ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA
Lisboa, 25 jan 2024 (Lusa) – A ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, afirmou hoje que é “frontalmente contra” a manifestação agendada para a zona do Martim Moniz, em Lisboa, para protestar “contra a islamização da Europa”.
Sobre “a ideia de uma manifestação contra a islamização, que é assim que está anunciada e a ser verdade que ela se vai realizar [segundo o] que está nas redes sociais, devo dizer sou frontalmente contra qualquer manifestação que incite ao ódio e à violência e, portanto, por maioria de razão sou contra essa manifestação”, afirmou à agência Lusa a ministra, confrontada com a realização daquela ação.
“Qualquer manifestação que incite o ódio não merece o meu acordo”, disse Ana Catarina Mendes.
Hoje foi tornada pública uma carta aberta promovida por várias associações de imigrantes e antirracistas, com cerca de 6.500 subscritores, para pedir a proibição de uma manifestação “Contra a Islamização da Europa”, anunciada por grupos ‘online’ de extrema-direita para Lisboa.
“Movimentos de extrema-direita estão a organizar uma ação criminosa contra os imigrantes de origem asiática, que elegeram como alvo, para o dia 03 de fevereiro, em Lisboa, na zona do Martim Moniz e Rua do Benformoso, precisamente por serem as ‘ruas com mais imigrantes do país, sobretudo de origem islâmica’, reivindicando o fim da ‘islamização da Europa’”, escrevem os autores da carta aberta que, ao final da manhã de hoje tinha cerca de 6.500 subscritores, entre os quais 173 estruturas coletivas.
“É manifesto que, nos últimos tempos, a comunidade de imigrantes em Portugal, em especial provenientes do sul da Ásia: Bangladesh, Nepal, Índia e Paquistão, tem sido objeto de uma campanha de desinformação e ódio, em especial nas redes sociais”, pode ler-se no documento.
“As ruas de Portugal são cada vez menos seguras para as pessoas imigrantes”, resumem os promotores.
Na quarta-feira, a presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados salientou que qualquer manifestação que incite a xenofobia e o discurso de ódio racial deve ser proibida pelas autoridades, porque viola a legislação.
“Qualquer manifestação que incite ao ódio e à violência é uma manifestação que, obviamente, deve ser proibida”, afirmou à Lusa Cristina Borges de Pinho
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