“Só quem vem de famílias ricas consegue ter hoje uma carreira na música”: a revolta de Shirley Manson, dos Garbage

Em entrevista ao “NME”, a vocalista dos Garbage fala sobre a falta de apoio aos artista oriundos “das classes trabalhadoras”

Shirley Manson, dos Garbage

Em entrevista ao “NME”, Shirley Manson, vocalista dos Garbage, abordou a cena musical atual, que, na sua opinião, não permite a artistas oriundos “das classes trabalhadoras” ter sucesso. “O que tens hoje em dia são músicos que são financeiramente independentes, mas que talvez venham de famílias ricas”, lamentou.

“São esses que podem ter uma carreira na indústria da música. Tens a velha guarda, que fazia discos antes de 1995, que conseguem sobreviver. Os artistas que têm um enorme sucesso também sobrevivem. Mas perdes as bandas que estão a começar, que vêm das classes trabalhadoras, que não fazem música acessível, mas que correm riscos”.

“Consegues perceber esse lado capitalista na música de hoje. É uma treta, e parte-me o coração. Perdemos todos. O que se está a passar com os músicos mais jovens é um ultraje. O governo devia ajudá-los, porque isto não é correto, é um abuso”, rematou.

A conversa com a publicação inglesa surge a propósito da reedição de “Bleed Like Me”, álbum de 2005 dos Garbage. A vocalista admitiu “nunca ter tido uma boa relação com esse disco”, lançado numa época em que a banda passava por “vários problemas internos” e sob pressão da editora, a Interscope. “Eles não nos queriam lá”, revelou. “Compraram a nossa antiga editora, a Almo, que era independente. Ficámos retidos, sem um A&R que estivesse interessado em nós”.

“Foi bastante stressante”, continuou. “Queriam que trabalhássemos com pessoas que sentíamos não serem as certas. Como resultado da nossa resistência a isso, decidiram que estávamos a ser difíceis”.

“Bleed Like Me” conta com a colaboração de Dave Grohl, que toca bateria em ‘Bad Boyfriend’. “Ele é o maior poço de alegria que podes encontrar enquanto ser humano”, afirmou Shirley. “Era muito amigo do Butch [Vig, baterista dos Garbage e produtor de ‘Nevermind’, dos Nirvana]. Adoro-o de coração, tal qual o resto do mundo. Ele é qualquer coisa”.