Durante 19 anos não sabiam que eram gémeas. Na Alemanha, Aza vivia a achar que as duas filhas tinham morrido à nascença numa maternidade na Geórgia. Afinal, estavam vivas e tinham sido vendidas e adotadas por duas famílias diferentes. O Got Talent, o TikTok e o Facebook foram fundamentais para que as três se voltassem a encontrar
As gémeas do casal ribatejano nasceram em janeiro. Embriões tinham sido criados um mês antes do início da guerra
Amy e Ano são irmãs gémeas, mas passaram 19 anos sem se conhecerem. Foi através de um programa de talentos na televisão e de um vídeo no TikTok que se cruzaram, conta a BBC. Tudo isso porque eram “parecidas”. Começaram, então, a falar, mas sem saberem que, depois de nascerem, tinham sido retiradas à mãe e vendidas a famílias distintas.
O primeiro contacto começou aos 12 anos, quando Amy Khvitia viu, na televisão, uma rapariga igual a ela a participar no ‘Georgia’s Got Talent’. “Todos ligavam à minha mãe e perguntavam: ‘Porque é que a Amy está a dançar com outro nome?’”, contou Amy. A jovem chegou a questionar a família, mas a mãe respondeu que “todos têm um sósia”.
E a vida seguiu para Amy, sem saber que se voltaria a cruzar com Ano passado algum tempo. Em novembro de 2021 (sete anos depois de Ano ter participado no programa), Amy publicou um vídeo no TikTok a fazer um piercing na sobrancelha. Um amigo de Ano viu o vídeo e achou “fixe” que a 320 quilómetros de distância existisse uma rapariga que era idêntica à amiga, tendo enviado o vídeo a Ano.
Ano, depois de ver o vídeo, não hesitou e fez de tudo para conseguir contactar Amy. Quando Amy recebeu uma mensagem de Ano, soube de imediato que aquela era a rapariga que tinha visto na televisão a dançar.
Mensagem a mensagem, Amy e Ano foram descobrindo que não era só de aspeto que eram parecidas. Gostavam da mesma música, adoravam dançar e tinham nascido no mesmo hospital (no oeste da Geórgia). No entanto, as certidões de nascimento mostravam que semanas separavam o dia em que nasceram. Ainda assim, Amy revela que “as coisas ficaram mais estranhas”: ambas tinham a mesma doença genética, um distúrbio ósseo chamado displasia.
Depois de se terem encontrado num centro comercial, dizem ter percebido que “eram gémeas” e, por isso, optaram por voltar a confrontar a família: tinham sido adotadas, separadamente, em 2002. As irmãs descobriram que os detalhes nos seus certificados de nascimento oficiais, incluindo a data em que nasceram, estavam errados.
Ainda assim, havia pontas soltas. Quem eram os pais? Por que foram vendidas? E foi na procura de respostas que as redes sociais voltaram a ter um papel importante. Amy encontrou um grupo no Facebook dedicado a reunir famílias georgianas com crianças suspeitas de terem sido adotadas ilegalmente. Depois de contar a sua história, uma jovem na Alemanha respondeu.
A jovem alemã disse que a sua mãe, Aza, tinha dado à luz gémeas na Maternidade Kirtskhi em 2002. O hospital disse a Aza que as suas filhas tinham morrido. Com mais dúvidas do que respostas, Amy, Ano e a jovem alemã fizeram testes de DNA: eram mesmo irmãs. As gémeas partiram, assim, rumo à Alemanha, para conhecerem a sua mãe.
Amy e Ano não são caso único: o grupo tem mais de 230 mil membros e chama-se ‘Vedzeb’ (que significa “Estou à procura” em georgiano). O grupo tem inúmeros posts de mães que dizem que o pessoal do hospital lhes disse que os seus bebés tinham morrido, mas que posteriormente descobriram que as mortes não foram registadas.
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