WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O senador americano Bernie Sanders afirmou que “vai dar o seu melhor” para que os Estados Unidos apoiem a proposta brasileira no G20 de taxação dos super-ricos. A ideia foi tema de encontro entre o político e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em Washington (EUA) nesta quinta-feira (18).
Ao lado do brasileiro, Sanders disse que “apoia fortemente” a agenda brasileira e que vai fazer tudo o que puder para que o governo Joe Biden faça o mesmo. Também participou do encontro a deputada democrata Ilhan Omar.
“Em todo o mundo, você tem governos lutando com orçamentos terríveis, incapazes de fornecer saúde, educação, moradia para sua população, e bilionários que deveriam estar pagando sua parcela justa de impostos estão escondendo seu dinheiro em outro lugar. Acho que precisamos avançar para uma abordagem global para isso”, afirmou o senador americano.
Haddad citou outros apoios já recebidos, como da França -que patrocinou um evento com o Brasil sobre o tema às margens do encontro do FMI e do Banco Mundial nesta semana- e da Espanha, e disse que nem consegue imaginar que os EUA não se somem ao esforço.
Em campanha pela reeleição, Biden tem defendido em discursos que empresas e os mais ricos paguem mais impostos, mas ainda não houve uma declaração oficial sobre a proposta feita pelo Brasil no âmbito do G20.
Nem todos os países, no entanto, estão em linha com a agenda defendida pelo presidente Lula e Haddad. O ministro das Finanças alemão, Christian Lindner, por exemplo, rejeitou a proposta brasileira.
“Nós não achamos que seja adequada. Nós temos um uma taxação de renda apropriada”, afirmou ele a jornalistas nesta quinta em Washington.
Questionado sobre a declaração do alemão, Haddad disse que Lindner vai mudar de opinião.
O projeto apresentado pelo Brasil, desenhado pelos economistas Gabriel Zucman e Esther Duflo, é elevação do imposto corporativo mínimo global de 15% para 20% em conjunto com a criação de uma taxação dos super-ricos -o percentual discutido é de 2%, que atingiria cerca de 3.000 pessoas no mundo.
Somadas, as duas medidas gerariam uma arrecadação de até US$ 500 bilhões, que bancaria um novo fundo voltado para os desafios globais, disse Haddad.
Além da taxação de super-ricos, o ministro brasileiro falou sobre o sistema público de saúde (SUS). A ideia de universalização é uma pauta defendida pela esquerda americana, da qual Sanders e Omar estão entre os principais nomes.
“Eu acho que são histórias inspiradores para ouvirmos, conforme tentamos fazer nosso país criar um sistema de saúde universal”, afirmou Omar.
Haddad disse que, considerando os recursos abundantes dos EUA, a adoção do sistema teria um custo baixo para o país, e teria como resultado transformar a saúde em um bem público, em vez de algo mercantilizado. “Você está fazendo o discurso que faço há 20 anos”, respondeu Sanders ao ministro.
Investimentos em saúde e no combate à crise do clima são possíveis usos para os recursos arrecadados com o imposto proposto pelo Brasil.
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