José Pedro Aguiar-Branco, presidente da Assembleia da República (Lusa/Filipe Amorim)
“O presidente da Assembleia da República deve procurar ser eleito com a maior base política possível”, defende o constitucionalista Paulo Otero, depois de Aguiar-Branco ter sugerido alterar o regimento da Assembleia da República (AR) de modo a agilizar o processo de eleição. Só à quarta vez é que o candidato da AD foi eleito presidente da AR, mas com uma condição: presidência dividida com o PS.
Foram precisas 24 horas para encontrar o sucessor de Augusto Santos Silva, naquele que aparentava ser um processo rápido de eleição, mas que teve avanços e recuos, acordos que deixaram de o ser e acordos que passaram a ser.
Foi perante este cenário que Aguiar-Branco, já como presidente da Assembleia da República (PAR), desafiou todos os grupos parlamentares a “repensar o regimento”, o documento legal que rege o funcionamento interno do Parlamento. “Nunca antes foi tão difícil eleger um presidente da AR”, nota o constitucionalista Jorge Reis Novais, explicando que o atual documento obriga a uma maioria absoluta.
Em termos jurídicos, “não há grande dificuldade legal” em alterar os estatutos, garante Jorge Reis Novais. Aliás, o regimento é a “expressão de um poder de auto-organização interna exclusivo do Parlamento”, define Paulo Otero. Por isso, “a sua alteração não depende de lei, não estando sujeita a promulgação”.
“A alteração do regimento não se faz por lei, não está sujeita a promulgação, por isso, os deputados podem alterar e reconfigurar o regimento da AR”, esclarece o constitucionalista.
À CNN Portugal, Eduardo Ferro Rodrigues, ex-presidente da Assembleia da República, explica que são os deputados, através de “um processo que culmina com a necessidade de maioria absoluta”, que realizam alterações ao regimento. A última atualização deu-se em 2023 e “foi objeto de grande consenso”, lembra ainda Augusto Santos Silva, que não quis alongar-se em considerações políticas.
“É mais simples alterar o regimento do que fazer uma lei”, garante Paulo Otero, explicando que a última tem de passar pelo Presidente da República. “O regimento é publicado independente do Presidente e apenas conjuga a vontade do Parlamento.”
Sendo que por lei é relativamente fácil alterar os estatutos, a questão foca-se em se será ou não adequada a sugestão de Aguiar-Branco. Ferro Rodrigues discorda, considerando que “é prudente, aconselhável e democrático que não haja um PAR sem a maioria absoluta dos votos dos deputados”. A obrigação de maioria absoluta é “uma condição rígida”, descreve Jorge Reis Novais, explicando que sem ela “há um risco de bloqueio grande”.
Paulo Otero partilha da mesma visão, considerando que “não se deve alterar a maioria exigida pelo regimento”. O constitucionalista defende que o presidente da AR “deve procurar ser eleito com a maior base política possível”. Isto porque “não é apenas presidente da maioria, mas de todos os deputados”. “É a segunda figura de Estado”, sublinha o constitucionalista, explicando que “não só substitui o Presidente da República em caso de impedimento, como é presidente da Assembleia representativa de todos os portugueses”.
Diminuir a maioria para eleger o PAR “é, simultaneamente, diminuir a sua legitimidade e força política”, argumenta ainda Paulo Otero. No entanto, o constitucionalista diz que “a legitimidade vem também do modo como se exerce o poder”, lançando uma farpa a Augusto Santos Silva: “A forma como exerceu levou a que não tivesse sido eleito”. “Foi uma forma de censura do partido e da pessoa em causa”, observa.
Caso uma alteração ao regimento viesse a ser realizada, Jorge Reis Novais defende que o acordo político entre o PS e PSD deve ser salvaguardado. Ou seja, “a modificação do regimento não pode ser desconforme com o acordo”.
O constitucionalista propõe, por exemplo, que uma solução para simplificar o processo de eleição do presidente da AR seria, “ao final de três tentativas de maioria absoluta, abrir uma votação final e seria eleito quem tivesse mais votos a favor”.
News Related-
IA pode reduzir postos de trabalho? Mais de metade dos portugueses temem o pior
-
Enfermeiros apontam o dedo ao “lobby médico” e prometem luta em 2024 (já há greves planeadas). "Não estamos condicionados pelas eleições"
-
Túnel subaquático entre Crimeia-Rússia será "um cordão umbilical indestrutível", mas conseguirá o Kremlin construir o seu "projeto secreto"?
-
VÍDEO: o ponto no padel que vai ficar para a história
-
118 razões para as mulheres não terem filhos? Modelo australiana defende lista polémica (mas há quem apoie)
-
Repórter da TVI "operado a algo que marcou toda a sua vida"
-
Elon Musk visita com Netanyahu um kibutz atacado pelo Hamas
-
Cristiano Ronaldo saiu com queixas e está em dúvida para o próximo jogo do Al Nassr
-
Pescoço partido, coluna fraturada e sangue nos pulmões. O ‘milagre’ após tropeçar… no gato
-
Escassez de água no Algarve é a "pior de sempre", revela APA
-
Sondagem Big Brother: Francisco Vale, Jéssica Galhofas, Joana Sobral ou Palmira Rodrigues? Vote!
-
EuroDreams: conheça a chave do sorteio desta segunda-feira
-
As fotografias encantadoras de Marta Melro com a filha
-
Cristiano Ronaldo 'prescindiu' de penálti. Admitiu que não era falta