No campo, ganhou a França de Kylian Mbappé, cujo sangue é igual ao de toda a gente

Pela primeira vez capitão da seleção numa fase final, Kylian Mbappé desperdiçou um par de ocasiões flagrantes, mas forçou o auto-golo da Áustria que deu a vitória (1-0) à França num jogo instável, em que podia ter marcados vários mais, e cheio de repelões, pancadas e choques infelizes entre jogadores. Um deles ensanguentou e deixou em mau estado o nariz de Mbappé, o líder que decidiu politizar-se contra a extrema-direita do seu país

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No campo, ganhou a França de Kylian Mbappé, cujo sangue é igual ao de toda a gente

O momento foi vintage Kylian Mbappé, executado num ápice e com ele a correr esbaforido com a propulsão dos seus esticados, outro apanágio seu: galopante pela esquerda do ataque, perseguiu um passe posto na pradaria da relva, deu dois toques na bola para a orientar rumo à baliza e ajeitou o corpo como quem a vai rematar em jeito na direção do poste direito, o mais distante, mas não, Mbappé naquelas circunstâncias tem é um jeito tradicionalmente malandro e quando o seu pé direito teve contacto com a bola serviu para o francês se contradizer. O remate saiu para o poste mais próximo, a conspirar um engano contra Patrick Pentz, astuto guarda-redes austríaco que não se desajeitou. A bola foi para canto.

E Mbappé não perdeu o jeito, nem um nervo na sua cara se moveu quando procedeu a recolher a bola que sobrou da jogada já fora do campo e a correr com ela com destino à esquina onde estava espetada a bandeirola. Não houve esgar de ‘foi por um triz’ nem as prosaicas mãos levadas à cabeça, a boca de Mbappé tão pouco se moveu. O capitão da França apenas correu diligentemente para bater o canto, um homem sem se desviar da sua missão e com a mesma cara que pintara na véspera, não equipado e de boné branco posto na cabeça, sentado em vez de em corrida, mas ajeitando-se de uma maneira inaudita nele.

Na primeira vez que falou enquanto capitão da seleção de França na fase final de um torneio destes, o filho de uma professora crescido num banlieue dos intermináveis subúrbios de Paris apelou a que os “todos os franceses, e sobretudo as gerações jovens” votem a 30 de junho e 7 de julho, datas em que talvez Kylian Mbappé ainda esteja a correr pelos relvados do Europeu, porque estão “num momento crucial da história do país” e “os extremos estão a bater à porta do poder” nas eleições legislativas do país. Na forma, o Mbappé-capitão-cidadão foi uma antítese ao Mbappé-jogador: falou pausadamente, lento o suficiente para quem é primitivo em francês o poder entender, sem a pressa vertiginosa com que depois de ameaçar com a sua matreirice ao oitavo minuto ainda se escapuliu nas costas dos defesas da Áustria ao quadragésimo quinto minuto, para estranhamente se atrapalhar com a bola ao tentar ultrapassar o guarda-redes.

Faltou-lhe aí o jeito se não for heresia escrevê-lo, porque no minuto trinta e oito Mbappé desajeitou-se de novo embora só em termos geográficos, por um instante: trocou a esquerda do ataque pela direita, precipitou-se com a bola contra um adversário, fintou-o com descaramento quando o empurrou área dentro e quando cruzou a bola forçou a cabeça ao desajeitado Maximiliam Wöber, que se virou para a própria baliza, infeliz no desvio que originou um auto-golo. Então Mbappé sorriu, feliz com o desajeito alheio, com os restantes franceses aliviados em redor do totémico líder com fita a apertar-lhe um braço e a sorrirem com ele, no jeito do “espero e sinto que estamos todos no mesmo lado” dito pelo capitão na conferência de imprensa da véspera.

No minuto cinquenta e cinco deste jogo que Mbappé disse ser menos importante do que as eleições em França houve a repetição do jeito que é a seleção tê-lo como atualmente, devoto ao ataque e sem tarefas defensivas, livre para descansar lá na frente quando a equipa não tem a bola. Kylian fugiu a dois adversários, aproveitou a hesitação do guarda-redes e teve uma bola de golo nas suas barbas que rematou para fora. Voltou a sorrir, ao de leve, atónito face à sua mira torta, um jeito pouco seu no meio de uma equipa a jogar aos repelões.

