Enchente gera perda de até 15% na soja, pressiona em Chicago e reduz abates
O cenário para a safra de soja do Rio Grande do Sul, que caminhava para ser o segundo maior Estado produtor do Brasil na temporada 2023/24, está se deteriorando após chuvas torrenciais, com integrantes do setor citando nesta sexta-feira (3) potenciais perdas entre 10% a 15% da colheita esperada.
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A cooperativa gaúcha Cotrisal estimou queda na safra de soja para cerca de 19 milhões a 20 milhões de toneladas, uma vez que cerca de um quarto da área plantada ainda não havia sido colhida antes das chuvas, disse à Reuters Leandro da Silva, gerente da unidade de grãos.
Os números da Cotrisal, com sede em Sarandi (noroeste do Estado), ficam abaixo das 21,89 milhões de toneladas previstas pela estatal Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para a colheita gaúcha antes da tragédia climática. Já a Emater, órgão de assistência técnica do Estado, havia estimado a produção em 22,25 milhões de toneladas.
Já as indústrias produtoras e processadoras de aves gaúchas estão sofrendo com a falta de matéria-prima para ração das granjas e paralisando ou reduzindo abates de frangos em algumas regiões, devido às chuvas excessivas que bloquearam estradas ou destruíram pontes no Estado, um dos maiores produtores do país.
Segundo José Eduardo Santos, presidente-executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, 12 indústrias paralisaram ou reduziram abates para lidar com os desdobramentos das chuvas torrenciais. “Devido à dificuldade de acesso a algumas regiões, algumas granjas estão no seu limite de suprimento, de farelo de soja e milho”, acrescentou ele.
Pressão altista em Chicago
Na CBOT (Bolsa de Chicago, na sigla em inglês), os contrato futuros da soja e do milho subiram nesta sexta, caminhando para uma segunda semana consecutiva de ganhos, uma vez que as enchentes prejudicaram a colheita no Sul do Brasil, ao mesmo tempo em que uma praga causada por insetos reduziu a projeção de safra de milho da Argentina.
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Os futuros do trigo subiram mais de 2% devido a preocupações renovadas com o clima seco na Rússia, o maior exportador mundial do cereal, mas os futuros ainda estavam a caminho de uma perda semanal. O contrato de soja mais ativo subiu 0,7% e o milho, 0,9%. A soja atingiu seus níveis mais altos desde 21 de março e o milho, os mais altos desde 8 de janeiro.
“As plantações estão debaixo de 30 centímetros de água. Não sabemos a extensão dos danos porque ainda está úmido e a previsão é de mais chuva”, disse Vitor Pistoia, analista do Rabobank. “O estado poderia facilmente perder um milhão de toneladas”, disse ele.
Enquanto isso, o clima quente e seco na região central do Brasil está prejudicando o milho que está próximo da colheita e em um estágio crítico de desenvolvimento, acrescentou Pistoia.
Mais ao sul, os insetos e o clima adverso fizeram com que a bolsa de grãos de Buenos Aires reduzisse sua estimativa para a safra de milho 2023/24 da Argentina em 3 milhões de toneladas métricas, para 46,5 toneladas. A Argentina é o terceiro maior exportador de milho do mundo.