Rússia diz que os países ocidentais não querem que a Ucrânia entre em negociações de paz: o 801.º dia de guerra
Moscovo defende que os países ocidentais não querem que a Ucrânia entre em negociações de paz, embora Kiev admita negociar se Moscovo admitir devolver o território ucraniano que anexou no atual conflito e a península da Crimeia, ocupada em 2014. Eis as notícias que marcaram o dia
Rússia diz que os países ocidentais não querem que a Ucrânia entre em negociações de paz: o 801.º dia de guerra
“Não se vê, nem em Kiev nem no Ocidente, qualquer vontade política voltada para a paz, a retórica agressiva continua. O pensamento da Ucrânia está associado à guerra”, afirmou à Lusa a diretora do Departamento de Informação e Imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova. Acusa em particular “França, Alemanha e outros” de “sabotar os acordos” de paz de Minsk – acusação que é devolvida pela Ucrânia e pelos países ocidentais.
As condições russas para negociar, frisou a responsável, incluem os países ocidentais suspenderem os fornecimentos de armamento às Forças Armadas ucranianas e a paragem das “ações armadas” de Kiev, que não só se defende no seu território como tem atacado território russo com ‘drones’.
Além disso, “a Ucrânia deve regressar às fontes da sua estadualidade, retornar à neutralidade, a um estatuto fora de blocos e anti-nuclear. Deve reconhecer a língua russa, respeitar as liberdades e direitos dos cidadãos e das minorias étnicas, afastar-se da ideologia neonazi”, adiantou, recorrendo à caracterização feita pelo Kremlin do governo eleito de Volodymyr Zelensky.
Defendeu ainda que Moscovo “deu a volta” às sanções ocidentais, e que estas prejudicaram mais os países que as impuseram. “Não só conseguimos superar as dificuldades impostas do exterior, como estamos a construir uma base sólida para a concretização de planos estratégicos de desenvolvimento económico e social”, disse.
Hackers russos atacam instituição finlandesa e Moscovo nega envolvimento em ataque informático na Alemanha
Piratas informáticos russos, que se apresentam como “NoName057”, atacaram as páginas de internet do Governo finlandês, da Câmara de Comércio, do Instituto de Arbitragem e do banco de imagens do Ministério da Defesa, em represália pelo apoio à Ucrânia na guerra contra a Rússia, anunciou o grupo no seu canal de mensagens Telegram.
“Recordamos às autoridades russofóbicas da Finlândia o custo de apoiar o regime criminoso de Kiev, um acordo que assinaram há exatamente um mês”, assinalaram. Em causa está o acordo de segurança assinado a 3 de abril entre o Presidente finlandês, Alexander Stubb, e o seu homólogo ucraniano Volodymir Zelenski, no qual Helsínquia se compromete a manter o apoio político e militar a Kiev nos próximos dez anos.
O Governo alemão convocou o encarregado de negócios da embaixada da Rússia em Berlim depois de ter acusado os serviços secretos russos de um ataque informático. “É um sinal diplomático claro convocar o encarregado de negócios para deixar claro ao Governo russo que não aceitamos estas ações”, disse um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, citado pela agência francesa AFP.
O alegado ataque ocorreu em 2023, e visou membros do Partido Social-Democrata (SPD), de Scholz, o principal partido da coligação governamental, segundo as autoridades alemãs.
A ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, afirmou que a Rússia terá de enfrentar consequências devido ao ataque informático “absolutamente intolerável e inaceitável”. Atribuiu ainda o ataque ao grupo APT28, que disse ser “dirigido pelos serviços secretos militares da Rússia”.
Também a República Checa acusou hoje Moscovo de visar frequentemente Praga com ataques informáticos orquestrados por um grupo com ligações aos serviços secretos militares russos. “Certas instituições checas foram alvo de ciberataques que exploraram uma vulnerabilidade desconhecida do Microsoft Outlook a partir de 2023”, declarou o ministério em comunicado.
OUTRAS NOTÍCIAS QUE MARCARAM O DIA:
⇒ O desastre na Central Nuclear de Chernobyl completou 38 anos no dia 26 de abril. Para assinalar a data, a correspondente do Expresso na Ucrânia visitou a cidade para perceber quais as consequências do pior acidente nuclear.
⇒ O Kremlin reagiu aos comentários do Presidente francês, Emmanuel Macron, que reafirmou esta quinta-feira a sua controversa posição sobre a possibilidade de enviar tropas terrestres para a Ucrânia. “A França, na pessoa do chefe de Estado francês, continua a levantar constantemente a possibilidade do seu envolvimento direto no terreno no conflito em torno da Ucrânia. Esta é uma tendência muito perigosa”, disse o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, aos jornalistas.
⇒ Cerca de 150.000 soldados russos foram mortos desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, segundo estimativas divulgadas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Stéphane Séjourné. A estimativa francesa é ligeiramente inferior à ucraniana que considerou que 180.000 soldados russos já tinham perdido a vida. Já a Rússia não divulga qualquer informação sobre o número de mortos e feridos nas suas tropas.
⇒ Ataques aéreos russos feriram sete crianças e um adulto na cidade de Dergatchi, na região de Kharkiv, na Ucrânia. De acordo com o Ministério Público ucraniano, foram dois os ataques e atingiram um complexo desportivo, onde se encontravam crianças e adolescentes, além de casas. Os feridos tinham idades entre os nove e os 15 anos, à exceção de um homem com 76 anos.
⇒ Os serviços de segurança russos anunciaram ter abatido um homem, que alegadamente tinha sido recrutado pela inteligência militar ucraniana e estava a planear uma série de ataques na Rússia.
⇒ O número de jornalistas que fugiram da Rússia para o estrangeiro desde a invasão da Ucrânia supera os 1500. Desde fevereiro de 2022, o Kremelin tem intensificado a censura e perseguição do jornalismo independente.
⇒ Uma fábrica do fabricante alemão de armas que desenvolve sistemas antiaéreos IRIS-T, enviada pela Alemanha para a Ucrânia, incendiou-se hoje a sul de Berlim, provocando o desabamento parcial do edifício. Um total de 170 bombeiros e equipas de emergência estão destacados no bairro de Lichterfelde para extinguir as chamas na fábrica, especializada em técnicas metalúrgicas e onde havia produtos químico.