Cadú, o português que jogou na Roménia, é cidadão da Roménia e chegou a ser tão ídolo na Roménia que não podia beber uma cerveja descansado
A Roménia vai tentar continuar a surpreender no Euro 2024, esta terça-feira, contra os Países Baixos (17h, Sport TV1). Oito anos a viver no país enquanto representava o Cluj fizeram de Cadú um homologado cidadão romeno. Naturalizou-se face à possibilidade de representar a equipa nacional. O convite chegou-lhe através do treinador que desejava que o defesa se tornasse convocável. Adquiriu o passaporte, mas voltou atrás na ideia. Acabou por nunca jogar futebol de seleções, mas viveu outras aventuras. Colecionar a camisola de Totti ou jogar ao lado do viciado pela bola Roberto De Zerbi foram só algumas delas
Cadú, o português que jogou na Roménia, é cidadão da Roménia e chegou a ser tão ídolo na Roménia que não podia beber uma cerveja descansado
Milhares de estudantes passam temporariamente pela cidade pitoresca de Cluj-Napoca, na Transilvânia. Cadú também não ia a contar com ficar muito tempo. Foi com 25 anos para a Roménia e só saiu oito épocas depois.
Ao início não suportava o lugar. No campo de treinos, estava plantada uma relva “fraca” e com mais buracos por metro quadrado que um campo de golfe. Os jogadores exercitavam-se com uma meia de cada cor. Cadú ligava “todos os dias” ao agente a comunicar-lhe que “queria ir embora”. Não aceitava regredir nas condições que tinha no Boavista, o seu clube anterior. O que não falhava eram as aulas de romeno. Obrigado a frequentá-las, aprendeu a língua antes do Cluj, onde chegou em 2006, se apurar para a Liga dos Campeões. Os milhões foram usados para modernizar o cenário ao ponto de o defesa central decidir permanecer.
Cadú carregou a bandeira do futebol do país pelos caminhos da Europa ao conseguir vitórias em Old Trafford, contra o Manchester United, ou no Olímpico de Roma. Esteve perto de o fazer também na seleção. Teve reuniões com o treinador e responsáveis federativos, naturalizou-se, mas na hora H a Roménia falhou a qualificação para o Euro 2012 e o defesa deixou cair a ideia.
Em condições normais, o povo romeno “não tem uma grande paixão pela seleção”. Só que agora “é diferente”. O país dos Cárpatos não só se apurou para o Europeu – com ajuda de outro luso-romeno, Mário Camora – como está de volta à fase a eliminar, 24 anos depois. Nos oitavos de final, a Roménia defronta os Países Baixos em busca de igualar a melhor participação de sempre na competição, conseguida no Euro 2000. E resolvemos ir falar com o português que acabaria por ficar na Roménia durante quase uma década.
Como é que alguém nascido em Paços de Ferreira dá por si a passar oito anos na Roménia que não é o primeiro país que um jogador se lembra quando pensa em ir para fora?
Há 18 anos ainda era pior. Eu nem sabia onde ficava a Roménia. Aqui em Portugal estava num clube bom, como era o Boavista. Nunca na vida tinha pensado em poder ingressar no futebol romeno. Surgiu a oportunidade e a nível financeiro era um ótimo contrato. Decidi arriscar.
O Cluj pagou alguma coisa ao Boavista?
Pagou um milhão de euros.
Tinhas pensado em estar tanto tempo por lá?
Mesmo quando lá cheguei, as condições que tínhamos par treinar eram fracas. Estava habituado a ter tudo em Portugal. O Boavista era um clube grande. Quando cheguei lá deparei-me com campos de treino cheios de buracos, com relva fraca. Mesmo os próprios equipamentos tinham uma meia de cada cor. Nunca esperei ficar tanto tempo. Depois, aquilo foi melhorando. Era melhor no final de cada época. Ao fim de dois anos, o nível já era de Liga dos Campeões.
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