Com chegada de mais chuva e onda de frio, Porto Alegre pede doações de cobertores a desabrigados
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Com a previsão de retorno da chuva nesta quarta-feira, 8, e uma queda acentuada na temperatura na sequência, a Prefeitura de Porto Alegre fez um apelo nas redes sociais e em coletiva de imprensa pela doação de cobertores aos atingidos pelas enchentes. A cidade está com cerca de 10 mil pessoas em cerca de 100 abrigos — parte delas vindas de municípios vizinhos, como Guaíba e Eldorado do Sul.
A formação de um ciclone extratropical na costa da Argentina vai influenciar na situação do Estado, embora se desloque rapidamente para o oceano e não passe pelo território gaúcho. A máxima na capital gaúcha está próxima dos 30ºC nesta terça-feira, 7, com previsão de queda entre a quarta e a quinta-feira, chegando a uma mínima prevista de 14ºC. Além do pedido por cobertores, há grande escassez de água potável em diversas partes do Rio Grande do Sul, dentre outras tantas necessidades.
“Chove amanhã e tem frente fria em seguida. Então, eu quero fazer aqui um apelo enorme. A dor não tem fronteira”, disse o prefeito da capital gaúcha, Sebastião Melo (MDB), durante coletiva de imprensa. “Só de Eldorado (do Sul), são 2 mil (atingidos abrigados na cidade). Não tem como não acolher: a cidade (vizinha) está completamente debaixo d’água.”
Um dos maiores símbolos de Porto Alegre, Ponte dos Açorianos (no centro) está quase submersa pela enchente Foto: Gustavo Mansur/Governo do RS
A água segue em elevação em algumas partes de Porto Alegre, especialmente nos bairros Humaitá e Vila Farrapos, na zona norte, nas proximidades da Arena do Grêmio. “É um estado de guerra”, descreveu o vice-prefeito, Ricardo Gomes. “Faço aqui um apelo por barcos, jet skis, barcos sem motor. Infelizmente, houve um aumento do nível da água na região, de ontem para hoje”, completou.
No centro, a enchente em Porto Alegre está em estabilização desde o domingo, com o Guaíba em cerca de 5,25 m, com a perspectiva de redução lenta. O máximo alcançado foi de 5,35 m, enquanto a cota de inundação é de 3 m. Segundo pesquisadores, a inundação deve persistir por mais de 10 dias na capital gaúcha.
A formação do ciclone extratropical na Argentina deve influenciar na situação do Estado, com chuva, queda acentuada da temperatura e ventanias, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). “Vai estender uma frente fria, que cruza o Rio Grande do Sul e traz a instabilidade às demais áreas do Estado”, diz comunicado.
A chuva extrema, os deslizamentos e a enchente impactaram a maior parte do Estado na última semana. Mais de 1,4 milhão de pessoas foram afetadas em ao menos 388 municípios, de acordo com balanço da Defesa Civil desta terça.
Diversos municípios estão em crise de abastecimento, necessitando de doações variadas. Os apelos mais frequentes são por água potável, diante do colapso das redes de fornecimento no Estado, desabastecimento dos comércios e bloqueios nas estradas. Mais de 330 mil pessoas estão desalojadas e desabrigadas, segundo a Defesa Civil.
O Estado está com alerta de tempestade com grande perigo para a região sul, que abrange cidades como Pelotas, Bagé e Rio Grande, principalmente o entorno da Lagoa dos Patos, que está em elevação. “Chuva superior a 60 mm/h ou maior que 100 mm/dia, ventos superiores a 100 km/h e queda de granizo. Grande risco de danos em edificações, corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de árvores, alagamentos e transtornos no transporte rodoviário”, diz alerta do instituto.
Já parte dos municípios da região da fronteira, central, sudeste e sudoeste (como Alegrete) está com alerta de perigo para tempestades. “Chuva entre 30 e 60 mm/h ou 50 e 100 mm/dia, ventos intensos (60-100 km/h), e queda de granizo. Risco de corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de árvores e de alagamentos”, diz o comunicado do Inmet.
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