"Ninguém à Esquerda pode cantar vitória. Esquerda perde como um todo"

Catarina Martins diz que Esquerda terá de estar “preparada”, não para “lamber feridas”, mas para ser “projeto de esperança, transformador”.

Catarina Martins, ex-coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), considerou, esta segunda-feira, que a Esquerda perdeu “como um todo” nestas eleições legislativas, não só porque a “maioria é de Direita”, mas também “porque a extrema-direita cresceu”. Assim, defende que é preciso “ter uma Esquerda preparada, não para lamber feridas”, mas para para ser um “projeto de esperança”.

“A AD ganhou estas eleições, isso deve ser assinalado. Houve uma vitória, uma vitória da Direita nestas eleições”, começou por dizer, referindo que “não foi um resultado muito expressivo”, mas que “são umas eleições em que a Esquerda perde”.

“A Esquerda perde toda a ela porque a maioria é de Direita e porque a extrema-direita cresceu”, frisou.

Para a antiga líder bloquista, a “clareza sobre o que aconteceu” é “fundamental” nestes momentos, de forma a “pensar, reorganizar, trabalhar com o que existe”.

“Acho que ninguém à Esquerda pode cantar vitória. Claro que eu prefiro que o Bloco de Esquerda tenha aumentado os votos e tenha mantido o grupo parlamentar do que se tivesse caído, mas a Esquerda perde como um todo porque aquilo que se queria evitar – que era uma vitória da Direita e o crescimento da extrema-direita- tudo  isso aconteceu”, reiterou.

A também ex-deputada entende que há assim uma “situação muito complicada para debater nos próximos dias”.

“A extrema-direita cresce, não se percebe quais são as condições de governabilidade que o país terá, mas interessa-me, sobretudo, perceber quais são as condições da legitimidade democrática e do debate democrático, por assim dizer, porque isso é o mais importante”, disse. “A extrema-direita não cresce do nada”, acrescentou ainda.

A antiga coordenadora do Bloco de Esquerda considera que a “conclusão maior” que a Esquerda deve retirar destas eleições “é o facto de termos muita gente que se sente excluída do projeto democrático”. “Muita gente que pretende votar em qualquer coisa que dê cabo do que existe porque sente que não tem resposta para a sua vida”, disse.

Desta forma, chamou à atenção para o exemplo do Algarve, “absolutamente abandonado”, onde o Chega foi a força política mais votada. Catarina Martins fala em “casas vazias, pessoas que não ganham para pagar um casa, salários miseráveis”, com “a monocultura do turismo”, onde “trabalhadores estão de mão estendida a turistas ricos que tenham um pouco mais” e onde a “mão de obra imigrante é muito explorada”.

“Todas as tensões sociais, toda a falta de projeto coletivo, lá está”, notou.

Assim, disse haver uma “certeza”: “A Democracia só funciona quando há um projeto coletivo para se viver melhor, tem de ter esperança. É aí a importância da Esquerda. É ter uma Esquerda preparada, não para lamber feridas, mas para ser esse projeto de esperança, transformador, que não tenha medo de mudar a Economia”, rematou.

No domingo, recorde-se, a Aliança Democrática (AD) venceu as eleições legislativas, com 29,49% dos votos e 79 deputados, à frente de PS, segundo mais votado, com 28,66% e 77 eleitos, e Chega, com 18,06% e 48 mandatos, de acordo com os resultados provisórios, faltando ainda atribuir os quatro mandatos pela emigração.

Segue-se a IL com 5,08% e oito deputados, o BE, com 4,46% e cinco eleitos, a CDU, que com 3,30% elegeu quatro deputados do PCP, o Livre, com 3,26% e também quatro deputados, e o PAN, com 1,93% e um deputado.

Leia Também: Chega vota contra Orçamento da AD se não houver “negociação”

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