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Outros 340 óbitos ainda estão sob investigação. Número de possíveis infecções é quase quatro vezes maior que as registradas no mesmo período de 2023, segundo Ministério da Saúde.O Brasil ultrapassou a marca de meio milhão de casos prováveisde dengue. É o que mostram os dados divulgados pelo Ministério da Saúde nesta segunda-feira (12/02). Já são 512.353 possíveis infectados desde o começo do ano, o que representa cerca de quatro vezes mais do que os registrados no mesmo período de 2023, quando 128.842 casos foram contabilizados.
Apenas nas seis primeiras semanas de 2024, 75 pessoas morreram pela doença e esse número pode subir, já que outros 340 óbitos ainda estão sob investigação.
Entre os casos prováveis, 54,9% são em mulheres e 45,1% em homens. A faixa etária dos 30 aos 39 anos segue respondendo pelo maior número de casos, seguida pelo grupo de 40 a 49 anos e de 50 a 59 anos.
Já no ranking dos estados, Minas Gerais lidera em número absoluto de casos prováveis (171.769). Em seguida aparecem São Paulo (83.651), Distrito Federal (64.403), Paraná (55.532) e Rio de Janeiro (39.915).
Quando se considera o coeficiente de incidência, o Distrito Federal aparece em primeiro lugar (2.286,2 casos por 100 mil habitantes), seguido por Minas Gerais (836,3), Acre (582,2) e Paraná (485,3).
Ministério da Saúde inicia vacinação em crianças
O plano de vacinaçãocontra a dengue com oimunizante Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda, iniciou na última sexta-feira, com a aplicação da primeira dose em crianças com idade entre 10 e 11 anos. De acordo com o Ministério da Saúde, a faixa etária de 10 a 14 anos é que conta hoje com o maior índice de hospitalização pela doença.
A imunização deve avançar de faixa etária progressivamente, à medida que novos lotes forem entregues pela fabricante.
No dia anterior, a pasta havia anunciado a distribuição dessa primeira leva de vacinas contra a dengue para 315 municípios em 10 estados que atendem aos critérios prioritários definidos pelo Ministério.
O ciclo de imunização com a Qdenga é completado com duas doses, sendo que a segunda deve ser aplicada três meses após a primeira.
Nos ensaios clínicos, a eficácia geral registrada foi de 80,2% contra a dengue causada por qualquer sorotipo, após 12 meses da segunda dose. A vacina também reduziu as hospitalizações em 90%. Segundo o laboratório Takeda, a vacina garante imunização contra a doença por até cinco anos.
Como se proteger do mosquito?
OAedes aegyptie o Aedes albopictus preferem picar suas vítimas ao ar livre pela manhã e no fim de tarde. Eles evitam o sol escaldante e preferem ficar na sombra. Por isso, é importante passar repelente de mosquitos no corpo durante o dia e, se possível, vestir roupas compridas que cubram também os braços e as pernas.
Eles põem seus ovos em pequenos reservatórios de água parada, como vasos de flores, barris de chuva ou pneus de carros. Tais focos de propagação devem ser evitados e, se possível, removidos ou cobertos.
Por que os casos estão aumentando?
Para os especialistas ouvidos pela DW, a explicação para o aumento vertiginoso no número de casos por todo o país se deve a dois fatores: o mosquito está bem estabelecido em todo o território e as condições climáticas favoreceram sua multiplicação.
“Quanto mais vetores, maior o risco de um mosquito contaminado picar alguém. A relação com o clima é muito clara – quanto mais quente e maior o volume de chuvas, maior a proliferação. Pelo contexto que estamos vivendo, de aquecimento global e El Niño, já havia uma expectativa de alta recorde de dengue”, comenta André Giglio Bueno, médico e professor de Infectologia da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica em Campinas (PUC-Campinas)
Mas o aumento de casos não se deve somente às questões climáticas. A epidemia é agravada por questões sociais, como a coleta deficitária de lixo e falta de saneamento básico. “As pessoas não têm água na torneira e estocam água para usar em casa. Esses lugares acabam virando criadouro, por exemplo”, sublinha Denise Valle, pesquisadora do Laboratório de Medicina Experimental e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
Outro fator que influencia o atual cenário é a existência de pelo menos quatro tipos de vírus em circulação. “Depois de doente, a pessoa adquire imunidade a um sorotipo específico. E a dinâmica de circulação de sorotipos não é muito clara; eles às vezes circulam todos de uma vez, ou vão se intercalando”, explica André Giglio Bueno.
ek/md (EBC, ots)
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