[Arquivo DW] Como se preparar para enchentes extremas?

Ideias vão de construções mais resistentes a cidades-esponja. Desastres recentes no mundo levantam discussões sobre como países podem se prevenir num momento em que a crise climática se agrava.

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Resgate de pessoas por barco em Canoas, após enchentes devastadoras na região

A tragédia sem precedentes no Rio Grande do Sul se segue às cheias do final do ano de 2023 e aconteceu depois que, segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB), metade da chuva prevista para todo o ano de 2024 caiu no estado nos últimos dias.

As enchentes que começaram a se espalhar no estado nos últimos dias de abril são a manifestação mais recente de situações extremas que afetaram diferentes regiões do mundo nos últimos anos.

Além das chuvas no Sul do Brasil, em particular em Santa Catarina, em 2023, enchentes causaram a morte de mais de 40 pessoas no nordeste da China após as chuvas torrenciais causadas pelo tufão Doksuri, que atingiu a capital, Pequim, e o entorno. Na Eslovênia, na Europa central, dois terços do país foram alvo de inundações, deslizamentos e o rompimento de uma barragem após precipitações intensas. Eventos severos também afetaram Áustria, Polônia, Croácia e Eslováquia no ano passado.

O verão no Hemisfério Norte também acabou sendo marcado por tempestades fatais no último ano. No início de julho, Estados Unidos, Grã-Bretanha e Espanha testemunharam chuvas sem precedentes que causaram enchentes-relâmpago, deixaram vítimas e destruíram infraestruturas em diversas regiões.

Estratégias de adaptação às mudanças climáticas

Os recordes de inundações em países como Brasil, Alemanha e Paquistão ligados ao agravamento da crise climática nos últimos anos levantam a questão de como países e comunidades podem se adaptar melhor para limitar os danos dos eventos extremos.

Cheias devastadoras no oeste europeu, especialmente no Vale do Ahr, na Alemanha, deixaram pelo menos 200 mortos. Após a tragédia, Lamia Messari-Becker, professora de engenharia civil da ​Universidade de Siegen, especializada em construção e design sustentáveis, disse à DW que era preciso falar sobre a adaptação às mudanças climáticas de forma urgente e concreta. “Agora é a hora dos engenheiros”, diz. “Precisamos de ajuda real, ideias, soluções. Não podemos confiar em processos ou procedimentos normais agora. Estamos lidando com uma situação excepcional.”

Reconstruindo melhor

Quando se trata de adaptar edifícios para resistir a enchentes, Messari-Becker traça paralelos com a arquitetura resistente a terremotos. Em tais edifícios, a profundidade da fundação, o projeto estrutural e materiais de construção são escolhidos especificamente para serem capazes de lidar com inundações extremas. Muitas casas desabadas nas regiões mais afetadas tinham centenas de anos, construídas em torno de uma estrutura de madeira incapaz de suportar massas de água.

“É exatamente assim que temos que operar aqui, quando estamos lidando com tamanha quantidade de água”, ressalta. “Precisamos reforçar os porões para que eles também possam se encher de água, e as pessoas possam chegar rapidamente à segurança. Também são importantes aqui medidas de reforço para paredes externas, para telhados.”

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Casas centenárias não foram construídas para suportar a força da enxurrada

Boris Lehmann, professor de engenharia hidráulica da Universidade Técnica de Darmstadt, lembra que medidas como válvulas de retenção em conexões de esgoto, que evitam que as enchentes voltem para as casas, e impermeabilização de janelas e portas nos níveis mais baixos dos edifícios também são essenciais.

“Nossas avaliações de danos mostram que medidas de precaução privadas podem reduzir significativamente os danos causados ​​por enchentes”, relata Annegret Thieken, professora que se concentra em pesquisas sobre riscos naturais na Universidade de Potsdam.

Ela também aponta a necessidade de se proteger elementos potencialmente destrutivos, como tanques de combustível usados ​​para aquecer casas. “O óleo combustível pode penetrar profundamente na alvenaria e também danificar prédios vizinhos”, explica. “Em casos severos, os danos do óleo podem tornar os edifícios inabitáveis. A proteção contra inundações pode evitar que os tanques de óleo subam dos porões, reduzindo os danos aos edifícios e ao meio ambiente.”

Cidades à prova de intempéries

Não é suficiente focar apenas em edifícios. As cidades e outras áreas urbanas precisam pensar em controlar a água antes que ela tenha a chance de inundar os porões, reforçando os reservatórios e represas que podem ajudar a absorver as torrentes repentinas.

