Fotógrafo do BVB é português: do Benfica a Klopp, ao «inferno» Westfalenstadion

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Fotógrafo do BVB é português: do Benfica a Klopp, ao «inferno» Westfalenstadion

Alexandre Simões tem 53 anos e é desde outubro de 2013 o fotógrafo oficial do Borussia Dortmund. Filho de pais portugueses, Alex, como é tratado pelos amigos, nasceu em Iserlohn, uma localidade a sul de Dortmund, mas teve sempre no país de Camões o ponto de partida na vida familiar.

Em dia de Portugal – Turquia no «seu» Westfalenstadion, o homem que capta as imagens do gigante alemão concede uma entrevista ao zerozero para falar sobre o sentimento lusitano que o marca de forma indelével, mas também para nos guiar numa viagem ao coração do Borussia Dortmund e do seu estádio, o “templo do futebol alemão”.

Dos tempos passados com Jürgen Klopp - decisivo para que Alexandre fosse para o clube - ao túnel estreito do anfiteatro do encontro desta tarde, Alexandre mostra-se tão ágil com as palavras como a captar momentos através da lente.

Há ainda espaço nesta entrevista para falar do Benfica e das razões pelas quais quer ver Portugal Campeão da Europa na Alemanha.

zerozero – O Alexandre nasceu na Alemanha, mas é filho de pais portugueses. É assim?

Alexandre Simões - Exatamente. Não há raízes alemãs na minha família, somos todos portugueses; os meus pais, os meus avós, todos. Mas eu nasci cá.

zz - O Alexandre já é a segunda ou terceira geração da família na Alemanha, portanto.

AS – Sim. Os meus avós vieram para cá e trouxeram a minha mãe. O meu pai veio sozinho.

zz – E a sua família é de onde em Portugal?

AS – A minha mãe é de Lagos, no Algarve, e o meu pai é de Figueiró dos Vinhos.

zz – E qual é a sua ligação a Portugal? Vai lá muitas vezes?

AS – Sim, sim. Todos os anos! Aliás, eu tenho (!) de ir algumas vezes por ano a Portugal [sorrisos]. Não pode ser de outra forma. Vamos quase sempre de carro, porque tenho essa flexibilidade. Eu, a minha mulher e os meus filhos. A minha mulher é alemã, isso não deu para evitar [sorrisos].

zz – Muito bem. Agora que esclarecemos as ligações familiares, vamos ao Borussia Dortmund. Há quantos anos trabalha no clube?

AS – Oficialmente, comecei em outubro de 2013.

zz – E como é que chegou ao Borussia?

AS – Eu já trabalhava como fotógrafo para agências de fotografia. Europeus, Mundiais... tudo o que havia para fazer, eu fazia - e em todo o lado. Mas como vivo aqui perto, porque sou natural de Iserlohn, também acompanhava o Borussia Dortmund. Era perto e, por isso, acabei por “entrar” aqui através das agências que acompanhavam o clube. Depois, o Dortmund qualificou-se para a Liga dos Campeões, em 2012, ao fim de muito tempo - depois do primeiro título do Klopp - e precisavam de fotografias... digamos que diferentes das habituais. Procuravam alguém que fotografasse desporto, que soubesse fotografar em estúdio e que tivesse conhecimento sobre tudo aquilo que isso implica. Tudo isso, eu tinha aprendido porque tirei mesmo o curso de fotografia. No Dortmund já sabiam quem eu era e acabaram por ‘matar dois coelhos com uma cajadada’. Vieram ter comigo e disseram: «Alex, precisamos de alguém que fotografe desporto e que saiba fotografar em estúdio, alguém que as pessoas aqui conheçam e de quem gostem...». E eu lá disse: «Bem, estou aqui.» E em outubro de 2013 comecei a trabalhar de forma oficial no Borussia Dortmund e tornei-me o primeiro fotógrafo oficial de um clube alemão.

zz – A sério?

AS - Sim. O Dortmund foi pioneiro na Alemanha nesse campo. Os clubes ingleses, os franceses, os espanhóis... já todos tinham isso, mas na Alemanha esse trabalho era feito pelas agências e não por fotógrafos do clube. Agora sou funcionário do clube, tal como nesses países, e acabei por ser o primeiro na Alemanha. O Bayern de Munique avançou pouco depois para essa solução e hoje já vários clubes têm fotógrafo próprio, como o Bayer Leverkusen ou Union Berlin. Está a tornar-se habitual.

zz – O Borussia Dortmund é o seu clube do coração?

AS – Sim, sim. Lembro-me de ser muito pequeno e eles tinham um equipamento com o patrocínio da “UHU”, tudo em amarelo e preto, e eu achava aquilo "porreiro". Desde então foi sempre o BVB. Claro que quando se trabalha neste meio, sobretudo numa agência de fotografia, acabamos por cobrir vários clubes. Fiz o Bayern [de Munique], o Schalke... os três “pilares” aqui na Alemanha, juntamente com o Borussia Dortmund – e talvez o Hamburger SV. Mas fui sempre adepto do BVB.

zz – Em Portugal, o coração bate por algum clube?

AS - [Risos].

zz – Esta pergunta tinha de ser feita, peço desculpa [risos].

AS – Eu sei, eu sei. Portanto, o meu pai é sportinguista, mas eu nunca me consegui entender com o verde [risos]. No meu caso, foi mesmo o Benfica a cativar-me. Há várias razões para isso. Quando era pequeno, por exemplo, lembro-me de passar várias vezes ao lado do estádio da Luz e a família do meu pai em Portugal é toda do Benfica. Mas o estádio da Luz! A magia que o envolvia, depois havia o Eusébio... tudo isso acabou por me cativar.

