Benjamim sobre Fausto Bordalo Dias: “Perdemos um dos nossos maiores criadores de sempre”
Fez em 2015 uma versão de ‘Rosie’, e conheceu pessoalmente Fausto, falecido esta segunda-feira, num dos concertos de comemoração do 40º aniversário do álbum “Por Este Rio Acima”, em 2022. Para Benjamim, Fausto era “um dos maiores representantes de uma geração de música, de ícones, de resistência”. “É raro haver um artista em Portugal que tenha um disco tão perfeito”, afirma, referindo-se à obra de 1984, primeiro tomo da trilogia ‘Lusitana Diáspora’
Benjamim sobre Fausto Bordalo Dias: “Perdemos um dos nossos maiores criadores de sempre”
Benjamim foi um dos primeiros artistas a reagir à notícia da morte de Fausto Bordalo Dias, falecido esta segunda-feira, vítima de doença prolongada.
O músico partilhou, no Instagram, uma fotografia sua ao lado de Fausto, tirada aquando dos concertos de celebração dos 40 anos de “Por Este Rio Acima”, na Aula Magna, em 2022. Questionado pela BLITZ, é precisamente esse o álbum de Fausto que elege como o seu predileto. “É o que toda a gente vai dizer, não é?”.
“Se calhar é aquele que ele, muitas vezes, não queria tocar ao vivo. Mas acho que é difícil… O disco teve o impacto que teve”, continua. “É perfeito do início ao fim, é raro haver um artista em Portugal que tenha um disco tão perfeito, ainda por cima sendo um disco tão longo. É o disco mais incontornável dele, na minha opinião”.
No seu primeiro álbum, “Auto Rádio” (2015), Benjamim incluiu uma versão de ‘Rosie’, tema que Fausto Bordalo Dias incluiu em “Madrugada dos Trapeiros” (1977), e que foi à altura composto em parceria com António Pedro Braga. Nesse espetáculo na Aula Magna, Benjamim contou-o a Fausto. “Ele ficou muito surpreendido, e mais por eu conhecer o António Pedro Braga”, diz. “Disse que era um dos melhores amigos dele, que não o via há muitos anos. Foi um encontro breve, mas interessante”, que resultou inclusive num autógrafo de Fausto para Benjamim.
Para Benjamim, a morte de Fausto significa uma perda “gigante”. “Sobretudo simbólica”, acrescenta. “Ele não estava propriamente no ativo há algum tempo mas, logicamente, é muito dura. Sentimos que começamos a perder uma geração”.
Fausto era “um dos maiores representantes de uma geração de música, de ícones, de resistência, que tanta falta nos vão fazer, ainda mais depois das eleições de ontem, em França [que deram a vitória à extrema-direita], e com a tendência que temos de contágio para o nosso país, em tempos mais recentes", argumenta Benjamim. “Nesse sentido, também é uma perda trágica. Musicalmente, perdemos um dos nossos maiores criadores de sempre. É como quando perdemos o José Afonso".
“O Fausto é uma figura incontornável da música portuguesa. Será sempre”, remata. “Da canção, da música. Ele conseguiu aliar a música tradicional portuguesa a uma sofisticação…”