BC deve desacelerar ritmo e mercado vê chance de voto dividido
(Bloomberg) — O Banco Central deverá desacelerar o ritmo de corte da taxa Selic para 0,25 ponto percentual nesta quarta-feira, após seis cortes consecutivos de 0,50pp, segundo a maioria dos analistas consultados pela Bloomberg.
O cenário do Copom mudou para pior, dizem os economistas, com um pano de fundo externo mais adverso pelo adiamento das apostas em corte de juros nos EUA – o que chegou a levar o dólar para acima de R$ 5,20 nas últimas semanas. Além disso, as expectativas de inflação subiram na esteira da revisão da meta fiscal.
Entre 28 analistas pesquisados pela Bloomberg, 19 esperam redução de juro de apenas 0,25pp, para 10,50%, contra nove que preveem que o BC cortará a Selic em 0,50pp, respeitando o chamado “forward guidance”, a sinalização futura do Copom, dado na reunião de março.
A curva de juros projeta redução de menos de 30 pontos-base e, na segunda-feira, as taxas futuras voltaram a subir, com o receio do impacto das chuvas no Rio Grande do Sul. O temor é de que a enchentes afetem a produção agrícola e elevem os preços dos alimentos, além de piorar o cenário fiscal, dado o gasto com ajuda federal ao estado.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, também tem chancelado a cautela do mercado. A partir de meados de abril, Campos Neto passou a citar incerteza maior com fatores como a dívida e a piora da expectativa inflacionária — mesmo com os recentes dados mais benignos de inflação.
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Economistas consideram também que a decisão pode não ser unânime, seja para um corte de 0,25pp ou 0,50pp. O BC deve remover o guidance — alterado em março para dizer que, se o cenário se confirmasse, antevia “redução de mesma magnitude na próxima reunião”.
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Veja comentários dos analistas:
Mário Mesquita, economista-chefe do Banco Itaú
BC deve cortar juro em 0,25pp e manter sinalização de dependência dos dadosPano de fundo é de maior incerteza externa, com adiamento e redução de orçamentos de cortes de juros, e doméstica, com convergência da dinâmica das contas públicas mais tardia e mais incerta
Cassiana Fernandez e Vinicius Moreira, do JPMorgan
BC deve reduzir o passoMembros do Copom reconheceram publicamente que a combinação do aperto monetário global e da redução da meta fiscal de 2025 aumenta a incerteza“Vemos chances crescentes de um voto dissidente”
Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs
BC deve se desviar de seu forward guidance e desacelerar o ritmo; Goldman não descarta um ou mais votos por redução de 0,50ppTambém há alguma probabilidade de corte de 0,50pp, com dissenso em favor de corte menor e um “comunicado hawkish”, sugerindo espaço limitado para um relaxamento monetário adicional significativo
Claudio Ferraz e equipe do BTG Pactual
“Na dúvida, vá mais devagar”, diz banco, que vê corte de 0,25pp e remoção de forward guidanceHouve aumento da incerteza externa desde o Copom anterior, especialmente sobre desinflação nos EUA
Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco
Há espaço para redução de 0,50pp, mas a comunicação do BC parece ter indicado uma preferência por um corte de 0,25pp – que é o que BC deve fazer“Um corte de 0,25pp pode até fazer sentido tático, para que o Copom ganhe tempo”
Caio Megale, economista-chefe da XP, e equipe
BC deve cortar 0,25pp e decisão pode ter dissensoCâmbio está mais depreciado, commodities subiram e mercado de trabalho está mais forte que o esperado
Tatiana Pinheiro, economista da Galapagos Capital
Mensagens de cautela com relação à economia internacional e local serão mantidas mesmo após os últimos dados nos EUA
Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter
BC deve manter do corte de 0,50pp, mas remover guidanceApesar da volatilidade maior, principalmente nos dados externos, os fundamentos da inflação no Brasil continuam melhores, mostrando desaceleração dos núcleos e serviços subjacentes
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