Máquina democrata culpa assessores por mau debate e Biden recebe apoio da família
Desde domingo que o presidente norte-americano e a família permanecem em Camp David, onde tentam vislumbrar como conter a ansiedade democrata após o desempenho desastroso de Joe Biden no debate com Donald Trump.
A família Biden, entre mulher, filhos e netos, permanece unida em torno do presidente e argumenta que este ainda pode mostrar ao país que continua capaz de derrotar Donald Trump e servir por mais quatro anos. Uma das dúvidas que aparentemente Biden tem discutido, relativamente ao passo seguinte na estratégia eleitoral, é se deve dar uma conferência de imprensa ou participar em entrevistas para se defender e mudar a narrativa.De acordo com a agência Associated Press, o filho, Hunter Biden, é uma das vozes mais decididas a defender que o pai deve resistir e não desistir. Fontes próximas, citadas no jornal norte-americano The New York Times, afirmam que Hunter Biden quer que os EUA “vejam a versão do pai que ele conhece – no comando dos factos – em vez do presidente envelhecido e cambaleante que os americanos viram na noite de quinta-feira”. Esta fonte alegou que “a família inteira está unida” e acrescentou “categoricamente que o presidente não estava a sair da corrida” e nunca esse assunto esteve em cima da mesa.
Negligência política
Já entre alguns apoiantes do partido paira um descontentamento evidente. Um dos exemplos vem de John Morgan, um importante doador democrata próximo de Frank Biden, irmão do presidente, que culpou publicamente os assessores que administraram os preparativos do debate Biden - Trump, apontado o dedo a Ron Klain, Anita Dunn e Bob Bauer.
“Biden está a ser enganado há muito tempo pelo valor de Anita Dunn e do marido”, escreveu Morgan na rede social X . “Eles precisam de ir… HOJE. A fraude é grosseira. Foi negligência política”.
Morgan, em entrevista, já tinha elaborado: “Seria como se colocassem um boxer, que iria lutar pelo título, numa sauna durante 15 horas e dissessem: 'Vái lutar'”. E acredita "que o debate seja apenas sobre Ron Klain, Bob Bauer e Anita Dunn”. Anita Dunn é uma conselheira sénior da Casa Branca e o marido, Bob Bauer, é advogado pessoal do presidente. Durante os ensaios do debate com Biden, Bauer interpretou o papel de Trump. Ron Klain é ex-chefe de gabinete da Casa Branca e dirigiu a preparação.
Entre as vozes discordantes destes ensaios, uma revelou à Reuters, sob anonimato: “O meu único pedido foi garantir que ele (Biden) descansasse antes do debate, pois estava exausto. Ele não estava bem”.
E acrescentou ter dito aos principais assessores de Biden, nos dias anteriores, “que foi uma péssima decisão mandá-lo assim, parecendo doente e exausto”.
Uma outra fonte conta que muitos apoiantes estavam “irritados porque Biden, que chegou para o debate em Atlanta com um bronzeado de verão, foi maquiado para parecer pálido”.
A fonte próxima da família descreve que o presidente não se tinha mostrado “chateado” e reiterava confiança em Klain, Dunn, Bauer e os outros. A primeira-dama, Jill Biden, também “não os criticava”.
Klain afirma que há 100 por cento de certeza de que o presidente vai permanecer na corrida para mais quatro anos de presidência norte-americana. E argumenta:
“Ele é a escolha dos eleitores democratas”.
“Estamos a ver níveis históricos de apoio de doadores de base. Tivemos uma noite de mau debate. Mas vence-se campanhas lutando — não desistindo — diante da adversidade”
, insistiu Klain. Embora reconheçam que o desempenho do presidente Biden foi abaixo da média, muitos democratas continuaram a apoiá-lo, como Hakeem Jeffries, da Câmara dos Representantes, que afirma que este revez "representa uma preparação para um retorno".
Joe e Jill Biden com as netas Natalie e Finnegan Biden em Burlington County, New Jersey | Elizabeth Frantz - Reuters
Esta viagem de Joe Biden para Camp David já estava em agenda há algum tempo e visa a realização de uma sessão fotográfica com Annie Leibovitz para a próxima Convenção Nacional Democrata.