No calor da Segunda Guerra Mundial, enquanto o mundo se via envolvido em uma luta violenta pela sobrevivência, uma solução importante para o desfecho da guerra estava sendo criada por trás dos holofotes do campo de batalha: o Código Navajo.
Em pleno conflito, enquanto as notícias de Pearl Harbor ainda ecoavam, um pequeno grupo de recrutas do povo indígena Navajo (que ficou conhecido como Navajo Code Talkers, em inglês) foi convocado para desenvolver um código de comunicação inquebrável. O idioma Navajo foi escolhido por ser altamente complexo, sem alfabeto e por só ser compreensível por aqueles que tinham longo contato com ele.
O código resultado desse esforço era um sistema de comunicação tão indecifrável que confundiria até mesmo os melhores decifradores de códigos inimigos.
Replicando a primeira guerra
Navajo Code Talkers codificam informações durante a 2ª Guerra. (Fonte: CIA / Reprodução)
Tudo começou com Philip Johnston, um homem que conhecia profundamente a língua e a cultura Navajo. Ele sabia que os EUA já tinham feito o uso de línguas nativas americanas durante a Primeira Guerra Mundial (algumas são as Comanche, Meskwaki, Chippewa e Oneida), e pensou que o idioma Navajo seria perfeito para resolver o problema das comunicações sigilosas.
Inicialmente, os militares não estavam convencidos da eficácia dessa abordagem. No entanto, diante do cenário desafiador da guerra, principalmente com os especialistas japoneses decifrando os códigos de maneira cada vez mais rápida, eles optaram por empregar a sugestão de Johnston.
Os primeiros 29 recrutas Navajo chegaram a Camp Elliott, e em pouco tempo eles estavam mergulhados no desenvolvimento do que se tornaria o lendário Código Navajo.
Transmissor usado pelos Navajo Code Talkers. (Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)
Utilizando palavras da língua indígena para representar termos militares, esses homens desenvolveram um sistema de comunicação rápido, preciso e, o mais importante, indecifrável.
Eles atribuíram nomes de clãs a unidades militares, usaram nomes de animais para aviões e até mesmo criaram um alfabeto onde cada letra correspondia a uma palavra Navajo.
Com mais de 400 palavras codificadas e um alfabeto Navajo-Inglês para soletrar coisas que não estavam no vocabulário, esses recrutas estavam prontos para a ação.
Ao que conta a história, o impacto dos Navajo Code Talkers foi imenso. Em batalhas como Iwo Jima, eles enviaram mais de 800 mensagens em apenas dois dias, todas sem errar uma única palavra sequer. Um major chegou a dizer que, sem eles, os fuzileiros navais nunca teriam tomado Iwo Jima.
Até o final da guerra, cerca de 420 homens foram recrutados para fazer parte do Navajo Code Talkers e ajudar a perpetrar a vitória no Pacífico.
Reconhecimento tardio
Primos Navajo trabalham na codificação. (Fonte: CIA / Divulgação)
Mas o reconhecimento não veio fácil. Depois da guerra, esses heróis foram mantidos em segredo, pois suas atuações foram consideradas confidenciais pelo governo. Só décadas depois que o mundo soube da incrível contribuição dos Navajo Code Talkers.
Em 1982, o presidente Reagan declarou o “Dia dos Navajo Code Talkers”, e em 2000, o presidente Clinton concedeu a Medalha de Ouro do Congresso aos 29 recrutas originais. Mas muitos desses heróis nunca viveram para ver o reconhecimento merecido.
Hoje, o legado dos Code Talkers Navajo vive por meio de filmes, livros e homenagens. Além disso, é um lembrete do poder da coragem, inteligência e determinação. Eles não apenas ajudaram a garantir a vitória dos Aliados, mas desafiaram as expectativas e mostraram ao mundo o que a força de uma língua e cultura podem fazer.
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