Nova cidade de sonho Xiong’an e as inundações na China (ver créditos nas próprias fotos)
A terra está a afundar-se debaixo dos pés de milhões de pessoas nas principais cidades da China devido às atividades humanas, colocando as zonas costeiras do país em maior risco de inundações e de subida do nível do mar, segundo uma nova investigação.
Quase metade das áreas urbanas da China, que abrange 29% da população do país, estão a afundar-se a uma velocidade superior a 3 milímetros por ano, de acordo com o estudo publicado esta quinta-feira na revista Science. São 270 milhões de pessoas a viver em terrenos que estão a afundar-se.
Enquanto isso, 67 milhões de pessoas vivem em terrenos que estão a afundar-se rapidamente, cerca de 10 milímetros por ano.
A extração desenfreada de águas subterrâneas na China é um dos principais fatores de subsidência, segundo os investigadores. As cidades têm estado a bombear água dos aquíferos subterrâneos a um ritmo mais rápido do que a sua reposição, uma situação exacerbada pela seca provocada pelas alterações climáticas. O bombeamento excessivo faz baixar o nível do lençol freático e provoca o enfraquecimento dos terrenos que o cobrem.
A terra está também a afundar-se devido ao peso crescente das próprias cidades. O solo pode compactar-se naturalmente, devido ao peso dos sedimentos que se acumulam ao longo do tempo e aos edifícios pesados que pressionam o solo, fazendo com que a terra se afunde constantemente.
O afundar dos solos não é um problema exclusivo da China. Nos EUA, dezenas de cidades costeiras, incluindo a cidade de Nova Iorque, estão a afundar-se. Nos Países Baixos, 25% das suas terras afundaram-se abaixo do nível do mar. E na Cidade do México, provavelmente a cidade que mais rapidamente se afunda no mundo, a terra está a afundar-se a uma velocidade de até 50 centímetros por ano.
O impacto deste fenómeno é normalmente pior ao longo das costas, onde o nível do mar está a subir ao mesmo tempo. Esta combinação expõe mais terras, pessoas e bens a inundações destrutivas.
O estudo sugere que cerca de um quarto das costas chinesas ficará mais baixo do que o nível do mar devido à subsidência e à subida prevista do nível do mar, preparando a área para danos colossais e pondo vidas em risco. Tianjin, Xangai e as áreas em redor de Guangzhou estão significativamente expostas a ambos os problemas, segundo o estudo.
Mas algumas zonas costeiras da China já construíram proteções físicas contra o risco crescente de inundações e o estudo não tem em conta essas proteções. Em Xangai, por exemplo, Shengli Tao, coautor do estudo e professor na Universidade de Pequim, afirmou que a cidade construiu sistemas de diques “impressionantes” com metros de altura.
“Estes sistemas de barragem costeiros maciços reduzirão em grande medida o risco de inundação, mesmo tendo em conta a subsidência da terra e a subida do nível do mar”, disse Tao à CNN Internacional. “Não tenho conhecimento de outros países que tenham construído sistemas de barragem tão maciços.”
Este estudo é “cientificamente sólido” e fez “um bom trabalho” ao sublinhar que a subsidência não é apenas um “problema costeiro”, considerou Leonard Ohenhen, investigador doutorado da Virginia Tech, nos Estados Unidos, que publicou recentemente um estudo sobre a subsidência de terras nos EUA.
“A maioria das cidades urbanas sofre de afundamento de terras, mas concentramos a nossa atenção nas cidades costeiras devido à subida do nível do mar”, observou Ohenhen, que não esteve envolvido no estudo, à CNN Internacional. “No entanto, a maioria das cidades urbanas regista subsidência de terras a taxas comparáveis ou mesmo superiores à subsidência nas cidades costeiras.”
Tao disse que o governo chinês está a lidar com o afundar das terras de algumas formas, incluindo a implementação de leis rigorosas para controlar o bombeamento de águas subterrâneas nos últimos anos. Xangai e as áreas circundantes têm vindo a limitar a extração de águas subterrâneas, o que tem abrandado a taxa de subsidência da região. Décadas atrás, a subsidência de Xangai era um problema significativo.
A China também tem estado a bombear água do rio Yangtze, no sul da China, para o norte – incluindo Pequim – que tem sofrido de escassez de água. O estudo concluiu que o projeto evita a necessidade de bombear águas subterrâneas em excesso e pôs fim à subsidência dos solos em Pequim.
“Acredito que os esforços do governo chinês irão resolver a questão da subsidência dos solos”, afirmou Tao. “Mas sugiro que se continue a controlar as captações de água subterrânea nas grandes cidades e que se mantenham constantemente os sistemas de diques nas zonas costeiras.”
News Related-
IA pode reduzir postos de trabalho? Mais de metade dos portugueses temem o pior
-
Enfermeiros apontam o dedo ao “lobby médico” e prometem luta em 2024 (já há greves planeadas). "Não estamos condicionados pelas eleições"
-
Túnel subaquático entre Crimeia-Rússia será "um cordão umbilical indestrutível", mas conseguirá o Kremlin construir o seu "projeto secreto"?
-
VÍDEO: o ponto no padel que vai ficar para a história
-
118 razões para as mulheres não terem filhos? Modelo australiana defende lista polémica (mas há quem apoie)
-
Repórter da TVI "operado a algo que marcou toda a sua vida"
-
Elon Musk visita com Netanyahu um kibutz atacado pelo Hamas
-
Cristiano Ronaldo saiu com queixas e está em dúvida para o próximo jogo do Al Nassr
-
Pescoço partido, coluna fraturada e sangue nos pulmões. O ‘milagre’ após tropeçar… no gato
-
Escassez de água no Algarve é a "pior de sempre", revela APA
-
Sondagem Big Brother: Francisco Vale, Jéssica Galhofas, Joana Sobral ou Palmira Rodrigues? Vote!
-
EuroDreams: conheça a chave do sorteio desta segunda-feira
-
As fotografias encantadoras de Marta Melro com a filha
-
Cristiano Ronaldo 'prescindiu' de penálti. Admitiu que não era falta