Trump e Biden vencem primárias no Michigan; presidente enfrenta voto de protesto por apoio a Israel
O presidente americano, Joe Biden, venceu por ampla margem as primárias democratas no Estado do Michigan, no nordeste dos Estados Unidos, na noite de terça-feira (27), apesar de um movimento de protesto contra o apoio da Casa Branca a Israel na guerra da Faixa de Gaza. Do lado republicano, Donald Trump impôs uma grande vantagem sobre sua rival Nikki Haley.
As vitórias de Biden e Trump nas primárias dos partidos democrata e republicano já eram esperadas. No entanto, especialistas estavam atentos a possíveis sinais de um enfraquecimento do apoio em ambos os lados.
O movimento progressista “Listen to Michigan” (Ouça o Michigan) convocou os eleitores a selecionarem a opção “uncommitted” (sem compromisso) nas cédulas eleitorais para marcar sua oposição ao apoio de Biden ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no conflito contra o Hamas.
A iniciativa é frequentemente proposta para avaliar o amparo aos candidatos. Em 2012, por exemplo, o ex-presidente Barack Obama obteve 21 mil votos “sem compromisso”.
Com 98% dos votos dos eleitores democratas apurados na manhã desta quarta-feira (28), Biden acumulava 81,1% das escolhas, segundo a agência de notícias AP. Mais de 100 mil votos foram marcados pela opção “sem compromisso”, o que representa em torno de 13,3% do total.
O objetivo da mobilização é pressionar o líder democrata para que ele recue e exija um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza. O sucesso da iniciativa se deu porque o Michigan conta com mais de 300 mil pessoas de origem árabe, sensíveis à causa palestina.
À medida que aumenta o número de vítimas civis no conflito entre Israel e o Hamas, Biden vê seu apoio diminuir significativamente entre esse eleitorado que foi decisivo na vitória do democrata sobre Trump em 2020. Há quatro anos, o líder progressista venceu no Michigan por 150 mil votos.
“Nosso movimento saiu vitorioso esta noite e superou enormemente as nossas expectativas. Dezenas de milhares de democratas de Michigan, muitos dos quais votaram em Biden em 2020, não se comprometem a reelegê-lo por causa da guerra em Gaza”, disse o movimento “Listen to Michigan” em um comunicado.
Já Biden recordou o trabalho de sua administração para a classe média do Michigan. Em nota, o presidente reconheceu que ainda há “muito por fazer”. No entanto, não mencionou o conflito em Gaza, nem o voto de protesto.
A governadora do Michigan, a democrata Gretchen Whitmer, além de outros políticos do partido, também alertaram que se os eleitores progressistas do Estado abandonarem Biden, eles oferecerão a vitória a Trump e contribuirão com a volta do magnata ao poder.
Vitória de Trump
Na disputa entre os republicanos, os canais de TV americanos CNN e NBC projetaram a vitória de Trump poucos segundos após o fim do horário da votação. O ex-presidente venceu com facilidade os primeiros Estados que organizaram as primárias e o Michigan faz parte agora de sua série de triunfos.
Segundo a agência AP, com 98% dos votos apurados nesta manhã, Trump contabilizava 68,2%.
Sua única rival, a ex-embaixadora na ONU Nikki Haley, perdeu em seu Estado natal, Carolina do Sul, no fim de semana. No entanto, a conservadora se nega a desistir da disputa porque não acredita que Trump conseguirá derrotar Biden. No Michigan, ela obtinha, até esta manhã, 26,5%.
“Temos que vencer em 5 de novembro e vamos fazê-lo amplamente, algo jamais visto. Isso será fantástico. Ganhamos Michigan, ganhamos tudo”, disse Donald Trump a seus apoiadores no estado.
No entanto, especialistas duvidam da capacidade de Trump de convencer os eleitores moderados do Partido Republicano, que ainda demonstram preferência por Haley. Além disso, a conservadora, apesar de não ter chances de vencer o pleito em 5 de novembro, ainda conta com o apoio de quase um terço do partido.
(RFI com agências)
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