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Uma equipe de pesquisadores brasileiros e mexicanos descobriu, no México, uma das menores espécies de morcegos que comem frutas. Batizada de Vampyressa villai, a espécie pesa entre 5 e 8 gramas e mede 5 centímetros, tem pelagem bege-amarela e quatro listras brancas no rosto.
Antes do estudo, se conhecia cinco espécies de morcegos do mesmo gênero. Os Vampyressa têm ampla distribuição geográfica e se espalham do sudoeste do México até países da América do Sul, como Bolívia, Argentina e Brasil. Isso representa um desafio na hora de descobrir novas espécies de morcegos, como conta um dos pesquisadores responsável pela descoberta, Guilherme Garbino, que também é professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
O Vampyressa villai é considerado uma das menores espécies de morcegos frugívoros do mundo Foto: Giovani Hernandez Canchola
“Como os morcegos ocorrem em áreas muito extensas, para investigarmos a taxonomia do grupo precisamos visitar coleções de diversos países para tentar ter uma imagem mais clara da distribuição e variação geográfica das espécies.” Além de Garbino, o estudo contou com a contribuição de outra brasileira, Valéria Tavares, que trabalha no Instituto Tecnológico da Vale (ITV).
Entre as 1400 espécies de morcegos, o peso pode variar bastante. Apesar de seu porte pequeno, os V.villai ainda são maiores que centenas de morcegos. Os menores representantes se alimentam de insetos e podem pesar em média 2 gramas. Já os maiores chegam até 1,5 quilo.
- Os representantes da espécie V. Villai habitam os estados mexicanos Oaxaca, Guerrero e, possivelmente, Veracruz, em áreas que ficam entre 150 e 2.200 metros acima do mar.
- A maioria deles foram encontrados no Istmo de Tehuantepec. A área é conhecida por funcionar como uma barreira biológica na diferenciação de várias espécies de mamíferos e vertebrados.
Como os registros são escassos, por enquanto, pouco se sabe sobre os V. Villai. Mas a espécie recém-descoberta se parece com outras brasileiras, como Vampyressa pusilla, que vive na Mata Atlântica, Pantanal e Cerrado, e Vampyressa thyone, encontrada na Amazônia. Sabe-se, por exemplo, que as duas usam folhas como abrigo e se alimentam de frutas, ou seja, são frugívoros.
- Os pesquisadores observaram representantes do gênero Vampyressa em 15 coleções ao redor do mundo, inclusive no Brasil, em museus do Estado de Minas Gerais.
- Juntas, as coleções somavam 256 representantes de morcegos Vampyressa. A equipe de cientistas concluiu que, na verdade, oito deles faziam parte de uma espécie até então desconhecida pela comunidade científica.
Eles encontraram diferenças no DNA, na pelagem, nos dentes e no crânio dos morcegos. Um dos aspectos que afastou os V. Villai das outras espécies brasileiras do mesmo gênero foi a presença de pelos brancos ao redor dos lábios superiores. Além disso, a fileira de dentes do maxilar dos V. Villai também era mais curta do que a das demais.
Outro fator que contribuiu para que a equipe tivesse certeza de que se tratava de uma nova espécie foi a localização. As características observadas na V. Villai estavam limitadas à região do Istmo de Tehuantepec.
Guilherme Garbino destaca que os mamíferos são um dos vertebrados mais bem estudados pela comunidade científica, atrás apenas das aves. No entanto, há um volume menor de informações sobre os morcegos, por serem animais pequenos e de hábito noturno.
No caso do gênero Vampyressa, há ainda o agravante da raridade de seus representantes nas coleções. Isso tornava o banco de dados para comparação entre espécies bem menor e aumentava a necessidade de visitar múltiplos países.
Mandíbula das espécies ‘V. villai’ (esquerda), ‘V. thyone’ (meio) e ‘V. pusilla’ (direita) Foto: Reprodução/Journal of Mamology
O pequeno número de morcegos V. Villai nas coleções – são apenas oito – leva os cientistas a supor que a espécie deve ser rara ou que os métodos de captura não são eficientes para os morcegos recém-descobertos.
Garbino destaca que as espécies só passam a existir diante da legislação, da conservação e da biologia quando recebem um nome. “Só conseguimos proteger e preservar aquilo que está devidamente catalogado e nomeado”, diz. A descoberta dos V. Villai é o primeiro passo para entendê-los melhor do ponto de vista ecológico, anatômico e fisiológico.
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