EUA defendem que Putin “não está a apelar a negociações” mas sim “à rendição” da Ucrânia
A proposta de paz do Kremlin, apresentada na sexta-feira, é um apelo à rendição, disse a vice-presidente dos EUA na cimeira de paz. Kamala Harris frisou que “os Estados Unidos estão do lado da Ucrânia, não por caridade, mas porque é do nosso interesse estratégico”
Kamala Harris durante um evento, a 18 de março, a propósito da celebração do "Mês das Mulheres"
A vice-presidente dos Estados Unidos afirmou este sábado, 15 de junho, que a proposta do Presidente russo para um cessar-fogo na Ucrânia não é uma negociação, mas "uma rendição" de Kiev às "violações descaradas" por parte da Rússia à Carta das Nações Unidas.
"Ontem [sexta-feira], Putin apresentou uma proposta, mas temos de dizer a verdade: ele não está a apelar a negociações (de paz), está a apelar à rendição. Os Estados Unidos estão do lado da Ucrânia, não por caridade, mas porque é do nosso interesse estratégico", disse Kamala Harris no início da primeira sessão plenária da Cimeira para a Paz na Ucrânia, que se realiza na Suíça.
Na sexta-feira, Vladimir Putin prometeu ordenar imediatamente um cessar-fogo na Ucrânia e iniciar negociações se Kiev começasse a retirar as tropas das regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia, anexadas por Moscovo em 2022, e renunciasse aos planos de adesão à NATO.
A vice-presidente dos Estados Unidos defendeu o direito da Ucrânia à soberania e às fronteiras e o respeito pelas normas internacionais estabelecidas na Carta das Nações Unidas, que a Rússia, acrescentou, "violou descaradamente, durante dois anos e meio" de invasão.
"Se o mundo não reagir quando um agressor invade o seu vizinho, outros agressores serão sem dúvida encorajados. Isso leva à possibilidade de uma guerra de conquista e de caos que ameaça todas as nações, e não a ordem e a estabilidade", disse Kamala Harris, que lidera a delegação enviada pelos Estados Unidos da América (EUA) a esta cimeira que conta com a participação de mais de 90 países e organizações internacionais.
O Governo suíço, o anfitrião da Cimeira da Paz na Ucrânia, espera que esta reunião de líderes mundiais "sirva para criar confiança e os primeiros passos para um caminho de paz", embora reconheça que não será uma tarefa fácil.
Kamala Harris lembrou que esta reunião deve servir para encontrar um terreno comum para rejeitar a invasão russa, que começou em fevereiro de 2022, e para garantir a segurança energética e alimentar no mundo, uma vez que a Ucrânia é um ator importante em ambas as questões.
"O Presidente Joe Biden e eu continuaremos a apoiar a Ucrânia, a impor custos à Rússia e a trabalhar para uma paz justa e duradoura baseada nos princípios da Carta das Nações Unidas. Concordamos que um benefício prático desta cimeira de paz deve ser o aumento da segurança energética e alimentar global e que não podemos permitir que nada sobre o fim desta guerra seja decidido sem a Ucrânia", disse ainda a vice-presidente dos EUA.