Vi Poborsky sem chapéu e não gostei
Vi Poborsky sem chapéu e não gostei
A folha em branco é a angústia do jornalista. A ideia que não surge, a reportagem que não se escreve. O processo de preparação para uma grande competição, como o Europeu, não é simples.
Para o Portugal-Chéquia, o zerozero procurou fazer o de sempre e escapar ao óbvio. Recuperar futebolistas checos com ligação a Portugal, chegar a Leipzig e explorar um clube afastado dos palcos maiores e com uma história dourada.
Na primeira parte, o 'sim' de Vlk, Horváth e Skuhravy foi imediato. Bons convidados, disponíveis e com vontade de elogiar a passagem pelo nosso país.
A exceção chamou-se Karel Poborsky. Telefonemas, mensagens e nada. Zero feedback, zero respostas, nem um educado 'não' a recusar o desafio.
Ora, uns dias depois, verifico que Poborsky, o homem do maldito 'chapéu' de 1996 está cá em Leipzig, de boa saúde e um humor horrível.
O antigo futebolista do Benfica e da seleção checa acompanha uma televisão do seu país, mas nem por isso se mostrou sensibilizado pelo pedido do jornalista português.
Nada de declarações, nada de palavras. Sorrisos? Nem vê-los.
Curiosamente, entrevistei Poborsky em 2012, a propósito de um outro Portugal-Rep. Checa no Europeu desse ano, e o homem foi razoavelmente amável. Falou de um extraordinário golo pelo Benfica ao SC Braga e da tal 'chapelada a Vítor Baía.
Karel Poborsky tem 52 anos, está afastado do futebol e recuperou felizmente de um problema de saúde grave.
Em Leipzig não estaria nos seus dias. Acontece, é legítimo.
Como legítimo é o jornalista sentir que sem aquele 'chapéu' de Birmingham, Poborsky fica irreconhecível. Para pior.