Vitória da extrema-direita traz riscos, mas Le Pen pode evitar crise

A vitória da extrema-direita nas europeias levou o Presidente francês a convocar eleições antecipadas, abalando os mercados, mas os analistas consideram que as ambições presidenciais de Marine Le Pen deverão conter possíveis danos orçamentais de políticas protecionistas.

Os alarmes começaram a soar nos mercados após Emmanuel Macron anunciar a sua decisão, na noite de 9 de junho, com as bolsas a cair e os juros da dívida soberana do país a aumentar.

O diferencial das obrigações francesas a 10 anos face à Alemanha chegou mesmo a atingir o ponto mais alto desde fevereiro de 2017, como destaca Gregor Hirt, diretor de Investimento global de multiativos da Allianz Global Investors, numa nota de análise.

As bolsas europeias eventualmente recuperaram, mas a incerteza à volta do resultado das eleições – cuja primeira volta ocorre em 30 de junho e a segunda em 7 de julho – continuou a penalizar as ações francesas e o ‘spread’ da dívida soberana.

Esta reação deveu-se "ao receio de que os gastos orçamentais mais elevados levassem a um ‘downgrade’, à venda por parte de investidores estrangeiros (eles detêm cerca de 50% ou mais da dívida do Governo francês) e, em última análise, ao risco de um Frexit [França sair da União Europeia]", salienta Jens Peter Sørensen, analista do Danske Bank, à Lusa.

Além disso, "o Banco Central Europeu indicou que não recorrerá ao ‘quantitative easing’ em caso de perturbação no mercado obrigacionista francês", pelo que "o próximo governo terá de evitar aumentar o prémio de risco exigido pelos credores para a dívida francesa durante os futuros leilões", destaca Antoine Andreani, da XTB França.

Os analistas consideram essencialmente três cenários prováveis após as eleições: o União Nacional (Rassemblement National – RN, em francês) conquista maioria absoluta na Assembleia, fica-se por uma maioria relativa ou a aliança de esquerda obtém uma maioria relativa.

O ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire, já veio alertar que se a extrema-direita ou a extrema-esquerda conseguirem maioria, França pode entrar numa crise da dívida, numa entrevista ao Le Monde.

A Goldman Sachs também estimou que a dívida do país poderia atingir 120% do PIB se o RN vencer as eleições.

É de salientar que o défice e a dívida francesa já estão em níveis elevados, sendo que em 2023 a dívida pública atingiu os 110,6% do PIB e o défice cifrou-se em 5,5% do PIB.

França foi mesmo colocada num procedimento por défice excessivo pela Comissão Europeia, em junho, com o regresso das regras orçamentais da União Europeia, que foram suspensas durante a pandemia e definem como limites um défice orçamental de 3% e um rácio da dívida pública de 60% do PIB.

O receio, por um lado, é que o plano protecionista do RN, partido de Marine Le Pen, leve a um agravamento da situação das finanças públicas francesas.

No entanto, Jean-Philippe Tanguy, deputado do RN, assegurou que se o partido ganhar, vão cumprir as regras orçamentais da UE: "Não deixaremos o défice ficar fora de controlo. Não usaremos qualquer margem de manobra, que a França já não tem, e romperemos com 50 anos de défices sistemáticos", disse.

Existem, ainda, outros fatores que podem atenuar este risco, como destaca Florian Spaete, estratega de Rendimento Fixo da Generali Investments, numa análise: “Existem preocupações ligadas às propostas políticas do RN, mas o objetivo final de Le Pen é vencer as eleições presidenciais de 2027, por isso ela fará questão de evitar uma crise orçamental semelhante à de Salvini e Truss”.

Sørensen acrescenta: “Se acreditarmos nas declarações que vimos, então o risco pode não ser tão significativo – parece-se muito com 2022 com as eleições italianas, onde Meloni ganhou, mas acabou por ser pró-UE – portanto, neste caso então os mercados estabilizarão e os ‘spreads’ diminuirão”.

Assim, considera o analista, “o risco de um orçamento muito fraco parece muito pequeno”.

Há também o cenário, mais improvável, de uma vitória da aliança da esquerda, que defende políticas como um imposto sobre a riqueza, aumentar o IRS sobre os mais ricos e congelar os preços de alguns bens essenciais.

“O risco para a França é que o ‘spread’ da sua dívida poderá continuar a aumentar, sendo que alguns títulos franceses já têm a ‘yield’ mais alta do que alguns títulos portugueses”, destaca Gregor Hirt.

Para o analista, “na pior das hipóteses, o ‘rating’ de França será ainda mais reduzido e o país lutará para atrair capital estrangeiro".

Já se o RN tiver um resultado abaixo do esperado, ficando próximo do partido de Macron, acaba por ser ‘business as usual’, nota Sørensen, admitindo que “talvez algumas concessões sejam dadas à direita, mas apenas em termos modestos”.

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