Lagarde exalta queda na inflação apesar de persistência em preços de serviços

Presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, durante entrevista coletiva em Frankfurt 06/06/2024 REUTERS/Wolfgang Rattay

SINTRA, Portugal (Reuters) - A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, saudou a pequena queda na inflação no mês passado como um passo na direção certa, mesmo com dados divulgados nesta terça-feira mostrando que os preços dos serviços continuaram subindo quase duas vezes mais rápido que a inflação geral.

O BCE começou a cortar os juros no mês passado, depois de uma grande desaceleração na inflação ao longo do último ano e meio, mas não tem pressa em reduzir ainda mais os custos dos empréstimos, uma vez que o progresso a partir daqui parece ser mais lento.

A inflação nos 20 países que compartilham o euro abrandou para 2,5% em junho, ante 2,6% do mês anterior.

"Está indo na direção certa para o indicador que usamos", disse Lagarde no Fórum do BCE sobre Bancos Centrais perto de Sintra, em Portugal, após a divulgação dos dados.

Ela disse que o BCE está "muito avançado" na trajetória desinflacionária e previu que a inflação estará "na casa dos 2%" dentro de um ano, antes de atingir a meta de 2% do BCE no segundo semestre do próximo ano.

Os economistas estão examinando as tendências subjacentes dos preços para avaliar se o BCE consegue atingir esse objetivo, especialmente a inflação dos serviços, que atingiu 4,1% pelo segundo mês consecutivo em junho.

Lagarde reconheceu que a inflação dos serviços não "mexeu", dizendo que isto se deveu em grande parte ao fato de os salários terem finalmente alcançado os preços, mas argumentou que isso está sendo parcialmente compensado pela inflação mais baixa dos preços dos produtos manufaturados.

"Não precisamos ter serviços a 2% porque os bens manufaturados estão abaixo de 2% e no final das contas será um equilíbrio", disse Lagarde.

Outras autoridades, falando anonimamente à margem do evento, disseram que os dados de inflação desta terça-feira são um prego no caixão para qualquer corte em julho, sem nenhuma perspectiva de mudança até a reunião de setembro.

Os mercados financeiros esperam que o BCE reduza os juros em 12 de setembro e possivelmente novamente em 12 de dezembro.

(Por Francesco Canepa)