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Washington – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira, 16, que o cenário externo explica dois terços do que está acontecendo no Brasil, ao ser questionado sobre a valorização do dólar frente ao real. Há pouco, o dólar estava cotado a R$ 5,2665, em alta de 1,57%.
“Tem muita coisa que está fazendo com que o mundo esteja atento ao que está acontecendo nos Estados Unidos, e o dólar está se valorizando frente às demais moedas”, disse ele, em conversa com jornalistas, em Washington.
Segundo Haddad, pesam a atividade econômica nos Estados Unidos, a inflação americana de março que, na sua visão, ainda não foi devidamente digerida, o conflito no Oriente Médio, que escalou e “ninguém sabe como isso vai se desdobrar”, e o preço do petróleo.
“Eu diria que isso não explica tudo o que está acontecendo no Brasil, mas explica dois terços do que está acontecendo”, avaliou o ministro.
Para Haddad, governo precisa explicar melhor o rumo das contas públicas no Brasil Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Ele enfatizou que está havendo uma reprecificação de ativos no mundo inteiro. Haddad ponderou que hoje o México está sofrendo mais do que o Brasil. “O peso mexicano está sofrendo mais do que o real brasileiro, em virtude do fato de que está reprecificando tudo. Indonésia também”, concluiu.
No caso brasileiro, segundo analistas, tem pesado nesta terça-feira o anúncio feito ontem pelo governo de mudanças na meta fiscal. A meta de resultado primário (receitas menos despesas, antes do pagamento dos juros da dívida pública) de 2025, passou de superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para déficit zero, o mesmo alvo de 2024. Além disso, o governo adiou a obtenção de um saldo positivo de 1% do PIB, de 2026 para 2028.
Fernando Haddad está na capital dos Estados Unidos para participar das reuniões de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (Bird). Além disso, ele também lidera a segunda reunião de ministros das finanças do G20, do qual o Brasil detém a presidência neste ano.
Resultado fiscal
Na conversa, Haddad disse também que o déficit primário brasileiro vai cair, mas não no nível que o governo gostaria. “O déficit primário, que há 10 anos supera 1,5% do PIB, vai cair para um patamar que não é o que nós gostaríamos. Mas nós estamos vivendo uma situação que nós temos de negociar todas as medidas, caso a caso e, em geral, com perdas”, disse.
De acordo com ele, nessas negociações, a Fazenda acaba ficando “desfalcada de algum pedaço que era importante para o fechamento das contas”. Haddad enfatizou que a Fazenda estabeleceu uma trajetória “consistente” com o equilíbrio da dívida pública mais “factível” à luz dos movimentos do Congresso Nacional nos últimos 15 meses do governo. O objetivo, acrescentou, é passar aos investidores e à sociedade uma meta “mais consistente” do que a que foi apresentada em março do ano passado.
“Nós aprendemos de março do ano passado para cá que nem tudo que nós entendemos que é justo, que é correto, que vai na direção correta, vai ser recebido pelo Congresso com a mesma sensibilidade”, disse Haddad. Conforme o ministro, o trabalho nas contas públicas está sendo feito e vai continuar. “Nós não temos dúvidas sobre a consistência das trajetórias”, disse. “Não há razão para nós imaginarmos que os fundamentos da economia brasileira não estejam melhorando, inclusive porque a economia está crescendo e o crescimento é parte da solução dos problemas das contas públicas.”
Explicação melhor
Haddad também disse que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisa dar melhores explicações quanto ao rumo das contas públicas no Brasil. Segundo ele, o País está gastando mais do que arrecada há dez anos e isso não está promovendo crescimento econômico.
“Eu acredito que nós precisamos explicar melhor, ao longo do tempo, o que vai acontecer com as contas públicas brasileiras”, disse. “Nós queríamos antecipar o quanto antes o equilíbrio fiscal, mas nós estamos numa democracia e nós estamos negociando as medidas com o Congresso.”
Ele previu que a despesa vai cair para baixo de 19% do Produto Interno Bruto (PIB) e a receita vai superar os 18% neste ano. Haddad afirmou ainda que esses porcentuais podem sofrer alguma alteração a depender do futuro das medidas que o governo enviou para o Congresso.
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