Peso mexicano estende tombo com vitória forte do partido de AMLO

(Bloomberg) -- O peso mexicano estendeu o tombo que se seguiu à vitória esmagadora do partido governista nas eleições de domingo, em meio a preocupações crescentes com o risco político local em um dos principais mercados de carry trade do mundo.

Depois de afundar 3,8% na segunda-feira, a maior queda de um dia desde junho de 2020, a divisa caiu mais 2% na manhã desta terça, o pior desempenho entre as principais moedas de mercados emergentes pelo segundo dia consecutivo. Com isso, em apenas dois dias, a cotação do dólar no país saltou de cerca de 17 pesos para 18. O índice de referência da bolsa mexicana caiu 6,1% na segunda, a maior queda desde o início da pandemia.

Além da vitória da candidata governista Claudia Sheinbaum, o partido Morena do presidente Andrés Manuel López Obrador e sua base aliada chegaram muito perto de uma maioria absoluta no Congresso, com dois terços dos assentos na Câmara dos Deputados e quase dois terços no Senado. Isso significa que, com um pouco de negociação no Senado, a coligação pode ser capaz de potencialmente aprovar reformas constitucionais que aumentariam a interferência do estado na economia.

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“Mesmo que faltem alguns votos ao Morena, a expectativa é que o partido possa negociar os votos necessários para alcançar a maioria para uma reforma constitucional”, disse o estrategista Erick Martinez, do Barclays. O banco retirou sua recomendação de carry trade com posições compradas em peso mexicano e vendidas em euro após o resultado da votação.

Embora a vitória da protegida de AMLO fosse esperada, a vitória da base aliada no Congresso por uma margem tão grande foi uma surpresa.

Alguns analistas também esperavam que Sheinbaum adotasse uma abordagem mais favorável ao mercado do que seu antecessor e mentor, mas a perspectiva de mudanças constitucionais injetou medo no mercado, disse Gabriela Siller, chefe de pesquisa econômica do Grupo Financiero Base.

“Os mercados terão que se estabilizar”, disse Siller. “A questão é em que ponto.”

--Com a colaboração de Maria Elena Vizcaino e Colleen Goko-Petzer.

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