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O que estão compartilhando: um vídeo afirmando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tomou a vacina contra a covid-19 porque o vice-presidente Geraldo Alckmin jogou o conteúdo da seringa fora e que os imunizantes são “para matar e controlar”.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. As imagens utilizadas no post foram transmitidas ao vivo pela TV Brasil em fevereiro de 2023 e mostram Alckmin aplicando uma dose de reforço contra a covid-19 em Lula. O vice-presidente desperdiça um pouco de imunizante ao retirar o ar da seringa, um procedimento padrão, mas a posição do êmbolo demonstra que ainda há líquido nela quando a aplicação é feita. Conforme a enfermeira Mayra Moura, da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o ideal é não haver perda da vacina, mas é comum isso ocorrer durante o procedimento. A Secretaria de Comunicação Social do governo federal afirma ser falso que Lula não tenha sido vacinado por Alckmin.
A posição do êmbolo demonstra que há líquido na seringa quando é feita a aplicação é feita. Foto: Reprodução/Redes sociais
Saiba mais: O conteúdo do vídeo postado no Instagram mostra Geraldo Alckmin manipulando uma seringa e jogando um pouco de líquido fora antes de aplicar a agulha no presidente. A voz de um homem narra as imagens e afirma que o vice-presidente jogou o conteúdo da seringa fora e fingiu imunizar Lula. “Jogou fora, não tem nada na seringa, introduziu sem nada, não puxou e não aplicou nada”, afirma o narrador. Uma legenda sobre o vídeo alega que o “Lula não tomou a vacina de veneno” e outra diz que “quem sabe que as vacinas são para matar e controlar não toma”.
As imagens foram gravadas em fevereiro de 2023 durante o lançamento do “Movimento Nacional pela Vacinação”. Lula recebeu em um ato simbólico uma dose de reforço do imunizante bivalente contra a covid-19, aplicada por Alckmin, que é médico anestesista.
As imagens do evento foram transmitidas ao vivo pelo pelo canal TV Brasil no YouTube. Nelas, é possível ver que, antes de aplicar a dose em Lula, o vice-presidente tira o ar da seringa e um pouco do líquido é espirrado. Contudo, o êmbolo não vai até o final e parte da vacina continua na seringa até ser aplicada no braço do presidente.
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O manual de treinamento para capacitação de pessoal em Sala de Vacinação da Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde (BVSM) orienta que o excesso de ar seja retirado no próprio frasco do imunizante. De acordo com a enfermeira Mayra Moura, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), é comum profissionais de saúde executarem o procedimento fora do recipiente. “A gente treina que seja feito o ajuste da dose, que é desprezar o ar, dentro do frasco para não ter desperdício de vacina, principalmente em frascos de multidose, mas se você passar por postos de saúde vai ver muita gente fazendo isso fora”.
Conforme ela, mesmo quando se retira o ar fora do frasco o ideal é não haver perda do líquido, mas isso também é corriqueiro, principalmente no caso de profissionais de saúde que mantêm pouca prática, como no caso de Alckmin, que há anos atua em gestão pública. “Ao tirar o ar da seringa, às vezes sai um pouco de líquido mesmo e estamos falando de uma pessoa que não tem mais a destreza para administrar vacinas. O ideal é tirar o ar sem desprezar vacina, mas é bem comum ocorrer.”
A pedido da reportagem, a enfermeira analisou o vídeo que dissemina o conteúdo falso e o definiu como sensacionalista por alegar que o líquido foi todo perdido antes da aplicação. “Isso não é verdade, ele está retirando o ar e acaba desprezando um pouco, mas tem vacina sendo administrada. É possível ver o êmbolo, aquela borracha dentro da seringa, mexendo quando é feita a aplicação, o que significa que está introduzindo o líquido”.
Imagem mostra Alckmin aplicando a vacina no presidente Lula Foto: Reprodução/TV Brasil
Alegações semelhantes a essa também circularam em 2023, pouco tempo após o evento. À época, a Secretaria de Comunicação Social do governo federal divulgou nota afirmando ser falso que Lula não foi vacinado por Alckmin. O comunicado ressalta que os vídeos que circulavam com as alegações desinformativas mostravam o vice-presidente realizando o procedimento padrão de retirada do ar da seringa antes da aplicação. A reportagem procurou o Ministério da Saúde, mas não obteve resposta.
Também no ano passado, o Projeto Comprova, coalizão de checagem da qual o Estadão Verifica integra, checou conteúdos com alegações parecidas, identificando-os como falsos.
O post aqui verificado alega, ainda, que as vacinas contra a covid-19 são veneno “para matar e controlar” quem as consome, o que também é falso. O Estadão Verifica já demonstrou diversas vezes que os imunizantes contra a doença são seguros e eficazes.
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