Incerteza sobre corte de compra de títulos deixa iene vulnerável
(Bloomberg) -- O Banco do Japão decidiu deixar investidores na espera até a reunião de julho para obter detalhes sobre a redução das compras de títulos, abrindo caminho para novas quedas do iene.
A decisão do banco central nesta sexta-feira de não mexer nas taxas de juros era amplamente esperada, mas traders ficaram surpresos pelo fato de a autoridade apenas ter sinalizado um corte nas compras de dívida sem apresentar números ou um cronograma.
Considerando que mais da metade dos economistas pesquisados pela Bloomberg esperava que o BOJ começasse a reduzir suas compras em junho, o anúncio foi visto por muitos analistas e investidores como um atraso na normalização da política, vital para a recuperação da moeda.
O iene caiu em relação ao dólar para o nível mais baixo desde abril, mas reduziu as perdas durante a coletiva de imprensa do presidente do BOJ, Kazuo Ueda, que rejeitou a visão de que o banco central não pode elevar as taxas de juros em julho e, ao mesmo tempo, apresentar seus planos para cortar a compra de títulos.
Os rendimentos dos títulos do governo japonês de 10 anos tiveram uma trajetória semelhante à da moeda e devolveram parte das perdas. O índice acionário fechou em alta de 0,5% em Tóquio, na contramão de um declínio mais amplo das ações asiáticas.
BOJ’s Bond Buying Slows to a Decade Low |
Ueda tem demonstrado repetida determinação para normalizar gradualmente a política monetária após mais de uma década de amplos estímulos, mas a percepção de adiamento de uma mudança na compra de títulos indica uma cautela persistente no conselho. A fraqueza contínua do iene provavelmente também manterá as autoridades monetárias em alerta, devido à queda da moeda após a reunião do BOJ em abril. Essa desvalorização culminou na maior intervenção cambial do Japão.
Enquanto a visão predominante entre economistas e analistas na sexta-feira era a de que a divulgação do plano de corte de títulos em julho tornaria mais difícil para o banco central elevar os juros no mesmo dia, alguns observadores do BOJ viram novos sinais de que um aumento está planejado para o próximo mês.
“O BOJ está sendo cauteloso e ganhando tempo”, disse Mari Iwashita, economista-chefe de mercado da Daiwa Securities. “É improvável que o BOJ eleve as taxas de juros em julho, que agora coincide com a decisão de especificar as reduções das compras de títulos.”
Durante coletiva de imprensa pós-decisão, Ueda disse que o conselho decidiu que precisava de mais tempo para considerar cuidadosamente as reduções. Ele indicou que seriam consideráveis e iriam além de ajustes fragmentados.
Também rejeitou a visão de que um aumento da taxa já não é possível no próximo mês.
“Apresentaremos um plano concreto para operações de compra de JGB de longo prazo em julho”, disse Ueda. “Claro que é possível aumentar a taxa de juros de curto prazo e ajustar o grau de afrouxamento monetário ao mesmo tempo, dependendo das informações disponíveis então sobre a economia e os preços.”
Ainda assim, a decisão desta sexta-feira sugere que a moeda não é a prioridade do banco.
“O BOJ julga que não é hora de deixar os rendimentos avançarem mais depois de terem subido rapidamente nos últimos meses”, disse Atsushi Takeda, economista-chefe do Itochu Research Institute. “Suas preocupações com a economia superam as preocupações com a desvalorização do iene. Ueda está deixando claro que não responde diretamente às taxas de câmbio com ações.”
BOJ's Mountain of Bond Holdings | Cutting bond purchases will lead to a slow shrinking of bond holdings as they mature
--Com a colaboração de Yoshiaki Nohara, Winnie Hsu, James Mayger e Brian Fowler.
More stories like this are available on bloomberg.com
©2024 Bloomberg L.P.