Filho de campeão por FC Porto e Boavista preso na Indonésia: «Nunca arranjava problemas»

Filho de campeão por FC Porto e Boavista preso na Indonésia: «Nunca arranjava problemas»

À partida, a detenção de um cidadão português não seria tema para o zerozero. Porém, o jovem de 21 anos preso por posse de droga na Indonésia junta dois pontos que suscitaram o nosso interesse e investigação: ser filho de Rui Óscar e, até ao verão de 2022, ter sido futebolista.

Segundo a imprensa local, as possíveis consequências de uma condenação deste tipo de delitos no país em questão são pesadas. Rui pode ser punido com uma pena de 20 anos de prisão, ainda assim mais leve do que pena perpétua ou pena de morte – cenários levantados nos últimos dias, desde a revelação do caso.

Na busca por mais informações sobre o jovem madeirense, o nosso portal entrou em contacto com Alexandre Figueira, treinador que acompanhou Rui durante três anos nas camadas jovens do Câmara de Lobos.

O retrato é de um rapaz sereno, de poucas conversas e com perspetivas de futuro pós-futebol.

«Ele foi para a Força Aérea, nunca pensei que fosse outro o caminho»

Quisemos saber mais sobre o Rui e sobre o seu passado. Filho de Rui Óscar, antigo futebolista português de renome que envergou as camisolas de, entre outros, Marítimo, FC Porto e Boavista nos anos 2000. Aliás, o também lateral direito foi mesmo campeão ao serviço dos dragões e dos axadrezados.

Nando Teixeira, antigo técnico da equipa sénior do Câmara de Lobos, mencionou ao zerozero que Rui sempre se mostrou «muito sereno e algo calado», sendo que acabou por não alargar o testemunho por apenas ter convivido com o jovem no início da pré-época de 2022/23 – antes do jogador optar por abandonar o futebol.

De bom trato com bola, o jovem lateral direito era bastante cumpridor e assertivo. Em conversa com o zerozero, Alexandre Figueira, atual treinador do União da Bola, mas que esteve ao comando dos juniores do Câmara de Lobos durante vários anos, confidenciou-nos isso mesmo.

«Era um dos capitães pela postura que tinha. Nunca arranjava problemas com ninguém e era um miúdo muito querido por todos os colegas que trabalhavam com ele. Só não era o capitão de equipa porque falava muito pouco. Estava sempre no seu canto, não se chateava com ninguém e era um miúdo muito respeitador.»

Depois de todos os elogios prestados, restava uma pergunta: até onde poderia Rui Viana chegar no futebol? O antigo treinador do lateral nas camadas jovens augurava bom futuro.

«Era um jogador que cumpria tudo. Eu pensava que, pelo menos, ia chegar ao Campeonato Nacional de Seniores ou acompanhar sempre a equipa do Câmara de Lobos, pelo menos isso. Até mesmo, podia perspetivar um bocadinho mais. Tinha qualidade para isso.»

«Era um lateral que tinha muita projeção ofensiva e era muito competente. Mostrava-se um jogador muito forte nos momentos ofensivos. Cumpria sempre o que era pedido e era um daqueles jogadores que todos os treinadores gostam de ter porque não falhava nos momentos defensivos», relembrou.

Sobre a atual situação delicada de Rui Viana, Alexandre Figueira mostrou-se dececionado e surpreendido, lembrando que o jovem parecia ter o seu futuro bem definido.

«Não esperava nada disto por tudo o que ele mostrava. Quando ele sai, em 2022, vai para a Força Aérea e era um miúdo novo a que ninguém tinha nada a apontar. Eu sabia que não ia continuar no futebol, mas nunca pensei que fosse outro o caminho. Não esperava que fosse para o outro lado. Não tinha mesmo a mínima ideia de que ele pudesse entrar para algum caminho desses porque era um miúdo cinco estrelas», concluiu.