Adaptada ao privilégio de Mbappé ter alcançado o estatuto de estar isento de preocupações para roubar a bola aos outros, a seleção francesa teve Marcus Thuram, um avançado, a fechar à esquerda para defender como um extremo, confiou que ter o incansável N’Golo Kanté - hoje nas Arábias - em parelha com Adrien Rabiot no meio-campo seria suficiente para lidar com a maquinaria da pressão que é a Áustria. Parca em nomes que soem em ouvidos, a seleção treinada por Ralf Rangnick desafiou as receções da vice-campeã mundial a todo o campo, apertou os adversários constantemente e provocou um certo caos na partida no qual Baumgartner podia ter sido o primeiro a marcar não fosse o seu duelo desajeitado com Mike Maignan no minuto trinta e seis.

Insisto em usar e repetir o jeito porque a França só por súbitos episódios em que sofreu da sua carência não traduziu na baliza a superioridade da qual goza, por cabeça, em comparação com os austríacos ou qualquer outra seleção deste Europeu. Houve um pé do gracioso Griezmann, omnipresente a distribuir a sua subtileza em todas as jogadas, que quase desviou um cruzamento perante o alvo deserto; Théo Hernández rematou, Kolo Muani também e tão à vontade pareciam os gauleses a criar ocasiões que Marcus Thuram se repercutiu a passar as pernas por cima da bola tantas vezes que a recriação disparatou o remate que a seguir tentou. O jeito abunda nos franceses, faltou que o convertessem em golos.

A capacidade de a Áustria dividir o jogo foi diminuindo com o tempo, incapaz de prolongar a sua capacidade de pressionar a todo o campo ou de ligar os seus jogadores com tabelas e pequenos passes. A influência de Grillitsch, que dito em voz alta parecer outro Grealish, esmoreceu com as baterias de Laimer a meio-campo. Algo campal, cheia de choques, pancadas fortuitas, cabeceamentos em partes do corpo de adversários, a partida acabou com os mesmos repelões que tivera na primeira parte, uma pista de carrinhos de choque num retângulo de relva e quem tem mais jeito a sofrer com o atabalhoamento.

Um corte na cabeça de Griezmann fê-lo sangrar com abundância e a pintalgar a própria cara de vermelho, curiosamente a mesma cor que enxaguou a face de Mbappé, já perto do final, quando, na área, deu com o nariz no ombro de um austríaco. O capitão de França jorrou sangue da mesma cor que saiu das entranhas do conterrâneo, a pele deles tem cores diferentes mas o sangue não, foi o mesmo vermelho encharcar a camisola que tinha vestida, predominantemente branca, a cor que o partido radical e de extrema-direita de Marine Le Pen que lidera as sondagens no seu país preferirá ver nos corpos de quem joga na seleção francesa.

Quando o jogo terminou Mbappé e a sua veste suja já não estavam em campo: foi forçou a sua substituição quase nos descontos ao obedecer a uma manigância de Didier Deschamps, que o ordenou a entrar em campo sem autorização, de esguelha, quando se encaminhava para o banco. Ao cumprir a missiva, Kylian sentou-se na relva, desalentado e agarrado ao nariz, ao interromper o jogo. Foi embora com um cartão amarelo, mas com o plano da televisão centrado nele, a estrela cintilante, o capitão sem medo de falar e a atirar pela fenetre o lugar-comum que se banalizou ter no futebol - dizem que não se deve misturar com política, mas há tempos foi a própria política a chegar a Mbappé, quando Emmanuel Macron lhe telefonou para o convencer a ficar a jogar em Paris.

Quando este Europeu terminar o capitão gaulês estará a jogar em Madrid, no Real, nos mesmos campos dos outros, se o azar o apanhar a jeito também a sangrar como os outros, mesmo que Kylian Mbappé esteja bastante longe de ser como qualquer outro futebolista. A França entrou a ganhar no Europeu mais de supetão do que se esperaria, instável a controlar o jogo. Não teve o controlo que o seu capitão tivera na véspera.

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