Criminalidade de clãs na Alemanha: exagero ou perigo real?

Palavra “clã” desperta medo em muitos no país. Do ponto de vista estatístico, trata-se de um fenômeno marginal. Ainda assim, os clichês perigosos persistem.Grandes famílias árabes, turcas e curdas são o foco das pesquisas de Mahmoud Jaraba desde 2015. Para se referir a elas, estabeleceu-se tanto na imprensa quanto na polícia da Alemanha um termo polêmico: “clã”. Conforme análise do pesquisador da Universidade de Erlangen-Nurembergue para o Serviço de Comunicação Social de Integração, ele é quase sempre associado a três conceitos: criminalidade, sociedade paralela e violência.

Exemplo disso são dois casos criminais espetaculares de roubos em museus: do Grünes Gewölbe de Dresden, em 2019, e de uma moeda de ouro especialmente valiosa do Museu Bode, de Berlim, em 2017. “Esses roubos exigiram uma organização criminosa profissional e, do ponto de vista criminológico, classificados como ‘crime com base familiar'”, afirma o relatório. Essa forma de crime é caracterizada por membros de uma família bem conectados no país e no exterior.

Membros de clãs sob pressão

Se a polícia captura um dos familiares, eles podem ser substituídos por outros. “Em geral, eles são convencidos a cooperar, ou voluntariamente, ou por terem sido pressionados”, escreve Jaraba. Suas percepções vêm de conversas com envolvidos e de entrevistas com especialistas que trabalham na polícia ou no setor social.

Para o cientista político, porém, o termo “clã” é problemático, pois famílias extensas não são grupos homogêneos. Ele argumenta que tais relações familiares, originalmente próximas, tornaram-se mais diferenciadas ao longo das décadas: “Hoje, a maioria dos membros da família não se conhece.”

Suas pesquisas apontam que o crime com base familiar é organizado por algumas famílias nucleares. “Não há, portanto, ‘chefes de clã’ que organizem, liderem e dirijam as atividades e estratégias criminosas.”

Definição policial: “Subculturas etnicamente isoladas”

Para a polícia, clãs são “subculturas etnicamente isoladas”, uma definição que Jaraba considera enganosa. Ele admite que partes dessas famílias extensas vivem, de fato, numa espécie de subcultura, no que diz respeito a certos aspectos sociais e culturais. Mas nos locais onde se registra criminalidade, não se pode falar de isolamento.

Por meio de suas entrevistas, o pesquisador descobriu que a grande maioria dos membros dessas famílias rejeita o crime e defende um combate eficaz da criminalidade. “No entanto, muçulmanos e membros de grandes famílias não devem ser colocados sob suspeita generalizada.”

Buscas em bares de narguilé e barbearias

O estudo de Jaraba teve como foco os estados de Berlim, Baixa Saxônia e Renânia do Norte-Vestfália, onde a luta contra o “crime de clãs” se consolidou como tema central. As ações incluem revistas regulares de pessoas e no comércio, bem como incursões, especialmente em bares de narguilé (shisha bars) ou barbearias. Com essa tática, conhecida como “política das mil alfinetadas”, a polícia quer aumentar visivelmente a pressão sobre o meio.

Relatórios sobre a evolução dos “crimes de clãs” são publicados todos os anos nos três estados federais. Neles, as medidas tomadas pela polícia são explicitamente justificadas pelo “senso subjetivo de segurança” da população. Questionado pela plataforma Mediendienst Integration, que encomendou a análise sobre os clãs a Mahmoud Jaraba, a Secretaria do Interior da Renânia do Norte-Vestfália explicou:

“No passado, membros criminosos de famílias numerosas de origem turco-árabe conseguiram cada vez mais intimidar a população, reivindicando para si determinadas áreas regionais, através de comportamento agressivo, perturbação da ordem e crimes, muitas vezes partindo de grupos maiores e fechados.”

Estatísticas: crimes de clãs abaixo de 1%

Tal percepção subjetiva contrasta com os números oficiais: de acordo com as estatísticas criminais, a proporção dos delitos alegadamente cometidos por clãs em Berlim, Renânia do Norte-Vestfália e Baixa Saxônia fica entre 0,17% e 0,76% de todos os crimes registrados.

Para a criminologista Daniela Hunold, da Escola de Economia e Direito de Berlim (HWR), a estratégia adotada pelos políticos e polícia da Alemanha é questionável: “Tomar grupos étnicos como base não é só problemático do ponto de vista jurídico, mas também ineficaz do ponto de vista policial.”

Hunold trabalhou no Departamento Criminal do estado de Bremen de 2019 a 2022, já se ocupando do fenômeno da criminalidade de clãs. Ela questiona a visão de que seria necessária uma abordagem policial específica para combater essa forma de criminalidade: “Do ponto de vista policial e criminológico, é algo que não posso confirmar”

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