As enchentes mostraram que pequenos riachos em vales estreitos, onde a água não tem muito espaço para se espalhar – como na devastada região de Ahr, ao sul de Bonn – podem se transformar em enxurradas mortais em poucas horas. Nesses lugares, segundo Messari-Becker, represas e diques precisam ser erguidos e expandidos para proteger melhor as cidades de altos níveis de água.

Ela alerta, no entanto, que isso não é barato – simplesmente ampliar um dique, por exemplo, pode custar pelo menos 1 milhão de euros (R$ 5,4 milhões) por quilômetro. “E quanto mais estreito é um vale, mais caras são essas medidas”, acrescenta. “Para proteger a infraestrutura de maneira eficaz contra esses eventos extremos, o projeto atual de nossos sistemas de gerenciamento de água e engenharia hidráulica não é suficiente – como mostram as atuais calamidades”, diz Lehmann.

Trabalhando com a natureza, e não contra ela

Devido à impossibilidade de se reformar e reforçar todas as estruturas urbanas, planejadores e engenheiros afirmam ser necessário encontrar maneiras de trabalhar com o mundo natural, em vez de tentar controlá-lo. Sempre que possível, segundo Messari-Becker, deve-se permitir que os cursos de água fluam como a natureza pretende, sem serem alterados ou retificados. “Isso concentra e acelera ainda mais os volumes de água durante uma enchente”, diz.

Em vez de se confinar os rios, os diques devem ser movidos de volta, para abrir espaço para planícies aluviais – espaços verdes abertos que podem servir como reservatórios de transbordamento durante as enchentes. Esses locais foram expandidos ao longo do rio Elba, no leste da Alemanha, após vários eventos de enchentes destrutivas no início dos anos 2000.

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Planícies aluviais do Elba foram ampliadas em Dresden após enchentes nos anos 2000

Outra abordagem é tornar as áreas urbanas mais permeáveis, para que a água seja mais facilmente absorvida em uma área mais ampla e não se concentre em pontos específicos. De acordo com a Agência Federal do Meio Ambiente da Alemanha, 45% das áreas residenciais e de tráfego da Alemanha já foram cobertas com concreto ou asfalto. Como resultado, a água não consegue penetrar naturalmente no solo, levando a sistemas de esgoto a transbordar e aumentar o risco de inundações.

A cidade de Leichlingen, a sudeste de Düsseldorf, foi atingida por inundações severas várias vezes nos últimos anos. Para aliviar o estresse na gestão da água, eles pretendem fazer uso de um novo modelo de planejamento conhecido como “cidade-esponja”.

A ideia é canalizar a água da chuva de telhados, praças e ruas para valas cobertas de grama ao lado das ruas. O excesso de água poderia então ser drenado naturalmente e adicionado ao lençol freático local, reduzindo a carga sobre a infraestrutura de gerenciamento de água. Cisternas de reserva também seriam instaladas para coletar o excesso e poderiam ser usadas para regar os espaços verdes da cidade.

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Cheia até a borda, a barragem de Steinbach, em Euskirchen, ainda está em risco

Preparando a população para o pior

Melhorar a infraestrutura e os sistemas de gerenciamento de água não adiantará muito se a população não souber como reagir diante de uma parede de água. É por isso que Lehmann, da Universidade Técnica de Darmstadt, enfatiza a necessidade de uma maior conscientização pública.

“Especialmente no caso de inundações repentinas causadas por condições meteorológicas extremas, não há apenas muita água, também há uma grande quantidade de detritos flutuantes, lixo e outras coisas se movendo com a água”, diz, acrescentando que as pessoas que entram nessas águas correm o risco de se afogar e serem esmagadas. Ele afirma que campanhas contínuas de educação são necessárias para ensinar o público como reagir em situações extremas – por exemplo, como escapar de um carro preso em uma corrente.

“‘Fuja da água e fique em segurança o mais rápido possível’ – devemos começar a ensinar essas regras de conduta já no ensino fundamental”, sublinha. “Em caso de emergência, isso pode salvar vidas.”

Em casos extremos, as pessoas terão que reconsiderar onde estão morando. Em vez de reconstruir no mesmo local, alguns podem ser forçados a ir para terras mais altas, longe de zonas de inundação potencialmente perigosas. Algumas áreas podem não ser mais sustentáveis.

“Mas se os investimentos necessários em medidas de proteção forem feitos de forma rápida e eficaz agora, pode não ser tarde demais”, diz Messari-Becker.

Autor: Martin Kuebler, Tim Schauenberg

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