O analista de política internacional Rui Cardoso considerou hoje à Lusa que o grupo BRICS padece de incoerência interna, devido às diferenças entre os países que o integram, e da “falta” dos influentes Qatar e Turquia.
Em declarações à Lusa, no final da conferência “O Alargamento dos BRICS a Países Islâmicos: Um Novo Fator de Mudança na Geopolítica mundial?”, em que foi orador e moderador, o também jornalista frisou a “incoerência” do grupo inicialmente composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e agora alargado a mais cinco países.
“No mesmo saco estão países em vias de desenvolvimento, uma superpotência que disputa a hegemonia mundial com os Estados Unidos – ou seja, a China – e está a Rússia, que é a uma antiga superpotência, agora uma potência regional em declínio e por isso mesmo perigosa e que está envolvida numa guerra na Ucrânia”, sublinhou.
“Esta incoerência interna dos BRICS limita em larga medida o que eles possam fazer, mas, por outro lado, representam uma série de reivindicações do sul global que fazem sentido e que tem a ver com a criação de funcionamentos alternativos diferentes para as Nações Unidas, para o comércio Internacional”, acrescentou Cardoso.
Desde 01 de janeiro passado os BRICS integram mais cinco elementos, após a entrada da Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos (EAU), Etiópia e Irão, aumentando a presença islâmica neste bloco, que agrega quase metade da população mundial e um conjunto de recursos críticos que representa 44% do petróleo.
À margem da conferência organizada conjuntamente pelo Observatório do Mundo Islâmico e o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), da Universidade de Lisboa, Rui Cardoso deu conta de outra incongruência: a do Irão, de um lado, e os Emirados Árabes Unidos (EAU) e a Arábia Saudita, do outro.
“Nos BRICS + 5 [sugestão de nome do grupo face à ausência de uma outra denominação] isto faz sentido no aspeto da diversidade e, aliás, não deixa de ser curioso que foi graças aos bons ofícios da China que Irão e Arábia Saudita voltaram a ter a representações diplomáticas. Mas há aqui um outro problema: aqui está representado o universo xiita, via Irão, e o sunita, via Egito e EAU”, observou.
Contudo, assinala, falta a “outra componente, que disputa a hegemonia do mundo sunita e que é o eixo alinhado mais ou menos com a Irmandade Muçulmana, como Turquia e Qatar, que são, goste-se ou não de [Recep Tayyp] Erdogan”, o Presidente turco.
“E, critique-se ou não alguma hipocrisia do Qatar, a verdade é que um e outros são atores absolutamente incontornáveis no mundo de hoje”: quer a Turquia quer o Qatar “estão claramente em falta no edifício dos BRICS”.
News Related-
IA pode reduzir postos de trabalho? Mais de metade dos portugueses temem o pior
-
Enfermeiros apontam o dedo ao “lobby médico” e prometem luta em 2024 (já há greves planeadas). "Não estamos condicionados pelas eleições"
-
Túnel subaquático entre Crimeia-Rússia será "um cordão umbilical indestrutível", mas conseguirá o Kremlin construir o seu "projeto secreto"?
-
VÍDEO: o ponto no padel que vai ficar para a história
-
118 razões para as mulheres não terem filhos? Modelo australiana defende lista polémica (mas há quem apoie)
-
Repórter da TVI "operado a algo que marcou toda a sua vida"
-
Elon Musk visita com Netanyahu um kibutz atacado pelo Hamas
-
Cristiano Ronaldo saiu com queixas e está em dúvida para o próximo jogo do Al Nassr
-
Pescoço partido, coluna fraturada e sangue nos pulmões. O ‘milagre’ após tropeçar… no gato
-
Escassez de água no Algarve é a "pior de sempre", revela APA
-
Sondagem Big Brother: Francisco Vale, Jéssica Galhofas, Joana Sobral ou Palmira Rodrigues? Vote!
-
EuroDreams: conheça a chave do sorteio desta segunda-feira
-
As fotografias encantadoras de Marta Melro com a filha
-
Cristiano Ronaldo 'prescindiu' de penálti. Admitiu que não era falta