar encontrado na Via Láctea”, com o “tipo de massa envolvida na produção de ondas gravitacionais que começaram a ser recentemente detetadas em outras galáxias”.
Os buracos negros estelares formam-se a partir da explosão de uma grande estrela, por ação do seu próprio peso, e os da Via Láctea são, em média, menos densos do que o BH3 – têm cerca de dez vezes a massa do Sol.
O BH3 está a 2.000 anos-luz da Terra, na constelação da Águia, sendo “o segundo buraco negro mais próximo” do ‘planeta azul’, assinala o OES, organização astronómica da qual Portugal faz parte.
Os dados recolhidos pelo telescópio VLT revelam que a companheira da estrela que orbita o buraco negro é pobre em metais, o que sugere, de acordo com os autores do trabalho, que “a estrela que colapsou para formar o BH3 seria também pobre em metais, tal como previsto pela teoria”.
Segundo o astrofísico André Moitinho, “do ponto de vista teórico, só estrelas muito velhas, formadas quando o Universo ainda tinha produzido muito pouco dos elementos químicos” que hoje se conhecem, “podem dar origem a buracos negros com massas tão grandes”.
A missão Gaia, da ESA, foi lançada em 2013 e tem no espaço uma sonda para mapear a Via Láctea, galáxia onde se situa o Sistema Solar, de que faz parte a Terra.
A descoberta do buraco negro BH3, inferida pelo movimento que impõe à estrela que o orbita, foi feita durante operações de rotina de processamento de dados.
“A partir de agora, a missão Gaia, além de estar a criar um mapa 3D da nossa galáxia, de cortar a respiração, passa também a ser uma máquina de descobrir buracos negros”, realçou André Moitinho.
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