Brasília em Off: O excesso de falas de Campos Neto
Roberto Campos Neto durante encontro do FMI, em abril, em Washington
(Bloomberg) — A decisão do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de falar publicamente em diversos eventos a partir da reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) em meados de abril chamou a atenção da equipe econômica. Foram 11 falas públicas em duas semanas, sendo a última delas na véspera do início do período de silêncio do Comitê de Política Monetária (Copom).
A avaliação é que Campos Neto quis dar ao mercado sinais em relação à recente mudança no guidance da política monetária, mas também quis aproveitar ao máximo a visibilidade que ainda tem como presidente do BC diante do pouco tempo de mandato que lhe resta, na visão de integrantes do time econômico. Ele deixa o cargo no final de 2024.
Se fosse somente para explicar ao mercado a sinalização de corte de juros por apenas mais uma reunião do Copom, Campos Neto poderia ter feito isso durante suas agendas no FMI. Mas até sobre o efeito da criminalidade na economia ele topou falar recentemente.
A fala na véspera do período de silêncio ainda gerou desconforto com alguns integrantes da equipe uma vez que Campos Neto falou muito sobre fiscal e aumento de gastos públicos. A entrevista ainda gerou temor de que ele pudesse dar algum sinal negativo ao mercado sem que a autoridade monetária pudesse corrigir depois.
Procurado, o Banco Central não quis comentar. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou à Bloomberg que não ficou incomodado com os comentários de Campos Neto sobre política fiscal.
Nesta sexta-feira, o dólar caiu abaixo de R$ 5,05 na mínima e os juros futuros afundaram 20 pontos com dados menores do que o previsto do mercado de trabalho nos EUA. A queda dos rendimentos dos treasuries levou a uma antecipação de aposta em corte do Federal Reserve para setembro. Melhora externa trouxe alívio a poucos dias do Copom.
O custo de emagrecer
Um senador que perdeu mais de 20 quilos com a ajuda do redutor de apetite Mounjaro está indignado com o fato de o medicamento ainda não estar à venda no Brasil, apesar de ter sido liberado pela Anvisa. Ele é vendido nos Estados Unidos por mais de US$ 1 mil. O produto é hoje uma febre no Congresso. Há parlamentares que aproveitam viagens ao exterior até para repor o estoque dos colegas.
Aéreas
Enquanto o plano de ajuda ao setor aéreo não vem, o governo discute com as companhias formas de ajudar em financiamento para manutenção de turbinas com garantia do Fundo de Garantia às Exportações (FGE). O problema é que, para a Gol, esse tipo de operação está vetada devido ao pedido de recuperação judicial feito no mercado americano. Por isso, a orientação foi que a empresa fizesse essa solicitação via Abra Group, holding que controla Gol e Avianca. A Gol não quis comentar.
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(Atualização da primeira nota com dados do mercado de sexta-feira)
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