Veja números da tragédia no Rio Grande do Sul: ‘Exige tratamento de pós-guerra’, diz Leite
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O governador Eduardo Leite (PSDB) afirmou na tarde deste domingo, 5, que o Rio Grande do Sul vive um cenário de guerra. Ele ressalta os esforços de municípios e outras autoridades do País no resgate da população ainda em áreas de risco.
Pessoas sendo resgatadas no Rio Grande do Sul. Foto: Renan Mattos/Reuters
Há relatos de moradores ilhados, ainda sobre telhados, com uso de botes e até jet skis em resgates. O Estado enfrenta seu pior desastre climático, com 75 mortos e 103 desaparecidos, com barragens sob ameaça de rompimento, estradas e pontes destruídas e cerca de um milhão de imoveis sem água. O Aeroporto Salgado Filho está suspenso e a inundação do Rio Guaíba, que atingiu nível recorde, alagou o centro de Porto Alegre.
A declaração foi feita ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que está reunido no Estado Gaúcho com ao menos nove ministros, incluindo o titular da Fazenda, Fernando Haddad. Ele voltou ao Estado, onde já esteve nesta semana quando desembarcou em Santa Maria. Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também integram a comitiva.
“É um cenário de guerra no Estado, e com cenário de guerra, teremos que ter o tratamento também do pós-guerra. A vinda do presidente Lula e outras autoridades vai ser muito importante para dar consciência situacional. Não é hora de procurar culpados. Não é hora de transferir responsabilidades. Vamos ter de trabalhar à altura do que o momento histórico nos exige. Primeiro a mitigação, e depois a reconstrução”, afirma Leite.
O governador, no sábado, já falou sobre a necessidade de uma espécie de Plano Marshall, em referência ao apoio americano para reerguer a Europa Ocidental após o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945. Como o Estadão mostrou, apenas em 2023, os desastres naturais causaram prejuízo de R$ 105,4 bilhões. Especialistas alertam que, com o aquecimento global, eventos extremos serão cada vez mais intensos e frequentes.
Segundo Leite, as próximas semanas ainda serão difíceis. “A água ainda vai demorar a baixar e continuar trazendo transtornos. Naturalmente, na região metropolitana, tem centros logísticos que atendem diversas localidades e enfrentam muitas dificuldades”, acrescentou o governador.
Leite também aproveitou para agradecer aos voluntários que estão ajudando nos resgates. “Tem grupos mobilizados de jetski e de barcos mobilizados resgatando muitas pessoas também.”
Boletim das 12 horas deste domingo, 5:
- Municípios afetados: 334;
- Pessoas em abrigos: 16.609;
- Desalojados: 88.019;
- Afetados: 780.725;
- Feridos: 155;
- Desaparecidos: 103;
- Óbitos confirmados: 75;
- Óbitos em investigação*: 6 – está sendo apurado se os óbitos têm relação com os eventos meteorológicos.
Veja outros números envolvendo a tragédia:
- 110 hospitais atendidos – destes 17 sem atendimento e 75 funcionando parcialmente;
- 12 barreiras sob pressão – Nível de emergência (2), nível de alerta (5) e nível de atenção (5);
- Rompimento parcial da Usina 14 de Julho exige evacuação em 10 municípios, conforme dados atualizados na tarde de sábado.
- 418,2 mil pontos sem energia;
- 1,06 milhão de imóveis sem água;
- Dezenas de municípios sem telefonia e internet;
- Nas estradas há ao menos 178 pontos de bloqueios – 142 totais e 45 parciais;
- Aeroporto Internacional Salgado Filho (POA) fechado por tempo indeterminado;
- Impactos na produção – no abastecimento, no emprego e na renda;
- Impactos na indústria – insumos e paralisações.