Na conferência internacional que decorreu em Paris, os doadores mundiais prometeram mais de dois mil milhões de euros ao Sudão, em guerra há um ano. ONG lembra que financiamento prometido é metade do valor necessário.
Refugiados sudaneses no campo de Gorom, a sudoeste de Juba
“O financiamento prometido é metade dos quatro mil milhões de euros necessários no Sudão e nos países vizinhos. Milhões de pessoas continuam a correr o risco de morrer à fome ou de serem obrigadas a fugir. E apenas metade dos países do G20 – as economias mais ricas do mundo – estão a contribuir, por isso, onde estão os restantes?”, questiona o diretor nacional do Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC). para o Sudão, Will Carter, num comunicado.
Os fundos prometidos são “necessários para salvar milhões de vidas: devem ser disponibilizados imediatamente”, sublinha ainda Carter, apelando a que as palavras sejam transformadas em ações que “ajudem a abrir rotas humanitárias e a ultrapassar os constrangimentos”.
Segundo o Presidente francês, Emmanuel Macron, o montante prometido no encontro de Paris permitirá dar resposta às necessidades mais urgentes deste país que, há um ano em guerra, enfrenta “uma das piores crises humanitárias do mundo”.
“O nosso compromisso vai permitir responder às necessidades mais urgentes nas áreas de alimentação, saúde, água, higiene, educação e a proteção das populações mais vulneráveis”, declarou Macron.
Também Jacky Mamou, presidente da associação “Urgence Darfour”, disse à DW esperar que, com estas doações, seja dada prioridade à ajuda alimentar: “Obviamente, porque se não houver nada para comer, não há futuro. Por isso, a ajuda alimentar é muito importante. Estima-se que 18 milhões de pessoas sofrem de insegurança alimentar e 730 mil crianças de desnutrição aguda”.
Desde 15 de abril de 2023 que o exército sudânes, comandado por Abdel Fattah al-Burhane, e as Forças de Apoio Rápido, de Mohamed Hamdane Daglo, lutam pelo controlo do poder no Sudão. O conflito fez já mais de 14 mil mortos e 33 mil feridos, segundo a ONU.
O ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Stephane Sejourne, a ministra alemã dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, o comissário Janez Lenarcic e o chefe da política externa da União Europeia, Josep Borrell, participaram na Conferência Humanitária Internacional para o Sudão
Mundo “a esquecer-se do povo do Sudão”
Esta segunda-feira (15.04), o secretário-geral das Nações Unidas disse que por estar focado nas tensões no Médio Oriente, o mundo “se está a esquecer do povo do Sudão”. António Guterres alertou ainda para a possibilidade de estarem a ser cometidos crimes contra a humanidade neste país, sublinhando que o Sudão “é mais do que apenas um conflito entre duas partes”.
“É uma guerra travada contra o povo sudanês. É uma guerra contra os muitos milhares de civis que foram mortos e dezenas de milhares de mutilados para o resto da vida. É uma guerra contra os direitos humanos e o direito humanitário internacional”, sublinhou Guterres.
Em fevereiro, a ONU estimou serem necessários quatro mil milhões de euros para ajudar as pessoas afetadas pelo conflito. Em declarações à margem da conferência de Paris, a ministra alemã dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, fez saber que apenas 6% deste montante foi conseguido até à data.
“Se nós, como comunidade global, não tomarmos medidas massivas agora, o Sudão enfrentará uma terrível catástrofe de fome. Na pior das hipóteses, um milhão de pessoas poderão morrer de fome este ano. A Alemanha irá, portanto, fornecer hoje mais 244 milhões de euros em ajuda humanitária”, disswe.
Na declaração final, os participantes da conferência – co-presidida pela Alemanha, França e União Europeia (UE) – instaram as partes em conflito no Sudão a porem termo às violações dos direitos humanos e a permitirem o acesso da ajuda humanitária.
por:content_author: Nafissa Amadou, rl, Lusa, com agências
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