Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és
Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és
Já todos ouvimos esta expressão, quase sempre para enfatizar um comportamento incorreto ou uma decisão mal tomada. As famosas «más companhias», esse «diabo» desviador dos bons costumes e do sucesso.
Tal como na vida, a frase pode ser aplicada ao futebol. Afinal, é um desporto coletivo e, por isso, impossível de alienar à ideia de quem rodeia quem.
Há uns dias, um narrador alemão dizia a propósito de Dominik Szoboszlai: «Quem o vê na seleção deve questionar-se o que é que motivou o Liverpool a pagar 70 milhões de euros por ele.»
O comentador respondeu: «Coloca-o na seleção alemã e, talvez, percebamos o motivo.»
Ontem, em Dortmund, dei por mim a pensar nisso a propósito de Robert Lewandowski. Superestrela, craque da cabeça aos pés, passou praticamente ao lado do jogo com a França. Marcou de grande penalidade, à segunda tentativa, mas pouco mais.
É a sina dos grandes jogadores nascidos em países cuja expressão qualitativa em termos de seleção é parca. Szoboszlai e Lewandowski, com Hungria e Polónia, são dois dos maiores exemplos neste Campeonato da Europa.
De Liverpool a Munique ou Barcelona, as companhias fazem a diferença. Mas há mais casos.
O de Erling Haaland, por exemplo. Um herói dos tempos modernos, uma «máquina» trituradora de defesas contrárias que rodeado pelos melhores no futebol de clubes acaba por ter de percorrer o corredor penitenciário da seleção.
No caso de Haaland, a norueguesa, que nem sequer está neste Europeu.
Num exercício de memória, outros casos de profunda disparidade entre a qualidade individual e os seus contextos futebolísticos saltam à vista.
Dwight Yorke (Trindade e Tobago) no seu tempo de glória no Manchester United, por exemplo; Jari Litmanen (Finlândia) quando fazia magia pelo Ajax; o mítico George Best (Irlanda do Norte) ou George Weah (Libéria), lenda em Paris e Milão.
«Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és.»