O êxito de Rúben Amorim: é o mais novo treinador português a ganhar duas ligas e o primeiro a bisar pelo Sporting desde os anos 50
Com dois campeonatos conquistados aos 39 anos, o técnico bate a anterior marca de precocidade, pertencente a Artur Jorge. No universo leonino, Amorim ocupa um lugar de cada vez maior destaque: há mais de 70 anos que não havia um treinador a ganhar duas ligas pelo Sporting, que pode bater o seu recorde de pontos na I Liga e terminar com uma vantagem como há muito não se via em Alvalade
O êxito de Rúben Amorim: é o mais novo treinador português a ganhar duas ligas e o primeiro a bisar pelo Sporting desde os anos 50
“E se corre bem?”. Em resposta às dúvidas sobre a aposta de Frederico Varandas num treinador que só tinha nove jogos na I Liga, Rúben Amorim deu a volta às incógnitas, transformando os receios de falhanço em esperanças de glória.
Mais de quatro anos depois da arriscada jogada do Sporting, dos milhões que voaram de Alvalade para Braga para contratar um técnico que, três meses antes, só tinha experiência no terceiro escalão nacional, já não há pontos de interrogação no mundo dos leões. Com a escorregadela do Benfica em Famalicão, o Sporting recuperou o título nacional, a segunda conquista do campeonato em quatro épocas, uma mudança de paradigma para quem andou entre 2002 e 2021 sem festejar.
Será evidente quem é o grande destaque deste regresso da felicidade ao lado verde e branco de Lisboa. Rúben Amorim é, aos 39 anos, o mais novo treinador português a ganhar a I Liga por duas vezes. Supera o anterior recorde, pertencente a Artur Jorge, que com 40 anos bisou no campeonato pelo FC Porto, ganhando em 1984/85 e 1985/86.
Não é, no entanto, o mais precoce de sempre a erguer a principal competição nacional em duas ocasiões. Esse registo é de Sven-Göran Eriksson, que tinha 36 quando ganhou a segunda das três ligas que conquistou pelo Benfica.
A incomum repetição de campeonatos em Alvalade
A distância temporal que tem separado as conquistas do Sporting obriga a abrir os baús da história para encontrar técnicos que tenham erguido o mais importante troféu nacional mais do que uma vez. László Bölöni (2001/02), Augusto Inácio (1999/00), Malcolm Allison (1981/82), Fernando Mendes (1979/80) ou Mário Lino (1973/74) refletem esse hábito de, em Alvalade, o título ser proeza que não se repete por quem se senta no banco.
Assim, desde o britânico Randolph Galloway, campeão em 1950/51, 1951/52 e 1952/53, que um treinador não ganhava duas ligas pelo Sporting. Rúben Amorim é, agora, o único técnico vivo a saber o que é repetir o feito no emblema verde e branco.
A equipa técnica do Sporting, festejando a Supertaça, em 2021
O antigo internacional iguala os dois títulos que Cândido de Oliveira, o ‘mestre’ do futebol português, conseguiu pelo Sporting, em 1947/48 e 1948/49.
Também acima de Amorim continua Joseph Szabo, o húngaro que se senta no trono dos técnicos da história leonina. Szabo ganhou três campeonatos pelo Sporting (1940/41, 1943/44 e 1953/54), aos quais se juntam três Taças de Portugal e um campeonato de Portugal, isto não contando com o campeonato de Lisboa, uma prova regional.
Szabo conquistou sete provas de dimensão nacional pelo clube. Rúben tem cinco, com duas ligas, uma Taça da Liga e uma Supertaça. Dia 26 de maio, frente ao FC Porto, na final da Taça, pode chegar às seis.
Em termos gerais, o técnico mais vezes campeão em Portugal foi o brasileiro Otto Glória, com cinco conquistas, quatro pelo Benfica e uma pelo Sporting, em 1965/66. Refira-se que, em 1961/62, Glória começou a época em Alvalade, mas saiu ainda no começo da temporada e quem selou essa liga foi Juca.
No que toca aos portugueses, há quatro com três títulos: Jorge Jesus, Artur Jorge, Jesualdo Ferreira e Sérgio Conceição. Ou seja, Amorim está agora um degrau abaixo deles.
As hipóteses do recorde de pontos e da maior margem das últimas décadas
Rúben Amorim tem sublinhado que, nas duas jornadas que faltam, o Sporting “ainda tem muito que conquistar”. Um dos feitos que a equipa pode atingir é bater o recorde de pontos do clube na I Liga.
Curiosamente, o valor máximo dos leões na prova deu-se numa temporada em que não foram campeões. Em 2015/16, a equipa de Jorge Jesus fez 86 pontos, mais um do que Rúben Amorim obteve em 2020/21, ano do último título, e também em 2021/22, quando foi o FC Porto a festejar.
O Sporting soma 84 pontos, pelo que basta ganhar uma das duas últimas rondas para atingir um novo recorde para os verde e brancos. Não obstante, será impossível chegar aos 91 pontos do FC Porto de 2021/22.
Com mais oito pontos que o Benfica, este poderá ser o título que vai para a Alvalade de forma mais folgada em muito tempo. Nos dois últimos êxitos, em 2020/21 e 2001/02, a vantagem para o segundo foi de cinco pontos.
Para encontrar uma margem maior do que cinco pontos é preciso ir até 1969/70, quando os leões, ainda com a vitória a valer dois pontos, venceram com oito de vantagem para o Benfica. A maior vantagem de sempre do Sporting no final da I Liga deu-se em 1950/51, quando o FC Porto ficou 11 pontos atrás.