«Se o Klopp te pedir alguma coisa, tu fazes»

zz - Voltemos ao Borussia Dortmund. Nos quase 11 anos que trabalha no clube viu muitos jogadores a entrar e a sair. De quem é que tem mais saudades?

AS – Puh... Essa é uma boa pergunta. Foram muitos – alguns entretanto já regressaram [risos]. Mas pronto... Na questão dos golos, o Haaland era perfeito. Esse era brutal! O Jude Bellingham não jogou muito tempo cá, mas apreciei muito o tempo que passei com ele porque era um tipo muito profissional.

zz – O Haaland e o Bellingham são tipos diferentes, não?

AS – Sim, sim. Totalmente. Agora também há o novo treinador, o Nuri Sahin, que é alguém que eu conheço quase desde pequeno aqui no clube; o Mario Götze, com quem ainda tenho contacto também. Dos mais antigos, o Dedê, por exemplo. Ligámo-nos logo pelo facto de falarmos os dois português, e quando estamos juntos “gritamos” um com o outro, porque se ele estiver a dar uma entrevista ou algo do género sai-lhe logo um: «Ó português!» Era assim com ele.

zz - Há outro nome com quem trabalhou no Borussia Dortmund: Jürgen Klopp. Ele é tão “maluco” no dia a dia como mostra para o exterior?

AS – Sim, sim. O Klopp é, sem sombra de dúvidas, um tipo "porreiro"! É espetacular, não há outra forma de o dizer. O Jürgen é daquelas pessoas que quando te pede alguma coisa, tu fazes. E fazes porque ficas com a sensação que tu mesmo queres fazer aquilo; ele convence-te de tal forma que tu ficas a pensar que aquela é a tua própria convicção e vais dar tudo de ti para o fazer, não interessa como. E esse é o Jürgen, um espetáculo! Aliás, quando eu entrei no clube foi também por ele. Como fotógrafo do clube, tu és parte do grupo; não jogas, mas és uma parte daquilo. Estás lá no dia a dia, viajas com a equipa para todo o lado, tudo. E a decisão de ter um fotógrafo no clube não foi tomada apenas a nível diretivo, mas também a nível desportivo. O Jürgen conhecia-me e disse logo: «Sem problemas, vamos a isso!». O Jürgen faz falta, esse faz mesmo falta [sorrisos].

zz – Acredito. Vamos olhar um pouco para o jogo com a Turquia. Vai estar no estádio?

AS - Não. Este ano tomei a decisão de não me envolver.

zz – Nem como adepto?

AS - Não, não. Não tenho bilhete e também não pedi acreditação como fotógrafo. Desta vez quis mesmo manter-me totalmente à margem. Trabalho nisto desde 1997 e já fotografei tudo, também o Cristiano Ronaldo. Fotografei o Euro 2004 em Portugal. Isso foi bonito, mas triste no final. E o pior foi que fui obrigado a fotografar os gregos por causa do Otto Rehhagel, que era alemão.

zz – Isso deve ter custado.

AS – Nem me fales! Não tinha vontade nenhuma. Mas eu tinha de o fazer, caso contrário perguntavam-me na agência se eu estava maluco por não fotografar um alemão que tinha acabado de se sagrar campeão da Europa. Mas digo-te uma coisa: os gregos não jogavam nada, estacionaram o autocarro em frente à baliza e depois, desculpa, fazem a m**** do golo! Mas voltando ao assunto. Faço isto há anos e decidi, apesar de ser um Europeu no meu país, que não teria grandes vantagens em trabalhar neste Euro.

zz – Entendo. Vamos às duas últimas perguntas, a primeira sobre o Westfalenstadion, onde se vai jogar. O “Templo do futebol alemão”, como é conhecido. Para quem nunca assistiu a um jogo lá, explique como é.

AS - [Pausa...]. É o adversário final. É um “inferno” futebolístico. Para além daquele estádio, penso que só a América do Sul tem um ambiente assim; é inacreditável. Para os portugueses que ainda não viram um jogo lá, têm de assistir a um jogo do Borussia Dortmund. Será algo que nunca viveram. No sábado vão estar mais turcos e vai ser inacreditavelmente barulhento, porque a estrutura da cobertura também potencia isso; é inclinada e o som é todo direcionado para dentro. O túnel de acesso ao relvado também é muito estreito em Dortmund. O Jürgen Klopp disse uma vez que «é como estares prestes a dar à luz e, de repente, sais para o mundo.» É mesmo estreito! Cabem lá duas pessoas lado a lado e é isso. Depois ainda tens de descer umas escadas primeiro, depois subir outras até saíres para aquele turbilhão.

zz – Agora a última pergunta: Portugal ou Alemanha para ser campeão da Europa?

AS - Antigamente conhecia bastantes jogadores da seleção alemã, porque lidava muito com eles. Hoje conheço os do Borussia Dortmund ou aqueles que jogaram cá e, claro, ficaria feliz por eles. Mas também ficaria feliz por nós portugueses; somos de um país pequeno que muitas vezes não é valorizado por inteiro. Gostam de nós porque temos pastéis de Belém, vinho do Porto e boas praias, mas somos sempre reduzidos àquilo que os outros gostam. Por isso, gostaria muito que fôssemos campeões da Europa.

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